5.12.05

O dia em que eu morri

O dia em que eu morri

Eu estava com 84 anos e, embora não me sentisse velha, as pessoas me tratavam como tal.
Não vou mentir para vocês, até porque, como não estou mais aqui, não preciso fazer média com ninguém: ser velha tem suas vantagens, sim! Eu podia dizer o que eu queria, pra quem quer que fosse. Não que eu me sentisse nesse direito, mas, vocês vão ver, com o tempo, as pessoas dão a você esse direito. O que também não significa que elas escutem muito o que você diz ou sigam seus conselhos, mas, pelo menos, a sensação de alívio que isso proporciona à sua mente, ao seu coração e a toda sua impaciência é incrível. Entretanto eu não abusava deste poder aparente que a idade traz. Como eu já disse, não acho certo que as pessoas falem o que pensam porque, muitas vezes, isso acaba magoando muita gente. Muita gente que muitas vezes não fez nada e acaba sendo atingido pelo erro dos outros. Mesmo que muitas pessoas mereçam ouvir tudo que queremos dizer.
Eu era uma octogenária e, mesmo sabendo que o mundo havia mudado, e mudava sempre, cada vez mais rápido, eu não desistia de correr atrás de saber o que estava acontecendo. Eu sempre gostei de aprender, de descobrir. Não era hora de parar ainda. Pelo menos não pra mim. Se bem que, com o passar do tempo, me dei o luxo de procurar saber das coisas que eu gostava mais. Talvez isso tenha me deixado mesmo um pouco restrita. Não que eu gostasse de poucas coisas, não. Eu gostava de muuuuita coisa! Mas acho que meu gosto não era assim tão popular.
Eu estava quase completando 85 anos e, mesmo já tendo visto, vivido e ouvido falar de muita coisa errada, eu ainda acreditava que as coisas iam mudar. Na verdade, na verdade, não sei se eu acreditava mesmo que as coisas iam mudar ou se eu queria muito que elas mudassem. Mas havia isso em mim. Essa coisa do inconformismo. Não insatisfação, inconformismo mesmo. Eu era feliz. Amava muitas coisas. Era do tipo que ria muito. Gostava de rir, gostava de quem eu era, de quem eu tinha por perto. Mas acreditava que o mundo estava em constante evolução. Estávamos todos lá para aprender, e melhorar.
Eu era uma jovem senhora de pouco mais de 80 anos quando, numa manhã, no meio de uma semana qualquer, eu não levantei. Não sonhei, não senti vontade de falar poucas e boas a ninguém, não corri atrás de saber alguma coisa interessante, não me vi inconformada com nada e não ri. Era um dia comum, de trabalho. As ruas estavam movimentadas como sempre. As pessoas andavam apressadas pra lá e pra cá. O tempo corria no seu ritmo habitual. Nenhuma notícia de grande valor no jornal. Nenhum acontecimento. A única diferença era que agora não havia mais eu. Mas isso não importava muito, porque nunca houve eu. Havia minhas idéias, meus pensamentos, meus ideais. Mas eles haviam para mim, e só. E já não importava o que havia para mim naquele momento, porque eu não sentia, não pensava e não idealizava mais nada.
No dia em que eu morri, o mundo permaneceu o mesmo. Assim como em cada dia que eu vivi.

29.11.05

Uma imagem vale mais que mil palavras? Desenha isso, então.

24.11.05

Mudando de Vida

Mudando de Vida

De repente dá aquele frio na barriga. E agora? Que que eu faço?
O emprego é novo, a casa é nova, a cidade é outra. A cara é a mesma, mas os caminhos ainda são estranhos ainda, os desenhos nas calçadas são diferentes e o trânsito é infernal. Minhas roupas agora têm marcas de dobras e o par de tênis é importante até descobrir o caminho certo. Agora eu ando a pé! A comida tem um sabor diferente mas o travesseiro ainda é o mesmo. O trabalho continua, mas o cliente é novo e o cara no computador do lado é outro. O meu computador é que é outro, o cara já estava ali.
Talvez eu continue gostando de suco, talvez eu passe a tomar café. Talvez eu me lambuze com congelados e salgados, talvez eu sinta falta de um bom arroz com feijão. Talvez eu deixe de ter algumas manias, talvez eu adote alguns vícios. Talvez eu passe a falar sozinho, talvez eu leia mais. Talvez eu veja que o silêncio na hora do noticiário lá em casa não era tão silencioso assim. Talvez eu deixe de levar algumas broncas porque o pouco tempo faz com que não valha a pena. Mas acho que me acostumo.
Acho, na verdade, que vou até gostar. Acho que vou achar graça nos mimos maternais e na espera paternal. Acho que vou começar a pensar em muitas coisas novas para mim. Acho que agora eu aprendo e economizar. Acho que também vou aprender a cozinhar. Acho que vou entrar na academia e tocar mais violão. Acho que vou voltar todo final de semana. Acho que não vou parar em casa. Acho que estou crescendo. Tenho certeza que estou começando a minha vida!

Este texto é para o Kiko, que está mudando de vida.
Kiko, boa sorte. Amo você. Sempre!

