16.2.12

Meu Réveillon

Como eu sempre digo, aniversário é um réveillon particular. É quando um ano da sua vida se encerra e outro começa com a mesma expectativa de que tudo vai dar certo, com direito a lista de intenções e até promessas, com toda aquela euforia que só a passagem do 31 de dezembro ao primeiro de janeiro traz para aquele lugar entre o coração e o estômago. A diferença, claro, é que quando fazemos aniversário o resto do mundo não está anestesiado por essa mesma sensação do réveillon, e por isso a gente fica diferente, acorda diferente, o olho brilha diferente. O dia é só nosso. E é perfeito por isso.

Amanhã é o meu réveillon particular. E como um bom réveillon que se preze, ele não dá a menor bola para qualquer coisa que não seja felicidade, alegria, esperança e comemoração, porque, graças a Deus, eu tenho muito o que comemorar!

Tenho que comemorar um marido maravilhoso que é muito mais que um marido. É meu cúmplice, meu confidente, meu porto seguro e a razão para eu querer ser sempre uma pessoa melhor. E também o melhor pai que meu filho poderia ter.

Sem dúvida, meu filho é o motivo mais fofo da minha comemoração. Sua carinha linda, suas perninhas gordinhas começando a andar, a risada mais gostosa que já ouvi em toda a minha vida... E olhar para ele e pensar “fui eu que fiz” é simplesmente mágico.

Meus pais são mais que motivo de comemoração. São motivo de orgulho, de admiração. Meus guias, os primeiros autores do livro da minha vida. Quando eu falo de ser uma pessoa melhor, quero dizer chegar mais perto do que eles são.

Minha irmã que é muito mais que irmã de sangue. É irmã de alma. Minha única igual no mundo, para quem contar para absolutamente tudo e ter a certeza de ser compreendida, afinal, só nós duas compartilhamos a mesma educação, a mesma casa, os mesmos pais, o mesmo cachorro, as mesmas brigas, as mesmas lembranças.

Tenho que comemorar meu amigos, que são os melhores do mundo, que entendem e perdoam minha ausência e que me fazem sentir que minha presença é especial.

E todas as conquistas que realizei no ano dos meus 30 anos também merecem um brinde. Um brinde à minha voz, que se manteve firme aos meus princípios. Um brinde à minha mente que, ao contrário do meu corpo, voltou a se exercitar e anda estudando bastante. Um brinde aos quilos que deixei para trás e aos hábitos a quem dei boas-vindas. À faxina, que havia muito eu precisava fazer, na casa, nas caixas, nos e-mails e no coração.

Também preciso brindar minha imperfeição, porque ela significa que o caminho ainda não acabou. Minhas falhas e frustrações, porque eles garantiram aprendizado. Comemorar uma lista imensa de coisas que ainda não consegui fazer, porque isso significa que meus sonhos ainda estão aí, esperando para se realizar, afinal, que graça teria não ter mais nada para correr atrás.

Preciso comemorar as deliciosas escapadas do regime, mesmo quando elas me levaram à gula. Toda a preguiça que eu aproveitei bem. E toda a minha dedicação às coisas me trazem orgulho. E a luxúria à que me entreguei. E todos os pecados que eu tive a oportunidade de cometer sem culpa, porque agora não é hora de confessar, é hora de comemorar.

Amanhã é dia de ano novo pra mim. 10, 9, 8, 7...


6.2.12

Sobre imagens e palavras


Uma imagem vale mais que mil palavras. E uma palavra, quanto vale? Eu respondo. Uma palavra, meu amigo, tem o mesmo valor do seu cérebro, da sua imaginação, do seu repertório, da sua bagagem.

Diante de uma imagem, é natural que você pense em algumas palavras, mesmo que inconscientemente, porque é assim que nós pensamos. Uma imagem pode levar nossa mente a muito mais que mil palavras, sem dúvida.

Uma foto de um parto, por exemplo, leva a mente de cada um, imediatamente, os mais diversos tipos de palavras, de “milagre” a “nojento”, dependendo de quem você é, de como encara as coisas.

Uma palavra também pode levar nossa mente a milhares de imagens. Se eu disser “elefante” para você, que imagem vem à sua mente? Um animal imenso numa savana na África? Ou o Golias do Meu Amigãozão? Talvez aquele seu amigo gordinho que você não deixa em paz? Ou aquele passeio no zoológico que você fez com a escola quando tinha 5 anos, em que você passou o dia todo de mãos dadas com a menina mais bonita da escola porque ela era a sua namorada? Ou talvez você não pense em imagem nenhuma, mas comece a cantar imediatamente “um elefante incomoda muito a gente...”

Uma palavra é muito mais que semântica e definições de dicionários. Palavras têm cargas emocionais muito fortes, carregam com suas letras lembranças, pessoas, músicas, sentimentos, sabores, cheiros e imagens.

Claro que uma imagem também pode levar você a algum lugar especial do seu coração, que faça você lembrar de alguém, sentir um cheiro, juntar água na boca, ter vontade de chorar. Mas o é fato que você vai usar palavras para aquela imagem, simplesmente porque o ser humano precisar nomear aquilo que vê, que sente. E só pode fazer isso com palavras.

Então, me faz um favor? Pare de comparar palavras com imagens e seus valores, porque o que tem valor de verdade, o que importa mesmo, é que minhas palavras podem dar qualquer significado às suas imagens, assim como suas imagens podem mudar o sentido das minhas palavras. E vice-versa.