tag:blogger.com,1999:blog-64140531257054115632024-02-20T07:20:10.499-03:00Pensamentos IndizíveisTextos sobre as pessoas que eu sou, que eu conheço e que eu invento.Pensamentos Indizíveishttp://www.blogger.com/profile/12972454585648893321noreply@blogger.comBlogger142125tag:blogger.com,1999:blog-6414053125705411563.post-77832892434757120972013-07-24T18:10:00.000-03:002013-07-24T18:10:00.496-03:00Cuidado comigo<br />
Cuidado comigo. Cuidado com o que você espera de mim e com o que me pede, porque você sabe que é exatamente o que eu vou entregar.<br />
Você sabe que eu vou estar sempre aqui, para o que você precisar, para o que você quiser. Mesmo que pareça estranho, e até inadequado, depois de tanta história e tanto tempo.<br />
Não me teste, porque eu sou previsível e minha resposta padrão é sim. Talvez a única parte imprevisível de mim seja meu limite, e talvez ele só seja imprevisível para mim, e só porque ainda não cheguei lá. Mas para você... <br />
Eu sei que você me testa e, mesmo sabendo, eu cedo. Talvez porque eu mesma queira testar meus limites. Claro que seria muito mais seguro se não fosse com você. Por outro lado, se não fosse com você não seria um teste eficiente. Pode ser que meu limite seja exatamente o mesmo para você e para qualquer outra criatura do mundo. No fundo, eu duvido.<br />
Só saiba que meus atos falhos são lúcidos. Que é por vontade própria que eu saio do meu plano para seguir o seu. Mesmo que seja por um certo medo infantilóide de ser excluída, ainda assim, é de forma consciente que eu sigo as regras do seu jogo.<br />
Mas não pense que por estar consciente, eu também esteja imune. Não suponha que minha lucidez elimine minha fragilidade. Eu não faço restrições, não imponho condições. Meu único pedido é que tome cuidado comigo.<br />
<div>
<br /></div>
Pensamentos Indizíveishttp://www.blogger.com/profile/12972454585648893321noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6414053125705411563.post-8238956442956860392013-07-10T18:05:00.000-03:002013-07-10T18:05:04.292-03:00Porque eu não penteio seu cabelo<br />
<br />
Ele tem um brilho tão natural e tão encantador que me hipnotiza e me faz incapaz de perturbar sua natureza. A leveza de suas mechas é a mesma que desejo para seu espírito, e que assim seja também com seu crescimento. Cresça para todos os lados, ocupe todo seu espaço, vá até onde sua cabeça permitir, mas sem perder as raízes.<br />
<br />
Desejo que essa bagunça eterna de fios e mechas e meios cachos reflita que você é muito mais essência que aparência, mas que sua essência seja linda e doce como sua aparência.<br />
<br />
Claro que cabe a mim manter a cabeleira em ordem, limpar qualquer resquício de sujeira desse mundo e deixá-la saudável, disposta a suar o quanto for preciso e preparada para alguns inevitáveis banhos de água fria.<br />
<br />
Também é meu dever aparar as pontas e cuidar para que ela expresse toda sua personalidade, mas permaneça na linha. Afinal, cabelos passam por fases rebeldes e, eu já aviso, às vezes pedem até soluções meio radicais. Mas pode ficar tranquilo, porque mesmo que eu raspe sua cabeça, vai ser com todo cuidado e todo carinho do mundo, para que a juba volte a crescer mais bonita e mais saudável.<br />
<br />
Eu acredito que cabelos são feitos para voar ao vento, para refletir a luz do sol, para passar entre os dedos e nos lembrar que são as sensações do dia a dia que fazem a vida valer a pena. Sendo assim, como eu poderia querer pentear o seu?<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<div>
<br /></div>
Pensamentos Indizíveishttp://www.blogger.com/profile/12972454585648893321noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6414053125705411563.post-56304852607329501882013-07-04T23:17:00.002-03:002013-07-04T23:17:23.199-03:00Misantropia<span id="docs-internal-guid-3872bee1-ac9e-b272-bab2-6a4f091952e3"></span><br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: white; color: #444444; font-family: Arial; font-size: 13px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Ela era muito nova quando descobriu que a convivência com outras pessoas era tão dispensável quanto irritante. Extremamente irritante. Mas demorou muito para realmente abrir mão da tortura social.<br class="kix-line-break" /><br class="kix-line-break" />Criada à base de uma educação rigorosa, desde menina foi praticamente doutrinada a sorrir e jamais, sob hipótese alguma, gerar qualquer desconforto para quem quer que estivesse conversando com ela, ainda que isso significasse sua mais profunda resignação. Mesmo na adolescência, fase das contestações e rebeldia, a omitir seu sorriso costumeiro era o mais ousado que se permitia tentar.<br class="kix-line-break" /><br class="kix-line-break" />Emanando uma calmaria quase monótona, ela era a própria imagem da palermice, onde os covardes podem treinar seus ímpetos de valentia sem medo de ter que recuar, onde os maldosos costumam extravasar seu azedume, e onde os grandes e os bons vêm apenas a graça de ingenuidade. Por outro lado, pelo lado de dentro, ela era o caos.<br class="kix-line-break" /><br class="kix-line-break" />Havia paixão em sua alma. Ela era apaixonada por ideias, por ideais, e também pela própria raiva e insatisfação que sentia com o mundo. Era apaixonada por aquele universo interno onde a ironia e o sarcasmo tinham passe livre, onde discordar era atividade corriqueira e sua verborragia silenciosa beirava a obcenidade. E conforme os anos se passavam e os fracos a espizinhavam, os maus abusavam do seu limite e os fortes e os bons sorriam complascentes supondo sua ignorância, ela se apegava cada vez mais àquela desordem, alimentava aquele tumulto íntimo e se satisfazia. E mais ainda ela se impressionava com a crescente ausência de bom senso das pessoas, e mais se deixava irritar com faltas cada vez menores, e mais ela silenciava e se forçava a sorrir, acumulando amargura. Ela não sabia fazer de outro jeito.<br class="kix-line-break" /></span><span style="background-color: transparent; color: #444444; font-family: Arial; font-size: 13px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Depois de uma vida inteira entre a tentativa de sobreviver ao caos e a mansidão a que se impunha, depois de velha e calejada, certa de que o mundo e as pessoas seriam sempre iguais, se não cada vez piores, ela decidiu se presentear com a renúncia ao ser humano. Restringiu todo seu contato com outras pessoas ao mínimo necessário para sua sobrevivência, para então poder se entregar àquele mundo de pensamentos onde realmente se sentia à vontade, onde ela encontrava sua plenitude.<br class="kix-line-break" /><br class="kix-line-break" />O que ela não sabia é que era aquele inferno mundano que alimentava seu paraíso particular. Ela tinha passado sua vida inteira construindo aquele lugar à base de insatisfação não declarada, de conformidade infligida e de desejos, de todas as espécies, reprimidos. Agora, completamente livre de toda agonia que era viver em sociedade, ela não podia nem sentir sua mente esvaziando, seu espírito murchando. E já não se reconhecia mais.</span><span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 15px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"></span></div>
Pensamentos Indizíveishttp://www.blogger.com/profile/12972454585648893321noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6414053125705411563.post-4627824250228019092013-07-01T18:00:00.001-03:002013-07-01T18:00:45.450-03:00Lembra?<br />
<br />
Fala pra mim que você estava naquele café, noite passada. Eu sei que você estava, mas quero ouvir sua voz confirmando, lembrando tudo.<br />
<br />
Você me ligou no fim da tarde, eu estava de pijama, disse que estava indo me encontrar onde combinamos e eu ri, porque quando combinamos achei que era só de brincadeira. Mas você estava indo de verdade até o café, eu podia ouvir o trânsito passando pelo seu telefone.<br />
<br />
Isso você não sabe, não pode confirmar, mas eu senti uma mistura de medo e alegria porque estávamos prestes a nos encontrar. Tanta coisa pra falar, tanta ansiedade, que eu não lembro como cheguei ali. Aliás, não consigo lembrar de ter ido àquele café antes, apesar de a dona ter me recebido bem e ter conversado comigo como se já nos conhecêssmos há anos. Quem escolheu aquele lugar? Não tem a sua cara, tem a minha, mas realmente não consigo lembrar de já ter estado ali nem de onde ele fica. Quero voltar lá qualquer hora dessas.<br />
<br />
Desculpe, preciso pedir uma coisa chata... fala de novo pra mim tudo que você disse ali na mesa, enquanto eu tomava aquele chocolate quente? Eu lembro que a gente ficou se olhando, lembro de você falar e de ouvir sua voz, lembro do som do lugar, estava tocando uma baladinha bem leve, lembro da chuva batendo na janela e do fim da tarde virando noite enquanto a gente estava ali. Lembro que do lado de fora estava frio, mas ali dentro estava bem quente. Engraçado, parecia até um outro país. Lembro que o cheiro era delicioso! Mas não consigo lembrar de uma só frase que você disse.<br />
<br />
Por favor, não pense que seja falta de atenção ou de interesse. Não! Acho que eu fiquei anestesiada com todo aquele ambiente aconchegante e por estar com você. Veja bem, eu estava em casa, de pijama, esperando minha mãe chamar para o jantar. Como eu ia imaginar que você ia querer me ver?<br />
<br />
Enfim, fico tentando rememorar cada detalhe, cada sentimento, e tudo está muito vivo na minha cabeça, só o que você disse que me foge completamente à memória, e isso está me matando e curiosidade. E isso é estranho, porque eu sempre sei o que você disse, mesmo quando estava em silêncio. Como posso não ter gravado nenhuma palavra? Não faz sentido!<br />
<br />
Aliás, pensando racionalmente, não faz sentido você me procurar e querer conversar comigo, num fim de tarde, num café. E não faz absolutamente nenhum sentido o cara que trabalha comigo aparecer de repente e sentar na nossa mesa. Vocês nem se conhecem!<br />
<br />
