15.3.06

Desabafo

Estou me sentindo meio idiota. Mas o engraçado é que estou me sentindo bem assim.
Andei ouvindo algumas pessoas tirarem um sarro da minha ingenuidade em relação ao mundo, à vida e a como as coisas são.
Não me sinto ingênua, mesmo depois de tanta risada. Na verdade, me sinto feliz de ser quem eu sou e acreditar nos meus princípios.
Não posso considerar a frase “mas todo mundo faz” como uma boa desculpa para fazer qualquer coisa que vá contra o que eu penso. Não acredito que “o mundo é assim mesmo, não há nada que a gente possa fazer”. Não aceito que a famosa Lei de Gerson valha mais que minha ética pessoal.
Sim, é verdade que o mundo não é exatamente como a gente sonhou, que as coisas não acontecem como a gente quer. Mas a gente pode fazer as coisas ficarem diferentes. Eu acredito no poder que o ser humano tem de mudar uma situação. Se não for assim, então o melhor a se fazer é sentar e esperar a morte.
Eu não escolhi minha profissão pelo status, meu namorado pelo dinheiro, meus amigos pelas vantagens. As vantagens são eles próprios, a companhia agradável. Talvez seja inocência minha pensar que as pessoas deveriam se assustar diante de atitudes como as que eu falei ali em cima. Elas não pensam. Elas não fazem questão. E talvez por isso mesmo achem que é assim que tem que ser, porque é sempre assim.
O mundo é assim? Pois bem, eu não sou. E pode rir da minha cara quem quiser. Eu não vou passar a minha vida me lamentando de um trabalho que eu odeio em troca de alguns dias numa ilha paradisíaca ou alguns móveis modernos para a minha casa. Eu não vou trocar o carinho que eu dou para quem eu amo, onde quer que eu esteja, por umas escapadas escondidas. Eu não vou negociar o que eu sinto por um cartão sem limites. Minha consciência não está à venda. E, na verdade, acho que as pessoas dispostas a fazer esse tipo de coisa têm apenas uma consciência diferente da minha. Uma consciência que eu, sinceramente, não quero para mim.
As coisas que eu quero não são palpáveis, não são tangíveis, mensuráveis. Talvez seja por isso que algumas pessoas não entendam.



15 de março
- dia da escola
- dia do consumidor

9.3.06

Só algumas opiniões

Essas são só algumas opiniões que eu tenho, sobre qualquer coisa que me veia à cabeça. Hoje o texto nem é um texto, são só opiniões mesmo. E muitas vezes, pura rabugice.

- Não importa o tempo que o namoro, o casamento, o relacionamento ou seja lá o que for já tenha. Ninguém merece alguém pela metade. Se você não gosta mais ou não gostam mais de você, se está junto só porque acostumou, por medo de ficar sozinho, largue. Termine. Seja sincero com você mesmo e com a outra pessoa.

- Cinemas deveriam ter censura para grupos de adolescentes. Sim, eu já fui adolescente, sou chata até hoje, mas sei me comportar quando encontro outros seres da minha espécie sem atrapalhas os demais.

- Os assuntos dietas, regimes e calorias de qualquer comida à mesa são do mais profundo mau gosto. Tudo bem que hoje a alimentação é mais uma questão de saúde do que de estética (pelo menos era pra ser), mas não à mesa, por favor!

- Não existe altruísmo. Não gosto das pessoas absolutamente boas. Não acredito nelas. Salvo raríssimas exceções (tipo Madre Teresa). Acho que as pessoas que vestem a pele de “boazinha” não são autênticas. Todo mundo tem alguém de quem não gosta, um mau dia, alguma coisa que as faça perder a paciência. Ou estão apenas atrás de suas indulgências.

- Quando eu saio, a música é importante, mas as pessoas que estão comigo são muito mais. Agora, digamos que a coisa seja realmente chata, assustadoramente insuportável. Se não der pra dar risada da situação, vou embora. Ficar enchendo o saco de quem está junto é o fim!

- Não saber não é vergonha. Perguntar também não é. Não perguntar é omissão.

- Essa é dois-em-um e, para mim, isso é uma questão de bom-senso: todo mundo que acaba com o papel higiênico deve colocar outro rolo no lugar e, pelo amor do santo Deus, depois que usar o bendito papel, dobre mais uma vez e coloque-o virado para baixo no lixo!

- O feminismo é tão burro quanto o machismo. Não existe um melhor e um pior. Existem pessoas diferentes, e isso não depende apenas do sexo. As mulheres não são todas iguais, assim como os homens também não o são.

É claro que minhas opiniões sobre o mundo não se limitam aqui. E é claro também que minhas opiniões podem mudar eventualmente. Essas são só as que eu lembrei agora.


