15.1.13

A virtude da Maria Sem-Vergonha



Enquanto a Rosa foi escolhida para simbolizar a beleza e a orquídea, para representar a elegância, a Maria Sem-Vergonha com sua despretensão se espalha pelas sarjetas da cidade e provavelmente nunca será tema de música.

Em vez de se guardar e desabrochar apenas em grandes eventos ou ocasiões especiais, ela se oferece o ano inteiro para qualquer um.

Sem nenhuma ostentação nem opulência, ela se presta a enfeitar as ruas mais cinzas e os becos mais isolados, colorindo a vista de quem anda cabisbaixo.

Sua completa ausência de timidez permite que a Maria Sem-Vergonha tome para si o lugar que bem entender, sem nem pedir licença, e sua delicadeza garante que isso ainda arranque sorrisos dos que a observam.

Como ninguém quer uma sem-vergonha, essa Maria goza da mais pura liberdade longe dos vasos. E, apesar do peso que a autonomia representa, ela consegue manter sua leveza, continuar florindo, mesmo depois das tempestades, e estar sempre na companhia de gentis borboletas amarelas.

Enquanto o mundo se ocupa em valorizar o belo, o raro, o exclusivo, a Maria Sem-Vergonha é uma verdadeira ode à simplicidade.