A menos que eu estivesse sonhando... mas não. Eu fui àquele café, eu tomei aquele chocolate quente cremoso olhando nos seus olhos enquanto a chuva batia na janela aumentando o frio lá de fora e deixando o calor lá de dentro mais confortável. Eu senti o timbre da sua voz no meu ouvido, não importa que eu não lembre de nenhuma palavra, eu sei que elas foram ditas. E sei que foi uma conversa boa, porque nós dois sorríamos. Nao foi? Você também lembra? Você também gostou de me ver?<br />
<br />
Eu estava sonhando? Não, eu me recuso a acreditar que eu estava sonhando. Mesmo com as falhas de memória e de sentido, tudo aquilo aconteceu. Não aconteceu? Você não me ligou? Não sorriu pra mim? Não gosta de mim ainda? Foi tudo vivo demais pra ter sido sonho. A menos que você tenha sonhado tudo isso também. Você sonhou?<br />
Pensamentos Indizíveishttp://www.blogger.com/profile/12972454585648893321noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6414053125705411563.post-79816161973062316152013-06-25T20:09:00.000-03:002013-06-25T20:11:00.136-03:00A experiência<br />
<br />
Quais verdades íntimas uma pessoa pode esconder e até onde ela iria para mantê-las protegidas?<br />
<br />
Para fazer o experimento, o grupo de cientistas precisava escolher a dedo sua cobaia. Em tempos de auto-exposição desmedida, não podia ser alguém digitalmente recluso, senão ficaria impossível descobrir o que de fato era um segredo e o que era apenas resquício de uma pseudoprivacidade daquilo que não está disponível ao mundo, mas que pode ser amplamente discutido em qualquer salão de beleza.<br />
<br />
Também não poderia ser alguém público nem famoso, que já tivesse a vida devassada pela mídia, paparazzi e fãs, pois essas são pessoas testadas ao limite continuamente, e que às vezes até se valem da nudez da própria alma.<br />
<br />
Então eles escolheram o cara a dedo. O cara tinha perfil e era bem ativo em redes sociais, e, ao vivo, parecia gostar de conversar sobre os mais diversos assuntos, com opiniões e reflexões, mas nunca de forma contundente. Tinha um número razoável de amigos e dificilmente entrava em conflitos. Parecia sempre se desculpar ou se omitir quando discordava do que era tratado. Isso aparentava um imenso potencial de segredos guardados. Quem faz tanta questão de estar bem com todo mundo? Por quê? E o que ele varria pra debaixo do tapete quando omitia seu ponto de vista destoante? O cara era a cobaia perfeita!<br />
<br />
Começaram o experimento como manda a cartilha: ficaram amigos do cara. Forçaram uma intimidade a que ele cedeu sem muitas restrições, porque simplesmente não via maldade em ninguém. Era contra seus princípios desconfiar de alguém que nunca tenha dado motivos. E, como amigos, eles perguntaram tudo que podiam pro cara, em tom de curiosidade, embebedaram o cara e falaram dos assuntos mais cabeludos durante sua embiraguez, pediram conselhos, afinal, todos damos conselhos baseados em nossas próprias experiências. Falaram de esporte, de ideologias, de política, de religião, de briga de bar, de trabalho, de mulheres, de projetos, de conhecimento, de vitórias e de derrotas. Mas tudo que conseguiram foi um detalhe ou outro do que eles já sabiam, do que o cara falava e do que eles viam o cara viver.<br />
<br />
O time de cientistas, em princípio, formado apenas por homens, já estava desanimado quando uma bela estudiosa do comportamento humano entrou para a equipe e se dispôs a interagir mais intimamente com a cobaia. Munida de todos os aparatos para garantir seu sucesso, ela deu início a um relacionamento com o cara. Falou com ele de amor, de família, de educação, de infância, de relacionamentos antigos, do futuro, de filhos, de filmes, de essência, de desejo, de sabedoria, da vida. Ela aproveitou de todos os momentos particulares, carinhosos e até viscerais para tentar descobrir qualquer segredo, fosse um medo, fosse uma vergonha, fosse uma tara. Qualquer coisa escondida ali entre um instinto e o alicerce de sua formação. Nada. Ela já havia estudado o caso antes de iniciar o contato com o cara, e ele fazia absolutamente tudo exatamente como ela esperava, de acordo com o que havia analisado antes de ir a campo, e isso significava que a experiência estava fracassando, afinal, o objetivo era descobrir o que não era possível saber só à base de observação.<br />
<br />
Então, num ímpeto desesperado para salvar seu experimento e seu orgulho, a equipe de cientistas usou seu último recurso: o grande amor mal resolvido do cara.<br />
<br />
Enfiaram dedos com unhas compridas em suas feridas para depois oferecer a chance de consertar o que quer que tenha ficado no ar, desfilaram as melhores e as piores lembranças, desenterraram palavras, cheiros, sensações, testaram toda a sua raiva e tentaram todo o seu desejo. Mas a cobaia continuava se comportando dentro do padrão, sem revelar absolutamente nada de novo.<br />
<br />
Os cientistas finalmente chegaram à conclusão de que aquele era o cara errado. Ele certamente vivia de acordo com o que pensava e sentia. E foram embora.<br />
<br />
O cara, por sua vez, que até então pensava e sentia de acordo com o que vivia, experimentava agora a sensação de não ter vida suficiente para tudo que havia dentro dele.Pensamentos Indizíveishttp://www.blogger.com/profile/12972454585648893321noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6414053125705411563.post-76870669679505373552013-06-25T17:47:00.003-03:002013-06-25T17:47:58.346-03:00O psicopata e a bipolar<br />
<br />
Ele não tem sentimentos.<br />
Ela é autossuficiente. E carente.<br />
Ele é esperto.<br />
Ela é estudada. E burra.<br />
Ele é manipulador.<br />
Ela é visionária. E cega.<br />
Ele é fagulha.<br />
Ela é fogueira. E lenha.<br />
Ele sussurra.<br />
Ela ouve. E grita.<br />
Ele arquiteta.<br />
Ela pensa que pensa. E tem certeza.<br />
Ele quer ser.<br />
Ela é. Mas não sabe o que é.<br />
Ele é adolescente.<br />
Ela é adulta. E infantil.<br />
Ele é imoral.<br />
Ela é transparente. E suja.<br />
Ele disfarça bem.<br />
Ela disfarça melhor. Mas se entrega por menos.<br />
Ele é traído pelo instinto.<br />
Ela trai princípios. E atrai imprudência.<br />
Eles se completam.<br />
Vivem juntos. Ajem juntos. Comemoram juntos.<br />
E vão se foder juntos no final.<br />
<div>
<br /></div>
Pensamentos Indizíveishttp://www.blogger.com/profile/12972454585648893321noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6414053125705411563.post-17399458793385499472013-01-15T18:39:00.007-02:002013-01-15T18:39:59.353-02:00A virtude da Maria Sem-Vergonha <br />
<div class="MsoNormalCxSpFirst">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Enquanto a Rosa foi escolhida para simbolizar a
beleza e a orquídea, para representar a elegância, a Maria Sem-Vergonha com sua
despretensão se espalha pelas sarjetas da cidade e provavelmente nunca será
tema de música.</span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Em vez de se guardar e desabrochar apenas em
grandes eventos ou ocasiões especiais, ela se oferece o ano inteiro para
qualquer um.</span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Sem nenhuma ostentação nem opulência, ela se
presta a enfeitar as ruas mais cinzas e os becos mais isolados, colorindo a
vista de quem anda cabisbaixo.</span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Sua completa ausência de timidez permite que a
Maria Sem-Vergonha tome para si o lugar que bem entender, sem nem pedir
licença, e sua delicadeza garante que isso ainda arranque sorrisos dos que a observam.</span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Como ninguém quer uma sem-vergonha, essa Maria
goza da mais pura liberdade longe dos vasos. E, apesar do peso que a autonomia
representa, ela consegue manter sua leveza, continuar florindo, mesmo depois
das tempestades, e estar sempre na companhia de gentis borboletas amarelas.</span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Enquanto o mundo se ocupa em valorizar o belo, o
raro, o exclusivo, a Maria Sem-Vergonha é uma verdadeira ode à simplicidade.</span></div>
Pensamentos Indizíveishttp://www.blogger.com/profile/12972454585648893321noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6414053125705411563.post-60000436379992660982012-04-09T13:31:00.002-03:002012-04-09T13:31:45.214-03:00O que é o amor<b><span style="font-weight: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span></span></b><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b id="internal-source-marker_0.5440366512630135"><span style="font-weight: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Quinta-feira, véspera de Sexta-feira Santa. Como íamos viajar à noite, fui ao supermercado comprar itens obrigatórios para a mala e que nunca temos em casa, com protetor solar e fralda de piscina para o filhote. E o ovo de Páscoa do maridão, claro.</span><br />
<span style="font-weight: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"></span><br />
<span style="font-weight: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Estacionamento lotado, seção de ovos de Páscoa mais lotada ainda! Um empurra-empurra de clientes de braços levantados tentando ver se o chocolate escolhido estava realmente inteiro, misturados com funcionários tentando distribuir todo estoque de ovos do mundo em ritmo frenético, todos cercados de carrinhos e crianças por todos os lados. E eu ali no meio, procurando um ovo gostoso, com embalagem bonita, para presentear meu marido. Ele merece!</span><br />
<span style="font-weight: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"></span><br />
<span style="font-weight: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Escolhido o doce, vem a fila quilométrica a ser enfrentada. Enfrentada a fila, o sol escaldante, que nos deixa animados para a praia do fim de semana, desafia o chocolate a permanecer na forma de ovo dentro do carro sem ar-condicionado.</span><br />
<span style="font-weight: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"></span><br />
<span style="font-weight: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Antes que alguém chegasse em casa, abri a geladeira e escondi o ovo na gaveta da parte de baixo da geladeira, porque aqui em casa ela é relegada ao mais profundo esquecimento, e também porque ali o chocolate não derreteria até domingo à noite, quando estaríamos de volta e eu surpreenderia meu marido com seu presente.</span><br />