22.11.05

Não falamos a mesma língua

Não falamos a mesma língua

"Se os homens soubessem o poder que têm, as mulheres cairiam aos seus pés." "Se os homens soubessem o poder que têm as mulheres, cairiam aos seus pés." Percebeu a diferença? Pra uns ela é clara. Pra outros, um pouco sutil. Mas tem aqueles que não conseguem enxergar de jeito nenhum. Como é difícil, meu Deus do céu (!), para algumas pessoas, simplesmente ler uma frase e entender seu conteúdo. E pessoas alfabetizadas! Até com "nível superior completo"! Tá certo que o português não é a língua mais fácil do mundo, que é cheio de regrinhas, que também é cheio de exceções. Mas, pelo menos nós aqui, não falamos português desde que nascemos? Falamos , ouvimos, lemos... Não precisamos escrever um português machadiano, mas deveríamos, no mínimo, ter um pouco de pudor na língua que fala, nas mãos que escrevem e no cérebro que decodifica as mensagens que recebe, certo? Claro que não estou me referindo às pessoas que não puderam freqüentar escola, que não tiveram ou não têm a orientação necessária. Estou falando é das pessoas que não fazem questão, daquelas que descobrem uma palavra nova e querem usá-la sem nem ao menos conhecer seu significado ou seu emprego, daquelas pessoas que pensam "mas você não entendeu o que está escrito, o que estou querendo dizer?". Daquelas pessoas que, quando escrevem alguma coisa errada, diante da revelação de seu erro, perguntam "mas está muuuuito errado?". Ora, por favor! Sim, devemos levar em consideração para quem a mensagem é destinada, o que realmente queremos que a pessoa leia, a flexibilidade que as gírias, a oralidade e os meios de hoje nos dão. Por exemplo, há algum tempo, vi um outdoor de celular na rua que anunciava que agora as pessoas podiam mandar mensagem de celular para celular, e o texto do outdoor era alguma coisa parecida com : "mande msg p/ quem vc quiser". Não lembro exatamente a frase, mas o fato é que o público para quem o anúncio se destinava estava acostumado com este tipo de escrita. Mais que isso, é desse jeito que mandamos as mensagens de celular, já que escrever letra por letra no teclado do celular demora demais e o visor do telefone é pequeno, além de, na maioria dos casos, mandarmos mensagens de celular apenas para pessoas próximas, com as quais podemos nos valer desse recurso. Nesse sentido, o outdoor era muito bem sacado. Mas com algumas coisas não dá pra ter flexibilidade. Temos que saber quando podemos usar as gírias, a oralidade e os meios de hoje. Um texto tem que ter uma ordem lógica. Sempre. A pontuação é fundamental para mantermos essa lógica. A concordância também! Talvez o problema esteja exatamente em estarmos habituados à língua. Talvez o problema seja o ouvir português desde que nascemos. O português com todos os vícios. Talvez devêssemos ter ouvido seletivo. Então o problema seria biológico. Que procurar o certo, que nada! Deus devia ter feito a gente com um dispositivo especial que capta as coisas erradas, não só no português que falamos e ouvimos. Um dispositivo que filtrasse as coisas que acontecem à nossa volta e que fosse utilizado também quando precisássemos fazer alguma coisa, escrever ou tomar alguma decisão, filtrando as possibilidades que dariam errado. Se bem que... pensando bem... será que não é esse dispositivo que costumamos chamar de bom senso?

17.11.05

Quem eu sou?

Quem eu sou?
Eu sou muito mais que a Marcela.
Eu sou a possibilidade de realização de tudo que ainda não foi feito pelos meus mais velhos.
Eu sou o barro a ser moldado de acordo com o que a decoração da casa pede.
Eu sou um livro em branco, pronto para ser preenchido pelas experiências de quem tem história para contar.
Eu sou um carro, não, sou só uma bicicleta mesmo, indo pra onde viram meu guidão.
Eu sou uma embalagem de qualquer coisa, pronta para receber um rótulo e me valer do que vier especificado nele.
Eu sou um girassol que não pode olhar para a lua simplesmente porque foi feito para olhar para o sol.
Eu sou o cavalo cujo horizonte é um torrão de açúcar.
Eu sou a água, que toma a forma do seu continente.
Eu sou a maçã que não tem outra opção a não ser cair nas graças da lei da gravidade.
Eu sou a Terra que segue fazendo o mesmo caminho em torno do Sol há nem sei quanto tempo.
Eu sou o relógio que, não importa o que aconteça, deve sempre manter o mesmo curso, no mesmo ritmo.
Eu sou poeira, que não pode andar contra o vento.
Eu sou Deus, sempre bom, paciente, calmo e perfeito, exatamente como todo mundo quer.

14.11.05

Novo Dois Cantos

Novo Dois Cantos

Apaguei o Dois Cantos. Não, não foi de propósito. Nem foi um momento de raiva contra os sistemas internéticos de nossas vidas numa versão menos devastadoras de Um dia de Fúria. Nem uma tentativa de romper com o mundo virtual, destruindo uma relação de anos. Também não foi um suicídio cibernético e, não, eu e o Kiko não brigamos. Isso, nem pensar! A culpa de tudo foi da minha estupidez mesmo ao tentar mexer num mundo desconhecido, neste universo paralelo de códigos que passou a comandar, se não toda, boa parte de nossas vidas. Não que eu seja a favor de trocarmos o real pelo virtual, mas a verdade é que hoje é quase impossível encontrar alguém que não use internet. E eu confesso: sou quase uma viciada! Em coisas boas e também em coisas ruins da internet. É por isso que o Dois Cantos agora é 2 Cantos. Porque, claro, eu não consegui arrumar tudo certinho, bonitinho como era antes, nem consegui salvar os arquivos que estavam lá. Mas... Mas, como pessoa previdente que sou, tenho os textos salvos no meu computador. Por isso, para matar a saudade e deixar registrado aqui para a posteridade, cada vez que eu publicar um texto aqui, colocarei junto um texto do blog antigo.
Sejam todos bem-vindos ao Novo Dois Cantos!

3.11.05

Nunca escrevo aqui sobre as coisas que efetivamente faço durante meus dias. Escrevo mais sobre o que sinto, embora isso esteja intimamente ligado às coisas que faço, às coisas que acontecem comigo. Mas hoje vou escrever sobre uma coisa que fiz, que aconteceu comigo, que também tem muito a ver com o que eu sinto. Como eu já falei aqui, gosto muito de Pearl Jam. Quando o show da banda foi confirmado aqui no Brasil eu comemorei aqui no 2C com duas letras de música que eu gosto muito (não sei se cheguei a explicar o porquê de eu gostar tanto daquelas duas músicas, mas não vão faltar oportunidades para isso, eu tenho certeza). Agora eu tenho mais um motivo para comemorar: meu ingresso! Sim! Sexta-feira, dia 30 de outubro, sabendo que a procura estava realmente grande e que talvez os ingressos de estudante acabassem (eu não compro mais ingresso de estudante, mas o Kiko está no último ano de faculdade e tem este privilégio), eu falei com o Kiko e nós e mais 2 amigos que vão para o show conosco fomos garantir nossos ingressos. Portanto, dia 2 de dezembro, sexta-feira, estarei na pista do Pacaembu assistindo ao show da minha vida.