9 de março:
- (1959) a boneca Barbie é apresentada ao mundo.

8.3.06

Ela

Eu gosto de olhar pra ela.
Gosto quando ela começa a mexer nos cabelos. Prende, solta, escova, passa a mão. É o cabelo mais bonito que eu já vi, mas ela não gosta. Às vezes ela acha que devia ser mais encaracolado, às vezes quer liso. Pra mim, sempre está bom.
Eu gosto quando ela fica me olhando depois de vestir uma roupa, esperando a aprovação. Eu sempre aprovo, sempre gosto, mas o que ela quer é a aprovação dela mesma. Aí não adianta o que eu mostre, ela enxerga o que ela quer. O bom disso é que sempre vai ficando melhor.
Eu adoro quando ela dança. E ela sempre dança olhando pra mim, fazendo pose, caras e bocas, como se soubesse que eu estou observando tudo.
Gosto de olhar a pele dela, que sempre me convida para tocá-la. Ela tem uma cor macia, sempre leve, lisa.
Gosto até de quando ela chora na minha frente. Claro que eu não quero que ela fique triste, mas é que, apesar de toda tristeza e de estar aos prantos, ela olha pra mim. E às vezes, quando me fita nessas horas, até muda de expressão.
Adoro o jeito dela. As roupas, o modo como ela se pinta ou a sua cara limpa, o jeito que ela mexe o cabelo de um lado para outro e o jeito que ela dá uma enroladinha rápida e enfia uma caneta nele pra prender. Adoro quando ela fica me encarando de perto. É irresistível. Adoro quando ela passa por mim e dá uma olhadinha, do mesmo jeito que os homens que passam por ela na rua sempre viram o pescoço pra trás pra dar uma olhadinha. O sorriso dela, às vezes moleca, às vezes safada. O olhar doce e convidativo. Tudo!
Quem é ela? Não importa.
Quem sou eu? o espelho.


8 de março
- dia internacional da mulher

7.3.06

Só de sacanagem

Meu coração está aos pulos!Quantas vezes minha esperança será posta à prova? Tudo isso que está aí no ar: malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro.

Do meu dinheiro, do nosso dinheiro, que reservamos duramente para educar os meninos mais pobres que nós. Para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais. Esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.

Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais? É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz. Mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.

Meu coração tá no escuro. A luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó E dos justos que os precederam: “Não roubarás”. “Devolva o lápis do coleguinha”. “Esse apontador não é seu, minha filha”.Pois bem, se mexeram comigo, Com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, Então agora eu vou sacanear:Mais honesta ainda vou ficar! Só de sacanagem!

Dirão: “Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo o mundo rouba”. E eu vou dizer: “Não importa. Será esse o meu carnaval. Vou confiar mais e outra vez.” Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos. Vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês.

Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau. Dirão: “É inútil, todo mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal”. E eu direi: “Não admito. Minha esperança é imortal”. E eu repito: “Ouviram? IMORTAL!”Sei que não dá para mudar o começo. Mas, se a gente quiser, vai dar para mudar o final!

(texto lido pela Ana Carolina, no CD Ana Carolina e Seu Jorge)


7 de março:
- (1999) Morre Stanley Kubrick, um dos maiores cineastas americanos.
- (1999) Morre Antônio Houaiss, diplomata e filólogo brasileiro.(Puta dia triste!)

6.3.06

Segunda-feira

Segunda-feira pesada. Sono profundo. Mas eu tenho que ficar acordada.
Os olhos secos, a boca experimentando aquele sabor de ressaca. Na cabeça, parece que as informações incharam. Não cabe mais nada.
O sol ameaçou sair, mas também choveu na hora do almoço e nas últimas duas horas se passaram só cinco minutos. A história da humanidade poderia ter sido contada hoje à tarde em tempo real, que eu ainda ia conseguir dar uma pausinha pra ir no banheiro.
As paredes parecem mais altas, a cadeira, mais dura.
Café.
Muito barulho, muito barulho. A cabeça dói uma dor desgraçada.
Mais café. O que significa mais dor de cabeça. Mas eu preciso dele, porque o sono ameaça tomar conta de mim. Ele é quase mais forte que eu, e eu tenho que agüentar mais algumas horinhas para vencer essa guerra. É o meu orgulho que está em jogo. Pelo menos agora. Mais tarde eu me entrego feliz ao sono.
As imagens são distorcidas e as cores, derretidas. A Terra ficou maior e o Sol parece não conseguir dar a volta nela como fazia antes. Como fez ontem, tão rápido.
Hoje é segunda.


6 de março:
- (1475) nasce Michelangelo.