<span style="font-weight: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"></span><br />
<span style="font-weight: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Tudo planejado, era só agir naturalmente para que ele não desconfiasse de nada - isso pode até parecer bobo para a humanidade, mas, para mim, não entregar minhas próprias surpresas é um esforço sobrenatural!</span><br />
<span style="font-weight: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"></span><br />
<span style="font-weight: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">A quinta seguiu normal: como eu fiquei com o carro, fui pegar o marido no trabalho, depois pegamos o filhote na escola e chegamos em casa com nenê, mochila e algumas compras de última hora para descer do carro antes de nos arrumarmos para viajar. Nessa hora, vejo um ovo de Páscoa, igualzinho ao que eu comprei para ele, meio que escondido debaixo do banco. </span><br />
<span style="font-weight: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"></span><br />
<span style="font-weight: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Percebendo que minha localização poderia estragar sua surpresa, em tom nervoso, meu marido pede para eu ir chamar o elevador que ele pega o que estiver no carro. Claro que fingi não ter visto o ovo. Com ar de desentendida, fui chamar o elevador com um sorriso secreto, contente pela surpresa que me aguardava e orgulhosa de não ter demonstrado que a havia visto.</span><br />
<span style="font-weight: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"></span><br />
<span style="font-weight: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Tinha um sentimento de satisfação naquela brincadeira de esconde-esconde. Da mesma forma que eu tinha procurado o ovo mais gostoso e mais bonito para presenteá-lo, e planejado fazer surpresa, escondendo o chocolate, ele também havia feito isso. E eu não ia estragar a surpresa dele. Isso era uma questão de respeito, de carinho, deixá-lo seguir seu plano exatamente como ele queria era uma prova de amor.</span><br />
<span style="font-weight: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"></span><br />
<span style="font-weight: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Então fomos viajar. Passamos os três dias na praia e voltamos no fim da tarde do domingo. </span><br />
<span style="font-weight: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"></span><br />
<span style="font-weight: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Depois de trânsito lento, chuva, paradas para trocas de fralda e papinhas, chegamos em casa à noite. Depois de banho no pequeno, arrumação de berço, mamadeira, desarrumação de malas, finalmente ele vai para o quarto por um minuto, tempo de eu correr para a esquecida gaveta da geladeira para pegar o ovo que comprei e presentá-lo.</span><br />
<span style="font-weight: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"></span><br />
<span style="font-weight: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Então, eis minha surpresa: aquele ovo que vi no carro, igualzinho ao que eu havia comprado, estava deitadinho ali na gaveta também. Os dois ovos, iguaizinhos, do mesmo tamanho, com a mesma embalagem.</span><br />
<span style="font-weight: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"></span><br />
<span style="font-weight: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Não pude conter o sorriso. Mais do que procurar o ovo perfeito, gostoso e bonito, como forma de me agradar, assim como eu fiz para ele, meu marido também já sabia o que o aguardava e também se fez de desentendido, com respeito e carinho, me deixando seguir meu plano exatamente como eu queria.</span><br />
<span style="font-weight: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"></span><br />
<span style="font-weight: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Depois de um abraço longo e silencioso, com sorrisos de cumplicidade absoluta, abrimos um dos ovos e adoçamos um pouco mais nossa vida.</span></b> </span><br />
<b><span style="font-weight: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span></span></b><br />
<b><span style="font-family: Arial; font-weight: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br />
<span style="font-size: 15px;"> </span></span></b>Pensamentos Indizíveishttp://www.blogger.com/profile/12972454585648893321noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6414053125705411563.post-24681424230768703102012-02-16T15:10:00.002-02:002012-02-16T15:10:36.531-02:00Meu Réveillon<b id="internal-source-marker_0.884166284231469"><span style="font-family: Arial; font-weight: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Como eu sempre digo, aniversário é um réveillon particular. É quando um ano da sua vida se encerra e outro começa com a mesma expectativa de que tudo vai dar certo, com direito a lista de intenções e até promessas, com toda aquela euforia que só a passagem do 31 de dezembro ao primeiro de janeiro traz para aquele lugar entre o coração e o estômago. A diferença, claro, é que quando fazemos aniversário o resto do mundo não está anestesiado por essa mesma sensação do réveillon, e por isso a gente fica diferente, acorda diferente, o olho brilha diferente. O dia é só nosso. E é perfeito por isso.</span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"></span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Amanhã é o meu réveillon particular. E como um bom réveillon que se preze, ele não dá a menor bola para qualquer coisa que não seja felicidade, alegria, esperança e comemoração, porque, graças a Deus, eu tenho muito o que comemorar!</span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"></span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Tenho que comemorar um marido maravilhoso que é muito mais que um marido. É meu cúmplice, meu confidente, meu porto seguro e a razão para eu querer ser sempre uma pessoa melhor. E também o melhor pai que meu filho poderia ter.</span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"></span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Sem dúvida, meu filho é o motivo mais fofo da minha comemoração. Sua carinha linda, suas perninhas gordinhas começando a andar, a risada mais gostosa que já ouvi em toda a minha vida... E olhar para ele e pensar “fui eu que fiz” é simplesmente mágico.</span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"></span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Meus pais são mais que motivo de comemoração. São motivo de orgulho, de admiração. Meus guias, os primeiros autores do livro da minha vida. Quando eu falo de ser uma pessoa melhor, quero dizer chegar mais perto do que eles são.</span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"></span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Minha irmã que é muito mais que irmã de sangue. É irmã de alma. Minha única igual no mundo, para quem contar para absolutamente tudo e ter a certeza de ser compreendida, afinal, só nós duas compartilhamos a mesma educação, a mesma casa, os mesmos pais, o mesmo cachorro, as mesmas brigas, as mesmas lembranças.</span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"></span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Tenho que comemorar meu amigos, que são os melhores do mundo, que entendem e perdoam minha ausência e que me fazem sentir que minha presença é especial.</span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"></span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">E todas as conquistas que realizei no ano dos meus 30 anos também merecem um brinde. Um brinde à minha voz, que se manteve firme aos meus princípios. Um brinde à minha mente que, ao contrário do meu corpo, voltou a se exercitar e anda estudando bastante. Um brinde aos quilos que deixei para trás e aos hábitos a quem dei boas-vindas. À faxina, que havia muito eu precisava fazer, na casa, nas caixas, nos e-mails e no coração.</span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"></span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Também preciso brindar minha imperfeição, porque ela significa que o caminho ainda não acabou. Minhas falhas e frustrações, porque eles garantiram aprendizado. Comemorar uma lista imensa de coisas que ainda não consegui fazer, porque isso significa que meus sonhos ainda estão aí, esperando para se realizar, afinal, que graça teria não ter mais nada para correr atrás. </span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"></span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Preciso comemorar as deliciosas escapadas do regime, mesmo quando elas me levaram à gula. Toda a preguiça que eu aproveitei bem. E toda a minha dedicação às coisas me trazem orgulho. E a luxúria à que me entreguei. E todos os pecados que eu tive a oportunidade de cometer sem culpa, porque agora não é hora de confessar, é hora de comemorar.</span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"></span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Amanhã é dia de ano novo pra mim. 10, 9, 8, 7...</span></b> <br />
<b><span style="font-family: Arial; font-size: 15px; font-weight: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br />
</span></b>Pensamentos Indizíveishttp://www.blogger.com/profile/12972454585648893321noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6414053125705411563.post-1600776389261638082012-02-06T12:16:00.001-02:002012-02-06T12:16:25.425-02:00Sobre imagens e palavras<div><b><span style="font-family: Arial; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-size: x-small;"><br />