27.10.05

Nada

Nenhuma história pra contar. Nada interessante pra falar. Nenhuma informação nem mesmo uma citação. Nada a acrescentar. Explicações desnecessárias e palavras vazias. Pensamentos batidos e frases repetidas. Textos cansativos e discurso dispensável. Monólogo mudo para espectadores surdos. Sílabas desconexas e letras que não se encaixam. Sons ao vento, que não servem nem para produzir eco. Ditados inúteis. Não ver a hora de dizer, não saber a hora de calar. Um silêncio barulhento, que grita por uma resposta. Uma pergunta, mil perguntas. Pensamentos sonoros. E eu? O que que eu faço agora? Ainda não falei o suficiente, mas acho que você já ouviu demais.

26.10.05

Pro dia nascer feliz

Todo dia a insônia
Me convence que o céu
Faz tudo ficar infinito
E que a solidão
É pretensão de quem fica
Escondido fazendo fita
Todo dia tem a hora da sessão coruja, hum...
Só entende quem namora
Agora vão'bora
Estamos bem por um triz
Pro dia nascer feliz, hum...
Pro dia nascer feliz
O mundo inteiro acordar
E a gente dormir, dormir
Pro dia nascer feliz
Ah! Essa é a vida que eu quis
O mundo inteiro acordar
E a gente dormir...
Todo dia é dia
E tudo em nome do amor
Ah! Essa é a vida que eu quis
Procurando vaga
Uma hora aqui, a outra ali
No vai e vem dos teus quadris
Nadando contra a corrente
Só pra exercitar...
Todo o músculo que sente
Me dê de presente o teu bis
Pro dia nascer feliz, é!
Pro dia nascer feliz
O mundo inteiro acordar
E a gente dormir, dormir
Pro dia nascer feliz, é!
Pro dia nascer feliz
O mundo inteiro acordar
E a gente dormir, dormir

25.10.05

Os clichês da vida

Todo mundo ama demais, toda mãe morre pelos filhos, todo pai é herói, todo mundo tem um amigo que é um irmão, todo mundo tem o homem/a mulher da sua vida. A vida é um clichê gigante! E que palavras nunca foram ditas? Outro clichê!
O clichê é clássico! É biológico, social, psíquico. O clichê é necessário! Ele ajuda os tímidos, os que têm preguiça de pensar, os que têm medo de falar besteira. É fácil apostar no a gente já sabe que funciona, convence. Ele cabe certinho naquela hora em que a gente não tem outra coisa para falar. Ele veste aqueles momentos em que precisamos nos fazer entender. Ele salta de nossas bocas sem que percebamos e invade nossos ouvidos com tanta fluência que acaba se bastando. Não precisa de mais explicações. Não precisa de discussão nem de muita argumentação. Se alguém guarda um segredo a sete chaves, pra que discutir? É um segredo secretíssimo!
Se eu sou a favor do uso indiscriminado, ou mesmo eventual, do clichê? Contra textos, palavras, argumentos e explicações originais? Claro que não! Amo uma boa discussão, adoro idéias novas! Só não quis cometer o clichê de criticar o clichê!

20.10.05

"A franqueza não consiste em dizer tudo o que se pensa, mas em pensar em tudo o que se diz". (Victor Hugo)

19.10.05

Nossa! Depois de 15 dias, eu venho aqui envergonhadamente, por mim e pelo Kiko (Sim! Pelo Kiko também! Vou dividir com ele a culpa deste blog estar jogado às traças!), publicar mais um texto.
Na verdade andei meio sem idéia do que escrever, sem muitas novidades. Não que eu escrevesse o desenrolar dos meus dias aqui (sorte de quem lê!), mas as novidades sempre trazem idéias do quê escrever. E, no fim, continuo sem idéia, mas achei deprimente deixar o Dois Cantos largadinho assim. Se bem que, na verdade, acho que isso de não ter idéia do que escrever não é apenas uma fase. Acho que sou uma pessoa sem idéias. Que tem uma ou outra história desinteressante para contar e algumas opiniões irrelevantes sobre uns poucos assuntos, que nem conheço tão bem assim. Que mediocridade! Mas essa é a imagem que muitas vezes vejo no espelho quando acordo e, principalmente, quando termina o dia.
Lamentável, né?
Essa música aí de baixo é do Pato Fu, uma banda que conheci no colegial (há 9 anos) com uma amiga muito querida (Evelyn, adoro você). Ela, a música, retrata bem o que vejo muitas das vezes em que me olho no espelho...

Pouco adiantou
Acender cigarro
Falar palavrão
Perder a razão
Eu quis ser eu mesmo
Eu quis ser alguém
Mas sou como os outros
Que não são ninguém
Acho que eu fico mesmo diferente
Quando falo tudo o que penso realmente
Mostro a todo mundo que eu não sei quem sou
E uso as palavras de um perdedor
As brigas que ganhei
Nem um troféu
Como lembrança
Pra casa eu levei
As brigas que perdi
Estas sim
Eu nunca esqueci
Eu nunca esqueci

5.10.05

Pessoinhas importantes

Hoje resolvi escrever sobre pessoinhas importantes nas nossas vidas. Que, sem que a gente note, transformam nossa realidade numa coisa mais suave, doce, simples. Pessoinhas que são capazes de nos roubar um sorriso mesmo naqueles dias mais tenebrosos, e que, nos dias mais tranqüilos, nos fazem voltar à infância e correr, pular, brincar. Pessoinhas que cresceram conosco e que nos fazem crescer, sempre. Pessoinhas felinas ou caninas, não importa, elas são sempre donas do mais puro sentimento que temos. Pessoinhas que amamos demais.
Hoje eu resolvi escrever sobre as nossas pessoinhas, essas que, não importa quanto tempo passe, estão sempre na nossa memória, junto das melhores recordações. (saudades)

4.10.05

Rotina

Todo dia ela faz tudo sempre igual. Da cama pro banho, do banho pra sala, o sono persiste, o sol já não tarda, a vida insiste em servir o velho ritual que sempre cega tantos outros, o mesmo pão comido aos poucos. Sem trabalho eu não sou nada. Não tenho dignidade. Não sinto o meu valor. Não tenho identidade. Mas o que eu tenho é só um emprego e um salário miserável. Eu tenho o meu ofício que me cansa de verdade. Tem gente que não tem nada. Quando não se tem mais nada. Não se perde nada. E eu que já não sou assim, muito de ganhar, junto as mãos ao meu redor, faço o melhor que sou capaz só pra viver em paz.
Ops! Será que eu falei o que ninguém ouvia? Será que eu escutei o que ninguém dizia?
Quer saber? Eu não nasci pro trabalho. Eu não nasci pra sofrer!

