26.6.08

Lixo, ameba, Akira e afins.

Na agência onde trabalho o lixo é separado: orgânico pra um lado, reciclável pra outro. E é na cozinha que encontramos os dois tipos de lixo, porque nas salas temos só os recicláveis e no banheiro, só o orgânico. Mas a cozinha tem os dois, porque tem o pó da máquina de café, tem os copos plásticos, tem o restinho de comida de quem não conseguiu sair pra almoçar, tem as embalagens do pó de café, dos produtos de limpeza... enfim, tem de tudo.

Na cozinha, o cesto do lixo reciclável fica sempre do lado esquerdo e o do orgânico, sempre do lado direito. E isso nunca mudou. Até que outro dia, quando eu fui pegar café, apareceu no visor da máquina “esvaziar fundos”. (Acho horrorosa essa mensagem! Podia ser “limpar gaveta do pó usado”, “jogar fora o pó”, qualquer coisa. Mas tá lá o “esvaziar fundos”. Pelo menos é melhor que “jogar fora a borra”, né?) Enfim, fui eu jogar no lixo orgânico da cozinha o pó usado da máquina de café, e acabei jogando o dito no lixo reciclável. Por quê? Porque, embora um lixo seja laranja e o outro, verde, um tenha 1 metro de altura e o outro seja minúsculo, e os 2 tenham um adesivo gigantesco na tampa avisando a que cada um deles se destina, tinham trocado os dois de lugar! O que era pra estar na esquerda estava na direita, e vice-versa!

Quando percebi o que eu tinha acabado de fazer, só uma coisa me veio na cabeça: uma aula de biologia que tive no colegial (há uns 10 anos) em que o professor explicava o condicionamento. Para isso, ele usava de exemplo uma experiência com umas amebas que, cada vez que iam ser alimentadas, tomavam choques. Depois de um tempo, pararam de dar choques nas coitadas, mas as infelizes não conseguiam comer, porque toda vez que tentavam, só de chegar perto da comida, já começavam a tremer como se estivessem tomando choque ainda. Com toda essa história passando pelo meu cérebro em alguns milésimos de segundos, eu só podia tirar uma conclusão disso tudo: EU SOU UMA AMEBA!

Que horror! Eu estava tão condiocnada a jogar o pó de café no lixo do lado direito que nem todas as incríveis diferenças entre as duas latas entraram rápido o suficiente na minha cabeça a ponto de eu usar o lixo certo!

Depois de alguns dias do acontecido, assisti Akira. Interessante (e isso é um elogio partindo de quem não tem paciência com desenho japa). Mas o que me chamou atenção foi a idéia de que, se todos somos resultado da evolução de um ser muito primário, por exemplo uma ameba, teremos todos nós a mesma potencialidade de uma evolução tão grande, ainda hoje?

Porque, convenhamos, deixar de ser uma simples ameba e virar um complexo de células, tecidos departamentalizados, cada um responsável por uma atividade, com tanta coisa para fazer, e ainda por cima pensante (na maioria das vezes!) não é fácil.

E, se trouxemos essa potencialidade como herança dos nossos tempos de ameba, por que não usamos mais? Teremos nós chegado ao topo da evolução? Mas, se tivemos o poder de trazer essa potencialidade como herança até hoje, provavelmente trouxemos também algumas particularidades idiotas de nossos ancestrais amebas, porque a genética ainda não aprendeu a selecionar só a parte boa da coisa. E, pelo jeito, a parte idiota da minha ancestral ameba se aflorou antes da parte responsável pela evolução. Triste. Mas ainda há uma esperança!

25.6.08

Mais do Mesmo

Eu queria que a minha vida fosse escrever.

Queria não saber o que escrever por ter um milhão de coisas tão interessantes pra falar a ponto de ficar sem saber qual a mais legal.

Queria aplicar aqueles exercícios malucos de encontrar uma pessoa no elevador e tentar escrever a história dela baseada simplesmente na observação da postura da pessoa naquele lugar, o que ela leva na mão e muita adivinhação.

Não ser preguiçosa e saber começar um texto. Começar e terminar. Escrever sobre coisas interessantes, que ninguém escreveu ou pensou, não simplesmente a partir do senso comum e do meu julgamento falho das pessoas e situações.

Queria exalar boas idéias.

Mas não. Sou assim. Desse jeito que você, se é que você existe mesmo, vê aqui.
Começo uma coisa e não acabo. Depois retomo e abandono de novo.

Escrevo sempre quando a melancolia me ataca. Gosto de melancolia, mas queria escrever além disso. Escrevo só sobre mim, minhas opiniões, meus sentimentos, minhas percepções, eu, eu, eu. Claro, o texto é meu e não tem como eu sair de mim pra escrever. Mas eu queria.

Sou analfabeta nas entrelinhas, prepotente com minhas idéias, metida quando elogiada, medíocre no raciocínio, leviana nas opiniões, limitada na quantidade de assuntos, repetitiva sempre.
Queria escrever uma coisa completamente nova.

Só que desta vez, só vou recomeçar de novo, sem pleonasmo.