</span> </span></b></div><div><b id="internal-source-marker_0.667028718162328"><span style="font-family: Arial; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Uma imagem vale mais que mil palavras. E uma palavra, quanto vale? Eu respondo. Uma palavra, meu amigo, tem o mesmo valor do seu cérebro, da sua imaginação, do seu repertório, da sua bagagem.</span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"></span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Diante de uma imagem, é natural que você pense em algumas palavras, mesmo que inconscientemente, porque é assim que nós pensamos. Uma imagem pode levar nossa mente a muito mais que mil palavras, sem dúvida. </span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"></span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Uma foto de um parto, por exemplo, leva a mente de cada um, imediatamente, os mais diversos tipos de palavras, de “milagre” a “nojento”, dependendo de quem você é, de como encara as coisas. </span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"></span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Uma palavra também pode levar nossa mente a milhares de imagens. Se eu disser “elefante” para você, que imagem vem à sua mente? Um animal imenso numa savana na África? Ou o Golias do Meu Amigãozão? Talvez aquele seu amigo gordinho que você não deixa em paz? Ou aquele passeio no zoológico que você fez com a escola quando tinha 5 anos, em que você passou o dia todo de mãos dadas com a menina mais bonita da escola porque ela era a sua namorada? Ou talvez você não pense em imagem nenhuma, mas comece a cantar imediatamente “um elefante incomoda muito a gente...”</span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"></span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Uma palavra é muito mais que semântica e definições de dicionários. Palavras têm cargas emocionais muito fortes, carregam com suas letras lembranças, pessoas, músicas, sentimentos, sabores, cheiros e imagens.</span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"></span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Claro que uma imagem também pode levar você a algum lugar especial do seu coração, que faça você lembrar de alguém, sentir um cheiro, juntar água na boca, ter vontade de chorar. Mas o é fato que você vai usar palavras para aquela imagem, simplesmente porque o ser humano precisar nomear aquilo que vê, que sente. E só pode fazer isso com palavras.</span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"></span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Então, me faz um favor? Pare de comparar palavras com imagens e seus valores, porque o que tem valor de verdade, o que importa mesmo, é que minhas palavras podem dar qualquer significado às suas imagens, assim como suas imagens podem mudar o sentido das minhas palavras. E vice-versa.</span></b></div>Pensamentos Indizíveishttp://www.blogger.com/profile/12972454585648893321noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6414053125705411563.post-67982066070945799462012-01-27T11:18:00.001-02:002012-02-06T12:17:02.510-02:00Obrigada<div><b id="internal-source-marker_0.9575606626458466"><span style="font-family: Arial; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Obrigada por tudo.</span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"></span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Por estar sempre comigo, saber de tudo que acontece em minha vida e não me julgar. Obrigada, principalmente, pelo seu silêncio quando confesso meus pensamentos mais obscuros.</span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"></span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Obrigada por me ajudar a por tudo pra fora, a organizar meus pensamentos e por mostrar para mim a real dimensão dos meus problemas.</span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"></span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Você tem sido perfeito. Sem você, eu não teria conseguido nem colocar minhas contas em dia, imagina então minha vida! Aliás, eu não consigo pensar na minha vida sem você.</span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"></span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Eu sei que às vezes abuso da sua boa vontade, e que você pode achar que eu só te uso e depois jogo fora. Não pense assim. Tudo que nós vivemos juntos vai ficar para sempre na minha memória. Algumas coisas eu até queria esquecer, mas, além de meu confidente, você é uma espécie de arquivo... depois que exponho para você qualquer coisa, ela parece que fica gravada em mim.</span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"></span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Obrigada por aguentar minhas histórias repetidamente, incansavelmente. Again, and again, and again, and again. E por suportar algumas gafes terríveis, eu confesso, e me dar a oportunidade de apagar tudo e começar de novo. E por permanecer ali, totalmente à minha disposição, enquanto eu penso no que falar, mesmo que isso demore o dia todo e a gente fique só olhando um para a cara do outro. E pelos momentos de mau humor. Sei que às vezes passo dos limites e peso a mão. E você continua ali comigo.</span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"></span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Mas, fala a verdade, eu também tenho meus bons momentos. Tem hora que eu sinto até um certo orgulho de algumas coisas que divido com você. Claro, você é fundamental nisso, juntando informações para me ajudar, me lembrando de algumas coisas, e me dando espaço total para eu ser quem eu quiser. Nessas horas... ah! A gente forma uma bela dupla, hein!</span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"></span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Ai, papel, o que seria de mim sem você?</span><br />
<span style="font-family: Arial; font-size: 15px; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"></span><br />
<span style="font-family: Arial; font-size: 15px; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"></span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-size: x-small;"><i>PS: esse agradecimento também é válido para o “papel do word” em que eu digito!</i></span></span></b></div><div><b><span style="font-family: Arial; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-size: x-small;"><i><br />
</i></span></span></b></div>Pensamentos Indizíveishttp://www.blogger.com/profile/12972454585648893321noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6414053125705411563.post-2494367497856550732012-01-26T13:11:00.001-02:002012-02-06T12:17:30.707-02:00Sobre escolhas e prioridades<div><b id="internal-source-marker_0.44250101246871054"><span style="font-family: Arial; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">A vida é feita de escolhas. Talvez esse seja o maior clichê da face da Terra. Mas, pelo que vejo, essa frase tem sido muito mais falada do que entendida por aí.</span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"></span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Casar ou comprar uma bicicleta? Fazer Letras ou Medicina? Comprar um carro ou viajar pelo mundo? Alguns momentos, normalmente aqueles em que tomamos uma decisão que vai mudar nossa vida, deixam clara essa questão das escolhas. O fato é que não é só nesses grandes momentos que fazemos nossas escolhas. Aliás, as grandes escolhas de verdade são aquelas do dia a dia, aquelas que não envolvem sonhos - porque, no fundo, esses tais momentos que deixam clara essa questão da escolha, têm mais a ver com realização de sonhos, são resultado de tudo que pensamos e desejamos ao longo da vida.</span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"></span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">As escolhas de verdade, aquelas que mostram quem você é e, paradoxalmente, definem quem vocês é, são aquelas que fazemos sem ter tempo de sonhar, aquelas que nunca pensamos que teríamos que fazer. E exatamente pela natureza imprevisível destas questões é que elas revelam e definem quem somos, porque a única forma de fazer essas escolhas é seguir nosso instinto, que faz valer nossas prioridades.</span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"></span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Não existe certo ou errado. Existe você, suas prioridades e suas escolhas. Sim, você é responsável por essas escolhas. Mesmo quando decide não escolher e deixar que a situação se resolva sozinha, você está escolhendo não tomar nenhuma atitude. E, normalmente, quando é assim, você até já sabe onde tudo vai dar, mas a verdade é que você não quer assumir que escolheu efetivamente aquele caminho ou aquele resultado, e sempre vai ter a muleta do “eu não pude fazer nada”, “eu não tive escolha”.</span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"></span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Sim, você teve escolha. Mas talvez você ache que sua prioridade não seja assim tão louvável. Não é culpa sua. Talvez as pessoas, a sociedade, o mundo, ou você mesmo, esperem coisas maiores de você, e se revelar extremamente humano poda causar algum desconforto, vergonha, ou medo de ser julgado. </span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"></span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Talvez suas prioridades só sejam um pouco diferentes das que as pessoas costumam ter. Ou talvez sejam as mesmas que as pessoas preferem esconder que também têm. Talvez seu emprego seja mais importante que sua saúde, seus amigos sejam mais importantes que seu chefe, o amor da sua vida seja mais importante que sua família, talvez sua consciência importe mais que sua conta bancária, talvez sua imagem importe mais que seu saldo. Ou vice-versa. Quem sabe?</span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"></span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">A vida, a história, as experiências e expectativas são suas. Você escolheu. Infle o peito, sim, e conte para quem quiser ouvir aquelas escolhas que fizeram você sentir orgulho de si mesmo. Ou junte todas e escreva um livro. Transforme essas escolhas em exemplos, faça com que os velhos admirem e os jovens queiram ser como você.</span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"></span><br />
<span style="font-family: Arial; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">E quanto àquelas escolhas que você fez e que não são exatamente motivo de orgulho, quanto àquelas que você deixou de fazer por medo, vergonha ou preguiça de pensar, e ainda quanto àquelas escolhas que você deixou que outra pessoa fizesse por você, através das prioridades dela... assuma que todas elas foram, sim, escolhas suas. Não precisa ser para quem quiser ouvir, nem num livro. Mas tenha consciência, por mais difícil e doloroso e vergonhoso que possa ser, de que foi você, sim, o responsável por elas. E tente dormir em paz com isso.</span></b></div><div><b><span style="font-family: Arial; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br />