(As palavras foram todas emprestadas de Chico Buarque, Paralamas do Sucesso, Titãs, Nando Reis, Los Hermanos, Nando Reis de novo e Ed Motta)

26.9.05

Existem diversas maneiras de se matar uma pessoa, e há inúmeros assassinos no mundo. Cada vez que um não é falado, uma idéia, um princípio de uma idéia, e seu idealizador estão morrendo. Por exemplo, quando uma criança pinta uma pessoa azul e alguém diz "mas não existe gente azul", um futuro criador de desenhos animados pode estar sendo assassinado. As risadas também podem ser assassinas. Quando alguém é ridicularizado por se vestir de maneira diferente, pode ser que um brilhante profissional da moda esteja sendo morto, ou um futuro líder de uma banda de sucesso, ou ainda quem está morrendo nesta hora pode ser alguém que ensinaria o mundo que cada um tem suas características e isso deve ser respeitado. Quando uma pessoa tem uma sugestão para resolver um problema que está sendo discutido, por mais absurda que pareça, e essa pessoa é simplesmente ignorada, não levada em consideração, estão assassinando alguém que poderia ter outras idéias brilhantes, vindas de inspirações absurdas, mas que por ser ignorada constantemente acaba desistindo, ou, pior, acreditando em sua incapacidade. Somos o que somos. E o que usamos, dizemos, escrevemos ou fazemos são fragmentos da nossa personalidade que, em conjunto, formam o que somos. Somos o que somos e somos cada vez mais incentivados a não ser. Infelizmente.

22.9.05

Finalmente saio da toca para dar as caras por aqui. Não vá esperando um texto magnifico e elaborado imaginando q todo esse tempo que fiquei sem postar nada aqui eu estivesse produzindo alguma coisa que preste. Não. Eu só passei pra falar um oi, primeiro pra marcelita e depois pro pessoal que inacreditávelmente visita nossa página! Méritos da Marcelita, eu sei.

Talvez seja esse o empurrão que faltava pra eu botar o pé aqui no blog. Não sei se me expresso tão bem quanto a Marcelita, mas mesmo assim, ( é não adianta chorar esperniar, ameaçar) vou continuar postando aqui. No mais, saudações à (putz eununca sei se esses "as" tem crase ou não ) todos, e até daqui a pouco.

21.9.05

Pearl Jam

Hoje vou só comemorar a vinda de uma banda aqui pro Brasil que eu conheci através do meu namorado e me apaixonei. Foi num show de um cover do Pearl Jam que eu mudei o rumo da minha vida. E com certeza estarei no show do original. Embora eu tenha algumas músicas dos caras que sejam partes fundamentais da minha vida (o Kiko sabe bem quais são), hoje vou publicar aqui apenas essas duas com as quais me identifico muito.

Can't keep

I wanna shake, i wanna wind out
i wanna leave this mind and shout
i've lived all this life
like an ocean in disguise
i don't live forever
you can't keep me here...
i wanna race with the sundown
i want a last breath that i don't let out
forgive every being
the bad feelings, it's just me
i won't wait for answers
you can't keep me here...
i wanna rise and say a-goodnight
i wanna take a look on the other side
i've lived all these lives
it's been wonderful at night
i will live forever
you can't keep me here...

I am mine
The selfish, they're all standing in line Faithing and hoping to buy themselves time Me, I figure, as each breath goes by I only own my mind The north is to south what the clock is to time There's east and there's west and there's everywhere life I know I was born and I know that I'll die The in-between is mine I am mine And the feeling, it gets left behind All the innocence lost at one time Significant behind the eyes There's no need to hide We're safe tonight The ocean is full 'cause everyone's crying The full moon is looking for friends at high ride The sorrow grows bigger when the sorrow's denied I only know my mind I am mine And the meaning, it gets left behind All the innocents lost at one time Significant behind the eyes There's no need to hide We're safe tonight Whoa! And the feelings that get left behind All the innocence broken with lies Significance between the lines We may need to hide... And the meanings that get left behind All the innocents lost at one time We're all different behind the eyes There's no need to hide

20.9.05

Apaixone-se

Minha avó já dizia: cada panela tem a sua tampa. E é a mais pura verdade. Não dá para comparar relacionamentos, não existe receita, não dá nem pra dar um palpitezinho aqui ou ali porque cada relacionamento é um. Eu sou do tipo melosa (pergunte para o meu namorado). Ele não é. É incrível como somos diferentes em algumas coisas mesmo sendo um só. E o mais interessante é que pensamos muito parecido, e muitas vezes é exatamente por isso que somos diferentes. Mas o legal é o jeito com que lidamos com isso. A nossa cumplicidade. Acho que cumplicidade é fundamental num relacionamento. É muito bom ter um cúmplice. Alguém para quem você olha no meio de uma multidão, numa festa ou, sei lá, qualquer lugar, e você sabe que você conhece os segredos daquela pessoa e que ela te conhece completamente. É bom ver o relacionamento evoluir e, como num pacto delicioso de silêncio, comemorar cada passo, cada mudança, cada avanço, cada sonho sendo encaminhado. É bom ter uma história com alguém, ter um lugar, uma música, um sonho. E se não for petulância ou muita pretensão, eu tenho um conselho: apaixone-se!

19.9.05

Gente Amarga

Sempre odiei aquele tipo de pessoa que, ao ver alguém feliz porque está namorando, diz: "Ah, mas isso é porque faz pouco tempo que vocês estão juntos. Deixa passar mais um ano e eu quero ver se você vai estar falando assim". Assim como aquelas pessoas casadas que vivem falando para as que estão começando a namorar: "Você está perdendo tempo. Para quê namorar? Aproveita a sua vida." Na boa? Não é porque a sua vida amorosa deu errado, que o seu relacionamento é frustrado, que o meu também vai ser. Não está bom para você? Larga. Seja gente e assuma que não está bom. Ou então, se depois de pensar você concluir que realmente seu relacionamento deve continuar, mesmo com todos os problemas que você enfrenta, tenha, por favor, a delicadeza de preservar o/a seu/sua parceiro/a que, afinal de contas, te agüenta e de poupar as pessoas deste tipo de situação lamentável em que você insinua que ser feliz com alguém é apenas um sonho adolescente utópico. Não tente me deixar constrangida de estar feliz com a minha vida amorosa se você não está bem com a sua porque, meu bem, eu acho muito triste saber que é só você que pode fazer alguma coisa para mudar a sua própria vida e ver que tudo que você faz é sentar e reclamar. E isso é a única coisa que eu vou sentir: piedade de você.