<span style="font-size: 15px;"> </span></span></b></div>Pensamentos Indizíveishttp://www.blogger.com/profile/12972454585648893321noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6414053125705411563.post-68507306655289994362012-01-23T13:54:00.002-02:002012-02-06T12:17:47.545-02:00Entrelinhas<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="font-family: Arial, sans-serif;">Enquanto ela falava, eu ficava ali pensando se ela sabia que eu sabia que era tudo mentira.</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif;"><br />
</span><span style="font-family: Arial, sans-serif;">Não que eu não estivesse ouvindo. Eu estava. Cada palavra. E usando cada palavra para tentar desvendar esse mistério: será que ela sabia?</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif;"><br />
<br />
</span><span style="font-family: Arial, sans-serif;">Eu sabia que tudo estava para terminar, nossa relação já estava desgastada. Eu já estava cansado de ceder e ela ainda não estava pronta para começar. Mas a questão não era o que eu sabia. Para mim tudo estava claro e, mesmo com o fim, tranquilo. Só essa curiosidade que ficava ali cutucando meu cérebro enquanto ela sorria um sorriso de satisfação.</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif;"><br />
<br />
</span><span style="font-family: Arial, sans-serif;">Será que ela sabia que nós dois estávamos ali mentindo um para o outro? Não que fosse preciso, tudo já tinha terminado, não tinha mais volta. Se um dos dois quisesse, aquela era a hora de falar tudo que estava engasgado, de lavar roupa suja, de jogar na cara. Mas não foi assim. E eu podia até falar que era por respeito a tudo que a gente viveu junto, afinal, foram anos, mas o que existia entre a gente, nos últimos tempos, era pura aparência. Um suportava o outro enquanto ninguém achava um motivo minimamente justificável para por fim àquilo tudo. </span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif;"><br />
<br />
</span><span style="font-family: Arial, sans-serif;">Enquanto nenhum dos dois encontrava uma razão, ou não perdia a razão e terminava tudo, como os dois queriam, o que eles tinham se resumia a uma convivência tão pacífica quanto um acordo de cavalheiros do velho oeste, mas funcionava. Cada um fazia o que tinha que fazer e todo mundo em volta achava que estava tudo bem. Simples assim. E isso não é exatamente o que se pode chamar de respeito.</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif;"><br />
<br />
</span><span style="font-family: Arial, sans-serif;">Mas, enfim, ela resolveu dar o primeiro passo. Honestamente, não sei se por medo, insegurança, ou se já tinha arrumado alguém para o meu lugar - o que, modéstia à parte, acho improvável. O fato é que ela resolveu dar cabo dessa relação que já estava aos trapos. </span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif;"><br />
<br />
</span><span style="font-family: Arial, sans-serif;">Assim, como que numa inércia do que vinha sendo há alguns meses - talvez anos, quem sabe? - ela me disse adeus sorrindo. Ou será que não era inércia, e sim o primeiro sorriso sincero que eu recebia dela em muito tempo? Era essa a questão. Será que ela sabia que tudo aquilo era mentira? Será que ela sabia que EU sabia que era mentira? <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="font-family: Arial, sans-serif;">Sei que ela andou dizendo poucas e boas por aí. Sei que colocou algumas palavras em minha boca. Sei que sua versão da história foi a mais contada e não me importei muito em mostrar a minha. O tempo se encarrega de mostrar a verdade, eu tenho paciência para esperar e não tenho medo do que pode ser revelado. </span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif;"><br />
<br />
</span><span style="font-family: Arial, sans-serif;">Ela sempre teve uma imagem impecável, daquela que todos querem ser quando crescer, mesmo os mais crescidos. E só com muito tempo e muito cuidado é que alguns percebem essa face que ela trabalha arduamente para esconder e, com sucesso, consegue, tenho que reconhecer. Eu, honestamente, ainda não sei dizer se esse lado obscuro tem consciência de sua existência e é assim por opção, ou se a insanidade é tão grande que ela criou um mundo paralelo a este e vive nos dois, sem saber distingui-los.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="font-family: Arial, sans-serif;">Se ela tem tanto trabalho para escolher cada palavra de cada um de seus discursos, eu só posso chegar à conclusão de que ela tem consciência, sim, desta sua faceta não tão louvável. Mas sua atuação é tão perfeita que me deixa em dúvida se é atuação realmente. Então penso que ela é assim mesmo e a única explicação plausível é a vida dupla que ela leva neste e naquele mundo imaginário que ela criou. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="font-family: Arial, sans-serif;">O fato é que, nas entrelinhas daquele sorriso final, minha pergunta vai ficar sem resposta: ela sabe que ela mesma está mentindo? <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;"><br />
</div>Pensamentos Indizíveishttp://www.blogger.com/profile/12972454585648893321noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6414053125705411563.post-28268678263039228642011-10-13T09:55:00.003-03:002011-10-13T09:56:09.596-03:00Briga<span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Elas estavam mais do que com raiva. Elas estavam putas mesmo.</span><br />
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Uma parou bem de frente com a outra, as duas respirando alto, olhando no olho. Até que a primeira frase saiu:<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Você fez de novo! De novo!<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Eu sei...<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Sabe mesmo! Tanto sabe que já tinha prometido não cair na mesma besteira. Pensa que eu não lembro como foi da última vez? Você lá, arrependida, se sentindo idiota, sem conseguir entender como não tinha visto no que tudo aquilo ia dar. Suas atitudes, suas palavras, seu tom de voz... <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Não foi assim. Eu fiz o que tinha que ser feito. Alguém precisava falar. E eu não estava mais aguentando! Eu tinha que fazer. E dessa vez eu achei que ia ser diferente.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Ah! Você achou que ia ser diferente? Por que seria diferente justo dessa vez, se todas as outras vezes foram exatamente iguais? O que você achou que ia mudar?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A raiva ia aumentando. O rosto das duas ia ficando cada vez mais vermelho.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Eu sou a única pessoa no mundo que entende você, que enxerga a mesma coisa que você. Você sabe disso. Então você não devia falar assim comigo, devia tentar me entender melhor, ver que eu fiz o que achava melhor.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Mas você devia pensar antes de sair dizendo as coisas.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Eu pensei! Claro que eu pensei. Eu já tinha pensado em tudo um milhão de vezes, já estava cansada de pensar, pensar, pensar.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Pensar, pensar... Pensou tudo errado, de novo. Pensou igual você pensou das outras vezes, e aí deu tudo errado, igual deu das outras vezes. Você mesmo fala que errar é humano e que insistir no erro é burrice... Você é insistente, hein!<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Não fala assim comigo. Você sabe que eu não sou burra! <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- É mesmo. Você não é burra, é ingênua! Como pode? - Nossa, que raiva! - Não consigo me conformar com a sua estupidez. Não entra na minha cabeça você insistir em achar que as coisas vão mudar, que as pessoas vão pensar como você, que existe jeito pra esse mundo. Não tem jeito! NÃO TEM!<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O grito abriu caminho para as lágrimas que ela fazia força para não deixar escorrer.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Idiota, é isso que você é. Você acha que pensa, acha que sabe o que vai fazer, acha que pode prever as reações das pessoas, acha isso, acha aquilo, e se perde no meio do caminho. E pior: me deixa assim.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Te deixo assim? E eu? Como você acha que eu fico? Eu me torturo o tempo todo passando e repassando toda conversa que tivemos, cada palavra que eu disse e ouvi, cada gesto. É uma tortura isso, sabia? Fico me perguntando se eu não devia ter falado mais. Ou talvez menos. Ou ter dado uma resposta diferente. Aliás, já pensei em um milhão de formas diferentes de falar e de não falar, de fazer e de não fazer, tudo que eu já falei, fiz e deixei de falar e de fazer.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Silêncio. A raiva ia se transformando em decepção, frustração, mantendo a vermelhidão no rosto. As sobrancelhas, a boca e as bochechas iam caindo, como se sentissem vergonha. Vergonha de toda a burrice que estava diante dela. Decepção por saber que, no fundo, ela já sabia o que ia acontecer e mesmo assim não fez nada para impedir. E pior, muito pior: frustração. Porque ela sabia que essa não seria a última vez. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Ela conhecia aquela pessoa que estava na sua frente. Sabia que, mesmo depois de tudo que ela tinha falado e ouvido, ela ia sofrer um tempo, e depois ia se acostumar com a dor e esquecer a frustração, e depois ia começar a ver de novo a beleza que ela achava que as coisas tinham, e depois ela ia de novo tentar consertar o que ela achava que estava errado, e depois tudo aquilo que estava acontecendo naquele momento ia acontecer de novo.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Então as duas, que se olhavam nos olhos, ao mesmo tempo baixaram a cabeça desviando do olhar inquisidor uma da outra, mesmo sabendo que as duas pensavam da mesma forma e que o olhar não seria inquisidor, e sim de dó. Na verdade, talvez por isso elas evitaram se olhar nos olhos novamente. O sofrimento já era o bastante, não havia necessidade de agravar tudo com o peso da pena.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Só mais um suspiro antes de se afastarem, e ela apagou a luz, saiu da frente do espelho e foi se deitar sozinha, com uma noite inteira pela frente para ficar se torturando, passando e repassando tudo que aconteceu.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>Pensamentos Indizíveishttp://www.blogger.com/profile/12972454585648893321noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6414053125705411563.post-30749243092982979202011-10-07T08:43:00.006-03:002011-10-07T09:26:01.412-03:00Aftertaste<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Amargo. Aquele amargo com um gostinho de ferro por causa do soco na boca, que me fez engolir um pouco de sangue enquanto a bile subia, no sentido contrário, provocando náusea.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Atordoada, minha única reação foi tentar segurar o vômito e o choro, ao mesmo tempo.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Apesar dos golpes suaves esporadicamente, eu não estava preparada para aquilo. Eu sei, a culpa do despreparo era toda minha, da minha cegueira opcional, da minha busca incansável de tapar o sol com a peneira, como dizem.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Aliás, a essa altura, a culpa já é minha amiga íntima. Ela e as dúvidas. As únicas que ficaram do meu lado depois da surra. Ficaram o tempo todo ali comigo, conversando entre elas, porque eu não tinha nem ânimo, nem força para falar nada.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Será que não foi você mesma que provocou tudo isso?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Você sabe como as coisas são, como as pessoas são, e mesmo assim continuou agindo da mesma maneira. Você devia ter pensado antes.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Como você não percebeu que isso ia acontecer? Estava tudo na sua cara!<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Você é ingênua demais. Acha que todo mundo é bom. Você se esconde atrás do argumento de que isso é sinal de bondade, mas na verdade é sinal de burrice.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">E elas não paravam de me metralhar com comentários que faziam cada vez mais sentido na minha cabeça, me deixando mais atordoada e com menos força.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Eu já estava ajoelhada, implorando em silêncio para que alguma boa alma me pegasse pela mão e me mostrasse que aquilo não tinha sido uma surra, e sim um abraço muito apertado, que eu é que tinha confundido tudo. Mas as pessoas passavam por mim e não me notavam ali no chão. As poucas que vinham até mim disfarçavam sua curiosidade mórbida com a oferta de um ombro.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Confesso que, mesmo sabendo disso, me vali dos ombros para tentar encontrar apoio, mas quando as palavras são vazias elas não podem suportar nada. Então o chão voltava a ser o meu lugar.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O gosto amargo da traição, o azedume da revolta comigo mesma, a cabeça erguida, não por satisfação, mas para tentar em vão que as lágrimas não escorram mostrando ao mundo minha vergonha. É isso que sobra quando a admiração se transforma em decepção.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></div>Pensamentos Indizíveishttp://www.blogger.com/profile/12972454585648893321noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6414053125705411563.post-2958092745832537382011-09-21T12:57:00.002-03:002011-09-21T12:57:19.757-03:00A dona da floricultura<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 13px;">Miúda, olhos vivos, dinâmica. A dona da floricultura era dessas mulheres que aparentam ter bem menos idade que indicam seus documentos, e mesmo sabendo disso, ainda assim você se espantaria se soubesse quantos anos ela tem de tão bonita.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Não que beleza seja sinal de juventude, ela bem sabia disso, mas hoje beleza derivar de juventude é pressuposto universal. Enfim, a dona da floricultura é bonita. Os mais de 20 anos trabalhando com flores renderam a ela uma delicadeza única. E esses mesmos anos deram a ela um quase-poder de prever o futuro só de olhar para as pessoas.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Claro que não foi de uma hora para outra, assim, de repente. No início ela só queria tentar adivinhar o que cada pessoa que entrava na sua loja estava precisando.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">O rapaz que entrava todo sem jeito, perguntando de rosas vermelhas, provavelmente estaria comprando flores pela primeira vez para a namorada. E provavelmente ele nem sabia o nome de outra flor, e havia escolhido vermelho porque é a cor da paixão.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">E a mulher com pressa, que chega no fim da tarde, com os filhos recém-saídos da escola, carregando bolsa e agenda, com cara de cansaço e mau humor, que vai direto para as orquídeas? Com certeza é aniversário da sogra, o marido esqueceu e sobrou para ela comprar o presente da mulher. Então ela vai direto nas orquídeas, que a sogra sabe que são caras e refinadas, e não perde tempo com isso. Afinal, a velha vai achar lindo o cuidado que o filho teve em escolher cuidadosamente flores tão lindas.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">As duas moças que entram e ficam perdidas, olhando que flor que combina com que vaso, que combina com que cartão, que combina com que chocolate, que combina com que bichinho de pelúcia e que combinam com o quanto elas combinaram que podiam pagar, na certa são irmãs escolhendo presente para a mãe. E mais: é bem possível que essa era a primeira vez que elas pagariam pelo presente sem a ajuda do pai. Talvez o pai ainda fosse comprar um presente e dar para elas entregarem à mãe. Talvez ele até pedisse para que elas comprassem o que quisessem para a mãe que ele pagaria. Mas elas queriam sentir o gosto de poder pagar pelo que escolheram. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Tinha também os eventos que ela decorava. Aniversários, batizados, festas de empresas, premiações, bodas, hotéis. Não eram só as flores, mas os vasos, pedestais, cor de tapete, toalha de mesa, arranjo, folhagem, ramalhetes para homenagens, igrejas, salões. Cada tipo de evento pedia um tipo de decoração, uma cor específica, sóbria, alegre, romântica, elegante. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">E, claro, tinha os casais. Tinha os arrojados, que queriam materiais diferentes em composições inovadoras, às vezes até sem flores. Os exigentes, que queriam tudo exatamente do jeito que pediam – ela dizia que os arquitetos eram os mais difíceis de atender, porque entendiam de decoração e queriam coisas diferentes, engessando o trabalho dela. Tinha os indecisos, com os quais ela tinha que conversar bastante para entender o tipo de relacionamento e dar uma direção para as opções que mais combinariam com eles. Os casais que iam separados, ela para escolher tudo e ele para pagar. Os casais que levavam a mãe, a sogra, a irmã, e cada escolha virava uma festa – ou uma discussão. Aqueles que não ligavam muito para tantos detalhes porque estavam muito apaixonados para enxergar alguma coisa além deles mesmos. E aqueles que queriam saber de todos os detalhes porque, afinal, uma festa de casamento mostra para a sociedade o quanto eles estão investindo neste relacionamento. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Tinha as mães dos casais que opinavam, exigiam, evitavam participar, apoiavam, reclamavam, pagavam, concordavam, discordavam, entendiam de tudo, não entendiam de nada. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">As noivas calmas, nervosas, delicadas, espontâneas, desajeitadas, refinadas. Os noivos impacientes, participativos, carinhosos, ausentes, compreensivos. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Era essa combinação de clientes e situações diferentes que, junto com a delicadeza que se instalara naquela alma e a vivacidade que seu olhar demonstrava, que deram à dona da floricultura essa sensibilidade de prever algumas coisas. E quando aquele casal entrou pela primeira vez em sua floricultura dizendo que queria saber de decoração para o casamento deles, ela abriu um sorriso e convidou os dois, que tinham levado suas mães junto para ajudar a dar opinião, a subir as escadas e conversar com ela em seu escritório.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Eles subiram, conversaram com ela por mais ou menos meia hora. Já tinham algumas ideias, pediram outras a ela, e, trocando olhares confidentes, escolheram tudo tranquilamente, sem aparentar dúvida, sem nada tendo que descer goela abaixo de nenhum dos dois, com todas as opiniões ouvidas e ponderadas. Carinhosamente. Juntos. E no fim da conversa, com tudo quase certo, a dona da floricultura sorriu mais uma vez e disse aos dois: - Só de olhar, eu sei quando um casamento vai dar certo. E o de vocês, com certeza, só pode ser feliz, porque vocês são exatamente assim, feitos para dar certo.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Hoje, 30 anos depois, a noiva ainda conta essa história com o mesmo brilho no olhar com que segurou um buquê que a dona da floricultura fez para ela. E o noivo escuta essa história com o mesmo olhar carinhoso com que a olhava enquanto ela passava pelo corredor que a dona da floricultura decorou.</span></div>Pensamentos Indizíveishttp://www.blogger.com/profile/12972454585648893321noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6414053125705411563.post-34065333614424226072011-09-14T15:00:00.001-03:002011-09-14T15:01:56.454-03:00I can’t control my fingers, I cant’t control my brain.<p class="MsoNormal" style="margin-bottom:0cm;margin-bottom:.0001pt;line-height: normal"><span class="Apple-style-span" ><span>Dispenso o sedativo e confesso que o título está invertido. Primeiro tentei controlar minha cabeça, e não consegui. Com a cabeça em total descontrole, este post é a prova de que falhei em controlar meus dedos. Mas Ramones dispensa comentários.