14.9.05

Hoje eu só queria dizer para o Kiko que ele me faz feliz demais.
É muito bom ser a mulher da vida do homem da minha vida.
Kiko, amo você.

12.9.05

Projeto de Vida

Hoje perguntaram para mim se eu tenho algum projeto de vida, alguma coisa que me guia, me impulsiona, algum sonho. Eita perguntinha difícil de responder! Afinal, quem não tem sonhos? Duvido que exista alguém no mundo que não os tenha. Não é possível viver sem um sonho, uma vontade, uma ilusão que seja. Não dá pra viver sem perspectiva nenhuma simplesmente porque isso não é viver. Não importa quão tolos ou fúteis, ou impossíveis, esses sonhos pareçam aos outros. O que importa é o quão grande ele te faz.
Assisti Diário de Motocicleta sexta. Acho interessante saber o que motiva as pessoas a serem o que são (que, como eu acredito e já até escrevi aqui, é resultado das experiências e escolhas que fazemos). Acho mais interessante ainda podermos mudar de idéia no meio do caminho e mudar de caminho. Por que não? A viagem do Che começou por curiosidade, por farra até, e terminou de um modo completamente diferente do que ele tinha planejado. Talvez o destino final tenha sido o mesmo (ou perto), mas ele já não era o mesmo, e isso muda tudo. Achei interessante o embaraço dele ao tentar explicar o motivo de sua viagem para o casal no deserto, que viajava tentando conseguir um emprego, a procura de alguma esperança contra a miséria. Acho interessante como vamos crescendo ao longo da vida, ou de nossa viagem. Conforme vamos encontrando pessoas iguais e diferentes de nós, em lugares longes, mas tão próximos.
Meu projeto de vida? Está aqui, junto comigo. É um projeto que tenho já faz algum tempo, mas que só há alguns meses comecei a colocar no papel, com o apoio de algumas pessoas e a cumplicidade do Kiko (que está junto neste projeto, que é dele também). É um projeto que vem exatamente dessa vontade de viver, de sonhar, de seguir meu caminho e poder mudá-lo. De experimentar o sabor da minha própria vida, e que eu tenho certeza que já compõe quem eu sou.

8.9.05

Decepções

Decepções

Uma vez, quando eu tinha uns 12 ou 13 anos, eu e minha irmã participamos de um amigo-secreto de final de ano (destes que todo lugar tem) de uma turma muito bacana (parte dela cresceu conosco). O pessoal estava animadíssimo. Era dezembro, então marcamos um churrasco numa chácara com piscina e passamos praticamente um mês esperando o churrasco. Para o amigo-secreto, foi estipulada uma quantia mínima e uma máxima (com as quais todos concordaram) a ser gasta com o presente e, para facilitar ainda mais a vida da galera e evitar caras feias, fizemos uma pequena lista de "dicas de presentes". Cada pessoa que estava participando da brincadeira colocou nesta lista 5 coisas que gostaria muito de ganhar, dentro daquele valor estipulado. Na lista choviam CDs, blusinhas, perfumes, número de camiseta, de sapato, etc e tal. Lembro que saí com minha irmã para procurarmos os presentes dos nossos amigos. Lembro que pegamos as dicas dos nossos amigos e fizemos uma verdadeira busca pelas lojas e pelo shopping de Limeira. (Sim! Naquela época Limeira ainda tinha um shopping!).
Compramos os presentes e ficamos esperando ansiosas pelo grande dia do churrasco e da revelação, quando íamos ganhar nossos presentes (que também, claro, estavam na lista das dicas).
O dia do churrasco chegou e estávamos todos lá. Piscina, refrigerante, carne, bagunça... uma delícia! Até que, finalmente, chegou a hora de revelarmos o amigo-secreto. E assim foi, como em todo amigo-secreto. Nome a nome, todos foram recebendo seus presentes. Até que alguém chamou minha irmã. Ela foi, toda feliz, pegar seu presente. Apesar do presente não ter o formato parecido com nada que ela havia deixado na lista de dicas, ela continuou muito animada, revelou quem havia tirado e foi sentar para abrir seu tão esperado presente. Era um cofrinho de lata, muito feio e mixuruca, que não tinha absolutamente nada a ver com os presentes da lista que ela deixou (que eram coisas simples, como as das outras pessoas). Ela ficou extremamente desapontada. Afinal, estava combinado que os presentes deveriam seguir a lista (senão ela não teria motivo de existir, certo?).
Às vezes essa história me vem à cabeça. Será que devo esperar das pessoas o mesmo cuidado que tenho com elas, o mesmo tratamento? Se eu não esperasse, não me decepcionaria tanto. Mas será que é justo? E, não sendo justo, será que devo continuar me dedicando tanto? E ainda, mesmo não sendo justo, será que consigo simplesmente deixar de me dedicar? Não me pergunte, porque ainda não encontrei a resposta.

5.9.05

Hoje o dia acordou cinza. Choveu durante a noite, choveu durante a manhã. E mesmo quando o sol saiu mais tarde, o azul do céu não apareceu. O cinza continuou a cobrir o dia. O cinza que me deixa amuada, que me faz lembrar que você está longe, que insiste em me atormentar dizendo silenciosamente que só vou ter seu abraço no domingo. Seu beijo, seu jeito de olhar, sua risada, seu cheiro. Que saudades! Cadê o azul dos seus olhos aqui, pra deixar meu céu azul?
Puxa, eu sei que isso é egoísmo. Mas que amor não é egoísta?
Kiko, aproveite bem o Rio e volte logo, amor, que eu estou aqui esperando.
Amo você.

1.9.05

Esqueci de colocar essa frase aqui:

"Qaundo não se tem mais nada, não se perde nada".