</span> </span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:0cm;margin-bottom:.0001pt;line-height: normal"><span >Claro que houve um período longo em que eu me mantive limpa. Nem precisei de tratamento, só parecia que eu não precisava mais dessas drogas de palavras, então não escrevia mais. Simples assim.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:0cm;margin-bottom:.0001pt;line-height: normal"><span class="Apple-style-span" >Até que, de repente minha cabeça começou a ficar perturbada de novo. Tentei não dar bola, fingir que não era comigo, que eu conseguia ser mais forte. Juntei todas as referências de auto-ajuda que tive saco de ler, mas quanto mais eu tentava contrair a síndrome da Polyana, mais irritada eu ia ficando. Conforme eu me agarrava a qualquer fio de esperança, mais nós iam se formando.</span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:0cm;margin-bottom:.0001pt;line-height: normal"><span >Aquelas tais pulguinhas que insistem em se instalar atrás das nossas orelhas foram se manifestando. Ora um, ora outra... até que todas começaram a gritar juntas, bem alto, e não era bem atrás da minha orelha, mas exatamente naquela curvinha acústica que faz a gente ouvir melhor, sabe?</span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:0cm;margin-bottom:.0001pt;line-height: normal"><span >Depois vieram meus demônios. Um de cada vez, chegando de mansinho, com cara de anjo, mas cheios de más intenções. Jogando com a minha mente, brincando com a realidade, flertando com meus defeitos...</span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:0cm;margin-bottom:.0001pt;line-height: normal"><span >Mas, mesmo com as pulgas e os demônios, eu ainda consegui me controlar. Tive noites bem difíceis, é verdade, tentando dormir enquanto algumas palavras, e até frases inteiras, ficavam rondando meus pensamentos. Comecei a pensar que uma recaída talvez não fosse tão ruim assim. Mas fui forte.</span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:0cm;margin-bottom:.0001pt;line-height: normal"><span >Fui muito forte. Até que aconteceu o que não podia. No fundo, eu sabia que era inevitável, que era só uma questão de tempo. Não sabia ao certo quanto ia demorar, quanto eu ia aguentar. Só tinha uma certeza inconfessável de que ia acontecer de novo. E aconteceu: vieram as pessoas.</span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:0cm;margin-bottom:.0001pt;line-height: normal"><span >Suas ideias, suas palavras, suas atitudes, suas desculpas, seus silêncios, suas caras e bocas, suas histórias, seus ensinamentos, suas qualidades, seus defeitos, seus desejos, suas decepções, seus rancores, suas saias-justas, suas piadas, seus trabalhos, seus orgulhos, suas perfeições. E eu fiquei só com meus dedos formigando, quase usando a força física para controlar esses 10 malditinhos. Só que eles eram 10, e eu uma só, com a cabeça já sem controle. Aí foi impossível continuar sem escrever aqui.</span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:0cm;margin-bottom:.0001pt;line-height: normal"><span class="Apple-style-span" ><span><span class="Apple-style-span">Meu nome é Marcela, tenho 30 anos, e estava limpa havia 1 ano, 7 meses e 18 dias.<br /></span></span>Mas agora estou de volta.</span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:0cm;margin-bottom:.0001pt;line-height: normal"><span ><o:p> </o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:0cm;margin-bottom:.0001pt;line-height: normal"><i><span><span class="Apple-style-span" >Obs: tenho que fazer um agradecimento especial às pulgas e aos demônios. Obrigada por não me abandarem. Com vocês me sinto mais viva, mais eu.</span><span class="Apple-style-span" style="font-size: 12pt; "><o:p></o:p></span></span></i></p>Pensamentos Indizíveishttp://www.blogger.com/profile/12972454585648893321noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6414053125705411563.post-18674139112090362082010-01-27T16:09:00.001-02:002010-01-27T16:09:50.233-02:00Vazio<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana; font-size: 13px; ">Agora, de todas as coisas que moram em mim, o vazio é o que ocupa mais espaço.<div style="margin-top: 0px; margin-bottom: 0px; ">O vazio de memórias que não tenho para manter você aqui comigo. O vazio de não ter sentido o cheiro dos seus cabelos, de não ter ouvido sua voz, de não ter tido você em meus braços. O vazio de me perguntar incansavelmente, incessantemente, se fiz alguma coisa de errado, e não ter resposta.</div><div style="margin-top: 0px; margin-bottom: 0px; "><br /></div><div style="margin-top: 0px; margin-bottom: 0px; ">Saudade é o gosto do que aconteceu a acabou. E qual é o gosto de tudo que podia ter acontecido? Eu senti tudo. Eu senti, eu vi, eu amei cada dia que ia acontecer. E agora eu não sei mais nada. Agora todas essas coisas que iam acontecer, que eu sei que iam, estão aqui dentro de mim aumentando esse vazio.</div><div style="margin-top: 0px; margin-bottom: 0px; "><br /></div><div style="margin-top: 0px; margin-bottom: 0px; ">Você não teve tempo de saber, mas eu escrevo porque tento preencher meus vazios com palavras. É por isso que estou escrevendo agora. Mesmo sabendo que este vazio não pode ser preenchido com nada, que só o tempo vai tornar tudo mais suportável. Agora não posso esperar o tempo, porque está doendo.</div><div style="margin-top: 0px; margin-bottom: 0px; "><br /></div><div style="margin-top: 0px; margin-bottom: 0px; ">Ainda vou chorar por você. Assim como vou sorrir sempre que pensar em todos os momentos que estivemos juntos, mesmo tendo sido por tão pouco tempo. </div><div><br /></div></span>Pensamentos Indizíveishttp://www.blogger.com/profile/12972454585648893321noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6414053125705411563.post-4842868543834594182009-10-22T18:42:00.000-02:002009-10-22T18:43:12.081-02:00Depois do fim<p class="MsoNormal">Vai, pode ir. Eu fico bem. Aliás, quero que você seja feliz.</p> <p class="MsoNormal">Feliz daquela felicidade linear, aquela coisinha cotidiana que dá segurança, mas não dá frio na barriga. Aquela felicidade com cheiro de arroz com feijão.</p> <p class="MsoNormal">Quero que essa felicidade consuma seus dias a ponto de não dar tempo de você pensar em mim, sentir saudade, se arrepender.</p> <p class="MsoNormal">Só nos dias de chuva. Nestes, naquela hora em que todos os barulhos se silenciam e só dá para ouvir a água na janela, quero que você sinta uma leve melancolia. Não precisa nem pensar em mim, só sentir essa melancolia que deixa a gente em dúvida sobre o que está fazendo da vida, que dá um frio de pensar no presente, uma sensação de que tudo passou rápido demais, e emenda numa vontade de voltar num tempo que na lembrança parece mais quente e aconchegante. E aí sim, só por um momento, você pensar em mim se perguntando “o que será que ela está fazendo agora?”.</p> <p class="MsoNormal">Desejo que você passe bem todos os dias. E no dia do meu aniversário, quando escrever a data ao assinar um documento, um cheque, ou quando perguntar para alguém “que dia mesmo é hoje?”, que você se lembre e, antes de continuar sua vidinha, dê um leve sorriso <st1:personname productid="em segredo. E" st="on">em segredo. E</st1:personname> no dia do seu aniversário, quando você estiver introspectivo, pensando em todos os anos acumulados que está comemorando, que você guarde um minutinho para pensar como seria se eu resolvesse mandar uma mensagem desejando um feliz aniversário, se você reconheceria minha voz se eu ligasse para dizer parabéns.</p> <p class="MsoNormal">Não quero fazer parte dos grandes momentos da sua vida. Quero os pequenos, os de dúvida. Eu sei, eu falei que não queria que você pensasse em mim, e não quero. Quero que minha imagem não seja uma escolha. Quero que ela apareça inevitavelmente em sua cabeça quando você estiver meio cansado da vida, pensando em como tudo seria se não fosse assim, como você mesmo escolheu. Ou quando você ouvir aquela música, num flashback qualquer.</p> <p class="MsoNormal">De vez em quando, quero que alguém faça algum comentário com a minha cara perto de você. Alguma coisa tirada do meu repertório, mesmo que da seção de frases idiotas, e que faça você quase ouvir minha voz. Mas só de vez <st1:personname productid="em quando. E" st="on">em quando. E</st1:personname> aí você pensaria que seria legal me ter por perto, como amiga, só para conversar de vez <st1:personname productid="em quando. Algu←m" st="on">em quando. Alguém</st1:personname> com lembranças em comum para piadas que ninguém mais entenderia, a quem você pudesse confessar uma ou duas coisas sem medo de julgamento, que não pertencesse ao seu círculo de amizades, mas que estivesse sempre pronta para um café.</p> <p class="MsoNormal">Eu quero que você odeie alguma coisa que eu adoro, pelo simples fato de eu gostar dela. Pode ser uma música, um filme, um livro, uma cor, qualquer coisa que eu goste muito e que você saiba, e por isso você odeie. Uma implicância sem sentido, que nem você consegue explicar, e por isso você acaba saindo do sério, perdendo a esportiva quando alguém pergunta por quê. Uma implicância que você até gosta de sentir.</p> <p class="MsoNormal">Também quero que você ainda tenha guardado algum presente que eu dei, um cartão, uma foto, um bilhete. Alguma coisa que fique no fundo daquela gaveta que você nunca abre, e que você jura que está ali só porque ainda não lembrou de jogar fora, porque você realmente nem lembra do que tem lá dentro da gaveta. Mas que nos raros momentos em que você abre a tal da gaveta e encontra o presente, o bilhete ou a foto, você precise respirar fundo para conseguir lembrar o que estava fazendo.</p> <p class="MsoNormal">Quando perguntarem quem é a mulher da sua vida, quero que você nem pense para responder que é ela. Mas que depois de uma resposta tão automática, você se pegue pensando <st1:personname productid="em mim. E" st="on">em mim. E</st1:personname> só. </p>Pensamentos Indizíveishttp://www.blogger.com/profile/12972454585648893321noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-6414053125705411563.post-50735427915607837382009-08-22T14:17:00.001-03:002009-08-22T14:21:33.589-03:00Sai, se!Por que parece que todo mundo já pensou em tudo e eu sou a única debaixo do céu que não sabe exatamente como as coisas são ou deveriam ser?