Ela é de uma música do Nando Reis (eu não sei o nome), e reflete exatamente o que pensa o personagem de Brad Pitt em Clube da Luta, muito bom por sinal!
Ontem o Dois Cantos ficou meio de canto porque eu saí. Ando trabalhando sem muito horário pra sair e isso cansa. Cansa mentalmente, o que é pior, porque quando você está cansado fisicamente, é só deitar e relaxar que passa, melhora. Mas cansaço mental é foda. É aquele que te acorda no meio da noite só pra te deixar mais podre para o dia seguinte. Ahrg! E ontem eu saí, porque nada melhor que uma cerverja nessas horas! Por isso não escrevi.
Hoje vou escrever isso só. Já está bom. Fico devendo... Deixa meu inferno-astral passar e eu volto com força total.

30.8.05

Liberdade

Sobre aquele texto "O que quero", que escrevi aqui no dia 24/08... tudo que queremos é uma questão de liberdade. Sim, porque querer é livre, não tem limite, transcende a carcaça que nos mantém com os pés no chão, acordando todo dia no mesmo horário, indo trabalhar, correndo, sempre presos ao relógio.
Fazer o que queremos, então, é a mais pura liberdade. Aliás, na minha humilde opinião, liberdade mesmo é fazer o que se quer estando totalmente consciente das possíveis conseqüências e pronto para resolvê-las da forma melhor forma, por livre e espontânea vontade, desde que ninguém seja prejudicado no processo. Utópico, né? Talvez. Mas que seria bom se fosse assim, ah, seria!

"Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta. Que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda." (Curta-metragem - Ilha das Flores)

29.8.05

Faz pouco tempo que fui apresentada às músicas da banda Ludov e simplesmente adorei! Estou postando aqui hoje a letra de Princesa, mas também recomendo Dis a Rodar e Trânsito. Mas todas são muito boas!

Sei que há contas a pagar
e há razões pra terminar
A semana toda ficou para trás
Ela tem trabalhado demais
Como seria melhor
Se não houvesse refrão nenhum
mas aaaah
E no teu apartamento
Ela se esquecia de tudo
parecia uma princesa
Não se importava com o resto do mundo
E largava os pés em cima da mesa
Como seria melhor
Se não houvesse refrão nenhum
mas há
E no teu apartamento
Ela se esquecia de tudo
Não havia contratempo
Ela segurava o teu coração
e largava as roupas pelo chão

26.8.05

Às vezes me pergunto: Por que eu insisto em acreditar nas pessoas? Na boa vontade delas? Por que eu, em pleno século 21, quando as pessoas são tão ocupadas com suas vidas, seus trabalhos, seus assuntos, suponho que alguém vai ter tempo de me ouvir? Não digo me ouvir como conselheira, para seguir o que eu falo, mas simplesmente escutar, conversar, trocar idéia.... discordar até, mas de forma sadia, com o objetivo de crescer, se conhecer, conhecer coisas novas, histórias novas e conhecer melhor quem está sempre por perto. Que ingenuidade! Pensar que alguém possa se interessar gratuitamente assim por outra pessoa, por alguma história, por algumas palavras. Chega a ser engraçado. Pueril. Mas não deixa de ser frustrante. Triste, aniquilante. É, aniquilante mesmo, porque chega perto de me fazer desistir de tentar, de falar, de ouvir, de conversar... Aí eu fico quieta. Coloco meu fone de ouvido, escuto minhas músicas (minhas apenas porque gosto muito delas, não tenho o dom de compor nada) e me deixo largada nessa sensação broxante de quem quer gritar mas tem um esparadrapo na boca. À noite vou dormir prometendo que nunca mais tento sair letargia comunicativa que envolve o mundo hoje, mas no dia seguinte, quando acordo, respiro fundo e penso: "Hoje vai ser diferente". E assim venho caminhando.

24.8.05

O que eu quero

Eu quero correr. Correr sem parar (e sem cansar). Quero sair na chuva e gritar. Sentir a pele molhar. Ouvir Dido e suspirar. Trocar idéia, conversar sem parar, sobre o assunto que pintar, sem medo de errar. Quero beber. Não precisa ser até cair, muito menos pra esquecer, basta me divertir. Eu quero rir. Cantar e aplaudir. Ver, sentir e ouvir. Jantar, tomar banho e dormir. Quero viajar. Navegar, voar, passear. Dançar. Quero conhecer o mundo, inventar, escrever. Eu quero saber. Fazer a diferença. Crescer. Ser, enfim. E dividir. Quero ir e vir. Voltar e ficar. Sair. Quero te olhar, te sentir, te amar e sorrir. Abraçar, cuidar, beijar. Derreter. Quero te ter. Sentir a gente se misturar. Quero andar por aí, sem destino, sem fingir nem mentir. Quero falar. Berrar. Quero tudo, quero o mundo. Só não quero ouvir psy, nem ter você longe daqui.

23.8.05

Escolhas

Dizem que o que é pra ser será. Será? Se eu ficar sentada, sem fazer nada, ou se eu trabalhar como uma camela, ou ainda se eu largar tudo e for de carona para Belém, o resultado será sempre o mesmo? Não. Não pode ser. Eu me recuso a acreditar no que se chama de destino. E o livre-arbítrio? Seria uma piada divina?
Claro que algumas coisas são imutáveis. Ainda. Pois, como dizem uns amigos, nada é certeza nessa vida. Mas até essas coisas podem variar, em tempo ou modo, como a morte. Tudo depende do que escolhemos. Mesmo que algumas coisas aconteçam de modo diferente do que planejávamos, mesmo que algumas aconteçam sem que a gente espere... tudo é definido pelas escolhas. Não só nossas, claro. Assim como as nossas escolhas não mudam, ou desenham, só as nossas vidas. É a lógica da Teoria do Caos. E é por isso, por tudo ser resultado das nossas escolhas, que eu acredito que tudo também é uma questão de prioridades. Afinal, nossas escolhas são sempre, consciente o inconscientemente, baseadas nas nossas prioridades, nos nossos objetivos de vida. vale a pena prestar atenção nisso. A gente acaba se conhecendo melhor e conhecendo também quem está perto.

22.8.05

Como é difícil perceber as coisas como as outras pessoas percebem. É engraçado pensar que as pessoas amam de forma tão diferente já que o amor é um sentimento universal, todo mundo fala dele, todo mundo entende, todo mundo sente (ou já sentiu, ou vai sentir). E não tem jeito. Sempre é piegas, sempre é ridículo, assim como suas cartas (Fernando Pessoa já disse). E, embora o amor seja o sentimento mais comentado, mais traduzido, e embora saibamos que cada pessoa é única, tem uma personalidade e tal, ainda assim é muito difícil se colocar no lugar de outra pessoa. É difícil entender as diversas formas de amar. É difícil não querer entender. E não existe nada que supere fazer essa busca com alguém especial do nosso lado. Kiko, amo você.

18.8.05

Façam ou se recusem a fazer arte, ciência, ofício. Mas não fiquem apenas nisto, espiões da vida, camuflados em técnicos de vida espiando a
multidão passar. Marchem com as multidões.
Aos espiões nunca foi necessária essa "liberdade" pela qual tanto se grita. Nos períodos de maior escravização do indivíduo, na grécia e no egito, as artes e as ciências não deixaram de florescer.

Será que a liberdade é uma bobagem?... Não. A vida humana é que é alguma coisa a mais que ciências, artes e profissões. E é nessa vida que a liberdade tem sentido e é direito dos homens. A liberdade não é um prêmio, é uma sanção. Que há de vir.



Sobre o(a) autor(a):
Mário de Andrade nasce em 1893.
Suas palavras:
"Eu sou um escritor difícil
Que a muita gente enquisila,
Porém essa culpa é fácil
De se acabar de uma vez:
E só tirar a cortina
Que entra luz nesta escuridez."
(A Costela de Grão Cão)


tirado de: http://www.tvcultura.com.br/provoca/

17.8.05

Amélie - um jeito novo de ver o mundo

Já faz algum tempo que assisti "O fabuloso destino de Amélie Poulain", mas nunca é demais falar deste filme. Nem tarde. Aliás, é sempre recomendável recomendá-lo!
Doce sem ser meloso, ingênuo sem apelar para a infantilidade, o filme (de 2001) mostra a importância que os detalhes fazem nas nossas vidas, como eles podem mudar nosso cotidiano se simplesmente passarmos a prestar atenção neles, nas coisas sutis que definem o que chamamos de um bom ou mau dia. Ele traz essa delicadeza nas próprias cenas. É um filme que faz a gente gostar mais da gente e dos outros, faz a gente procurar e enxergar com sensibilidade algumas peculiaridades da natureza humana. Isso, claro, sem contar alguns movimentos de câmera que são deliciosos. Enfim, deixa a gente com uma sensação de leveza indescritível. Simplesmente maravilhoso!

16.8.05

Dri e Elis

Hoje preciso escrever sobre a amizade. Aquela que nos deixa sempre bem, seja pelas saídas, conversas e risadas juntos, seja pela simples lembrança de um dia elas terem sido freqüentes. Sinto falta de duas das pessoas mais importantes da minha vida. Duas pessoas que cresceram comigo, que vão ser minhas vizinhas, que nem a gente combinava dando voltas na piscina, que acham que eu não vou conseguir ser brava com o meus filhos, que riem das mesmas coisas que eu, que nadam borboleta, que, não importa o assunto, nunca cansam de conversar comigo, que passaram tardes inteiras de férias comendo pipoca e assistindo filme, que hoje não acreditariam em como eu estou branca, já que sempre fui preta, que têm músicas comigo (mesmo não sendo meu namorado). Duas pessoas que eu não trocaria por nada nesse mundo. As duas que sonharam comigo tudo que eu sonhei e que compartilharam seus sonhos comigo também. As duas que falaram que vão me ajudar a escolher meu vestido de noivas e que disseram que não vão deixar seus filhos comigo pra eu não estragá-los. Duas pessoas que fizeram muito mais que cruzar meu caminho... elas desenharam boa parte dele, e seus traços continuam aqui, me endireitando quando tropeço. Duas pessoas que me fazem chorar de saudade.
Elis e Dri, amo muito vocês. Sempre.

15.8.05

Sobre os dias da semana

Segunda-feira é sempre um dia estranho. Uma mistura de preguiça de começar tudo de novo e animação por começar tudo novo, da vontade de esticar o final de semana com a empolgação da possibilidade de mudar.
Muita gente não gosta da segunda. Algumas pessoas dizem que quem não gosta da segunda é quem não está feliz, quem não gosta do que faz.
Eu, particularmente, gosto da segunda. Acho, na verdade, que a terça é o pior dia da semana. Na segunda a gente ainda está sentindo o gostinho do fim de semana. Ainda dá pra sentir o cheiro daquele abraço gostoso, aquele beijo, aquela risada... na terça parece que tudo isso já passou, o gostinho acabou, e ainda falta um tempão pra tudo isso acontecer de novo. Argh! Se a gente pudesse pular terça-feira...
Mas, se não fossem as terças, tristes, demoradas e cheias de saudades, as sextas também não seriam lindas (depois das 21h!), doces e cheias de beijos. E os finais de semana não seriam cheios de abraços, e cheiros, e sabores. E as segundas não teriam essas lembranças para adocicar o começo de cada semana.

12.8.05

Acordei com a sensação de não ter dormido.
Voltei com a sensação de não ter ido.
Falei sentindo que não fui ouvido.
Mas continuo falando, mesmo sem ter sentido.
Chega de viver com a sensação de ter morrido.
(Marcela Bragotto)

30.6.05

E aí gente que possa por alguma razão estar lendo o blog. Tudo bom? To demorando pra postar, mas tudo bem as coisas ainda não estão dojeito que eu quero mesmo. Preciso de mais tempo pra mexer com isso aqui. Na verdade preciso de mais tempo pra tudo. Não ta dando tempo pra fazer nada, não que eu seja a pessoa mais rápida do mundo (na verdade devo estar entre as mais lentas), mas ultimamente parece que o tempo é tão restrito pra se fazer as coisas. Ou eu que sou acomodado demais. É, eu acho que essa hipótese se encaixa melhor. Na verdade "acomodado desorganizado esquecido" seria a melhor definição. Fiquei de aprender a andar de patins já ta fazendo umas duas semanas, três? sei lá. (é, eu ganhei um patins da Má, muito loco!) Ceis acham que eu já aprendi? Nem coloquei eles ainda no pé. tá fo#* as coisas. A cada dia eu me sinto mais desorganizado, menos eficiente nas coisas que eu faço. eu preciso parar pra pensar um pouco. Nossa! falei pra caramba!