<br /><br />Eu vejo todo mundo fazendo planos a curto, médio e longo prazos e me pergunto: como se define isso? O que é exatamente longo prazo? E como alguém consegue prever o que vai querer no depois se tudo muda toda hora, conforme o que acontece, conforme o que eu vejo, ouço, sinto?<br /><br />E ainda tem sempre um maldito se que me persegue. Cada vez que eu acho que descobri o que quero da vida vem um se e dá um peteleco no castelo de cartas que eu construí tão solidamente com as minhas certezas. E eu fico ali, catando ases e procurando reis pelo chão, tentando encontrar um coringa que se encaixe em qualquer plano. Um caminho que eu possa seguir com a certeza de não me arrepender depois. E outro se aparece enquanto eu ainda estou no chão para chutar minhas costelas e dizer que não importa o que eu faça, nunca vou me livrar dele. Ele é mais forte que eu. E faz questão de deixar isso claro.<br /><br />Esse se me faz querer comprar um blazer e fazer uma pós em qualquer coisa cada vez que uma toda-poderosa-bem-sucedida-na-direção-de-um-negócio-de-sucesso aparece na foto principal da matéria sobre as mulheres mais influentes do universo rindo do meu life-style pizza toda noite e madrugadas de trabalho sem hora-extra. Depois me leva para a banca atrás da última edição da Runners a cada magra-com-estilo-de-vida-saudável-fácil-de-se-levar que passa perto da minha barriga que fica empurrando incansavelmente minha calça para todos os lados. E esse filho da puta desse se ainda me faz tentar adotar o ar da mais pura serenidade e ficar toda emotiva quando vejo mães embalando seus bebês como se fossem a coisa mais importante do mundo pra logo em seguida me fazer correr atrás de aulas de todo tipo de língua e começar a planejar meu mochilão afastando da mente a mais remota possibilidade de colocar alguém no mundo antes de conhecer efetivamente o mundo. E o se me enche de frustração, porque parece que ele só existe pra mim.<br /><br />Ninguém mais tem dúvida? Ninguém quer trocar de vida? Ninguém tem medo de dar um passo? E de ficar parado no mesmo lugar?<br /><br />Quero fazer tudo e não quero abrir mão de nada. E não quero sentir saudade de uma coisa que eu ainda nem vivi e nem me arrepender e nem ficar em dúvida e nem ter pouca idade para uma coisa e nem ter muita idade para outra coisa.<br /><br />Aliás, quero chegar a ter muita idade para mandar todos esses ses pra puta que pariu e rir da cara deles, esfregar na cara deles que sim, deu pra fazer tudo, e que o medo que eles me meteram foi só um frio na barriga de montanha-russa. Que a companhia deles durante toda a vida foi irritantemente enriquecedora para o meu passaporte e para meu repertório de histórias. E só.Pensamentos Indizíveishttp://www.blogger.com/profile/12972454585648893321noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6414053125705411563.post-8409669438898178032009-05-15T18:55:00.001-03:002009-05-15T18:55:47.686-03:00Que bicho é esse?O homem é um bicho estranho, que tem a cabeça virada para baixo, para o próprio umbigo, mas o queixo erguido bem lá no alto para não correr o risco de ver nada além do céu e poder ter a certeza de que nada é mais elevado que ele.<br /><br />O bicho homem é confuso, se diverte fazendo filmes sobre o que ele morre de medo que aconteça de verdade. Despenca de mentira de brinquedos e corre de verdade de carro.<br /><br />O homem é um bicho bobo, que mente para os outros tentando enganar a si mesmo, e na maioria das vezes consegue mais enganar a si próprio do que aos outros.<br /><br />O homem é mais bicho que homem. Escreveu e leu centenas de livros sobre o equilíbrio entre a razão e a emoção, mas ainda não aprendeu a dominar seus instintos.<br /><br />O homem é um bicho escroto. Acha mais fácil cruzar os braços que dar as mãos.<br /><br />O homem é um bicho engraçado. Inventou suas asas, mas duvida que existe o céu.Pensamentos Indizíveishttp://www.blogger.com/profile/12972454585648893321noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6414053125705411563.post-82622778407568483162009-04-22T20:15:00.000-03:002009-04-22T20:16:01.930-03:00Ela e o MundoEla tem a petulância de quem acha que é dono do mundo. A vida dela pode até pertencer aos vizinhos e colegas de trabalho, mas o mundo é dela. E cada canto dele tem guardado um segredo que só a curiosidade dela vai conseguir escarafunchar e só a imaginação dela vai conseguir idealizar.<br /><br />Ela tem a leveza de quem acredita que sonhos foram feios para ser realizados, a inocência de quem confia que o mundo pode muda, e o sorriso de quem conhece todos os segredos e pode revelar, a qualquer momento, que isso não é só fé. É verdade.<br /><br />Ela tem fome de um gosto que ela não ainda não conhece, mas que ela quer enfiar inteiro na boca, tudo de uma vez, mesmo que seja para gargalhar da situação depois de cuspir tudo.<br /><br />Ela tem a desenvoltura de quem não tem medo de transformar a vida em piada e o escracho de quem sabe rir de si mesmo.<br /><br />Ela tem um desapego que alguns desavisados podem julgar indiferença, e que às vezes beira o despeito, mas que vira e mexe se desapega dela e deixa tudo em volta com cheiro de saudade.<br /><br />Ela tem o mundo dentro dela, cheio de pontes e ruas sem saída, becos escuros, oceanos e humanidades. E de quem mais é o mundo senão de alguém assim?Pensamentos Indizíveishttp://www.blogger.com/profile/12972454585648893321noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6414053125705411563.post-59278430126216985772009-04-15T13:06:00.000-03:002009-04-15T13:07:50.244-03:00O mundo como ele é<p> </p><p>O pensamento segue a seguinte lógica: Quando uma coisa é minha, é minha e de mais ninguém. Quando é de todo mundo, eu aproveito, afinal, o direito é de todo mundo. Mas na hora de cuidar, a responsabilidade não é minha. Se a coisa não é só minha, a responsabilidade também não é. E ficamos assim. Simples assim. Na merda.</p>Pensamentos Indizíveishttp://www.blogger.com/profile/12972454585648893321noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6414053125705411563.post-83175127788778240412009-04-13T13:27:00.000-03:002009-04-13T13:28:10.288-03:00Nada como um dia de chuvaAdoro dia de chuva. Aquele cinza que me permite entrar em mim mesma e tomar conhecimento de toda minha dor e ao mesmo tempo de toda a minha beleza, silencia o resto do mundo e torna mais verdadeiros meus sentimentos.<br /><br />Não preciso sair na chuva e abrir meus braços para sentir as gotas lavando a minha alma. Só olhar pela janela já é suficiente para me fazer rever momentos e sentir novamente, com a mesma intensidade, ou talvez até mais, o mesmo frio na barriga, o mesmo ar gelado inflando o peito. E então marejar meus olhos e mudar o contorno de minha boca num leve sorriso, quase imperceptível, porque em dia de chuva até o que é triste faz sorrir. Combina.<br /><br />Da janela vejo o chão molhado formar um espelho gigante, com seus chicletes grudados, uns já pretos de tão antigos, que, como minhas culpas, nunca vão sair dali, e várias folhas pisadas como os sonhos que atropelei.<br /><br />O som das gotas no vidro me hipnotiza e me faz querer ficar ali para sempre, olhando o dia cada vez mais cinza, sem saber se é porque anoitece ou se é a chuva me dizendo que não tem pressa.<br /><br />Olhar a água fina tomando conta de todo espaço que não é cidade me dá frio. Mais que aquecida, acabo me sentindo amada pela manta que abraço, mas não com aquele amor que conforta. É um amor daquele que joga na minha cara tudo que eu já fiz, não fiz, já fui e nunca vou ser, para depois poder cobrar a felicidade. E a chuva açoitando a janela é a trilha de toda essa cobrança.<br /><br />É por causa dessa tristeza que eu adoro dia de chuva, porque é nessa tristeza que encontro comigo mesma e me renovo. Porque essa tristeza fria que pinga do céu me tira da alegria letárgica do dia-a-dia, aquela que a gente nem percebe e que anestesia, para deixar tudo mais intenso.<br /><br />No cinza dos dias de chuva, as outras cores têm mais força e os sentimentos, mais sinceridade. No frio dos dias de chuva, minhas lágrimas são mais quentes, meus abraços, mais fortes. Nos dias de chuva, eu me entrego à minha solidão e me basto.Pensamentos Indizíveishttp://www.blogger.com/profile/12972454585648893321noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6414053125705411563.post-27226758826211308252009-04-06T12:38:00.000-03:002009-04-06T12:40:35.256-03:00Antes e DepoisDizem que antes, um uísque. Depois, um cigarro.<br /><br />Eu sei que antes é expectativa. Depois é a verdade.<br /><br />Antes de pedir um beijo, você é linda, inteligente, culta e escreve bem. Depois de receber um não, você se acha e eu vou mostrar que eu posso muito mais do que você.<br /><br />Antes da crise, vamos selecionar nossos clientes e atender só os grandes, que deem visibilidade à empresa. Depois da crise, vamos atender qualquer um que pague qualquer coisa.<br /><br />Antes de conhecer os motivos e a história, um julgamento duro e cruel. Depois, a culpa.<br /><br />Antes de pedir um favor, simpatia, elogios, voz mansa e agradável, brincadeirinhas. Depois de tudo feito, desprezo.<br /><br />Antes do sim, quando é que vocês vão casar? Depois do sim, quando é que vocês vão ter filhos?<br /><br />Antes de trair a dieta, uma vontade tão grande que não dá pra aguentar e só um pouquinho não vai ter problema. Depois de cair de boca no mundo, a sensação de fracasso.<br /><br />Antes de perceber a má intenção, inocência. Depois, burrice.<br /><br />Antes do sábado, o estresse do trabalho. Depois do domingo, o cansaço das baladas, churrascos e bebedeiras.<br /><br />Antes de pagar as contas, azul. Depois, vermelho.<br /><br />Antes de escrever este texto, um monte de coisas entaladas na garganta. Depois do ponto final, saber que nada vai mudar.Pensamentos Indizíveishttp://www.blogger.com/profile/12972454585648893321noreply@blogger.com1