O tempo vem provando ser meu maior inimigo ultimamente, isso pq eu acabei de entrar de férias da facul. Estou perdendo a batalha, mas não a guerra.

Até daqui a pouco.

Kiko

31.5.05

Sempre gostei de música. Sempre gostei de prestar atenção nas letras e depois ficar filosofando sobre todas as possibilidades de significados, referências, construção das frases, das idéias. Claro que cada uma no seu estilo. Cada uma tem sua graça... seja no tom crítico, no humor, nas ambigüidades... Eu gosto de música e, sobretudo, eu gosto de letras de música.
Hoje ouvi essa do Lenine e fiquei pensando...

"Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
A vida não pára
Enquanto o tempo acelera e pede pressa
Eu me recuso, faço hora, vou na valsa
A vida é tão rara
Enquanto todo mundo espera a cura do mal
E a loucura finge que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência
O mundo vai girando cada vez mais veloz
A gente espera do mundo e o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência
Será que é o tempo que lhe falta pra perceber?
Será que temos esse tempo pra perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Mesmo quando o corpo pede um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não pára
Será que é tempo que lhe falta pra perceber?
Será que temos esse tempo pra perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não pára."

É engraçado, né?
Eu tenho essa sensação de estar presa no tempo. Na verdade, de ser escrava do tempo, sabe? Presa às coisas que eu tenho que fazer e que, apesar de gostar delas, não são tudo o que eu quero... Falta. Falta fazer rapel, falta, conhecer a Inglaterra, terra do rei Arthur, falta ver as pirâmides, conhecer os segredos da NASA e do Vaticano, ver um disco voador... Queria ser uma pessoa cheia de histórias pra contar, porque pra isso eu teria que viver muito, e muito intensamente.
Eu acho a letra dessa música muito louca, porque a gente quer um monte de coisas que todo mundo quer também. A gente quer tempo, mas todo mundo também quer... E o engraçado é que ela faz a gente ficar pequenininho. Quando ele fala que "a gente espera do mundo e o mundo espera de nós um pouco mais de paciência" eu sinto como sou pequena, porque imagina a pressão que é ter o mundo inteiro esperando alguma coisa de você! Pior: o mundo inteiro (que é enorme) espera alguma coisa que ninguém no mundo tem hoje, mas você é obrigado a ter.
E ele fala também que nos falta tempo pra perceber e pergunta, ironicamente, se a gente tem esse tempo pra perder. Perder tempo em nos conhecer melhor, conhecer o mundo, perceber as coisas que acontecem, as pessoas, crescer com isso... Isso, definitivamente, não é perder tempo, mas o mundo acha que sim, e não podemos mais desapontar o mundo. Ele mesmo fala isso. Depois de perguntar se a gente tem esse tempo pra perder ele fala "e quem quer saber? A vida não pára".
Eu queria saber. Eu quero saber. Por isso tenho que correr, tentar acompanhar o tempo, o mundo, a vida que não pára.

11.5.05

Internetês

Olha só! Depois de milhaaaares de anos... Eu queria saber por som nesse negócio. Aí eu ia cantar, com toda minha voz grave, um Cauby (acho que é ele): "Eeeeuuu volteeeei!"
Bom, eu estava dando uma olhada numa comunidade do orkut da qual eu faço parte e um dos tópicos era sobre um problema que alguns tradutores de filmes estão começando a enfrentar nesses tempos cibernéticos: o internetês.
É isso mesmo! Por incrível que pareça, tem um pessoal defendendo a bandeira dos textos escritos naquela linguagem esdrúxula de internet. Ah, gente. "Pera" lá, né? Sabe, acho que temos mesmo que modernizar a língua, "oxigenar" as coisas, como uma das meninas dando opinião naquele tópico colocou, pois a mensagem tem que ser entendida e a linguagem coloquial, a oralidade muitas vezes são bem-vindas para isso. Mas vejam bem o que eu disse. A MENSAGEM TEM QUE SER ENTENDIDA. Falando sério. Vocês entenderiam um texto corrido, inteirinho, só escrito assim? Não dá, né? Sem contar, como também foi muito bem lembrado no tópico, a galerinha em fase de alfabetização. Pessoal, a gente escreve o que a gente lê!
Acho que não tem nada demais adequar a linguagem ao público. Não vejo problema em escrever "isso tá legal" para m público jovem, moderno. Mas essa linguagem usada hoje nas salas de bate-papo e nos msn da vida virtual é quase um dialeto. Ninguém merece, né?

18.1.05

Tragédia da Vida Solitária

Eu sei que o título é um plágio de “Comédia da Vida Privada” e, podem ter certeza, eu preferiria mesmo que fosse uma comédia, mas... Nem tudo na vida a gente pode escolher. Algumas coisas que acontecem conosco são simplesmente inexplicáveis. Uns atribuem esses acontecimentos ao azar. Outros citam Murphy. Há ainda aqueles que dizem que o que recebemos nesta vida é resultado do que fomos em outra vida. Muitos reclamam, questionam Deus. Outros deixam de acreditar Nele. Muitos acham que é Ele próprio que nos coloca em situações difíceis às vezes para nos testar, averiguar a nossa fé ou ainda para nos fazer mais fortes. Sinceramente? Eu não sei no que eu realmente acredito. Minha alma e meu coração ainda não estão prontos para entender tais mistérios. Eu não sei que nome dar isso. Só sei que hoje de manhã eu acordei, sai debaixo do meu edredom delicioso (sim, porque eu não durmo sem edredom), fui tomar um banho para ir trabalhar e... o desgraçado do chuveiro queimou! Tive que tomar um banho gelado! Justo eu, meu Deus, que morro de frio só de tomar sorvete! (é sério, perguntem ao Kiko sobre a minha blusa de tomar sorvete!). E eu pergunto “Por que, meu Deus? Com tanta gente querendo um ar-condicionado, um ventinho, uma brisa que seja... por que eu deveria sofre com um banho gelado?”.
Bjim congeladim pra todos!

17.1.05

A história de nós dois - as coincidências da vida

Ontem eu e o Kiko estávamos conversando com a minha vó, dona Sylvia, que eu a-do-ro, e ela disse que tinha ido passear em Cordeirópolis, matar a saudade do tempo em que morou lá (quando ela era pequena). Aí eu e o Kiko contamos para ela que a vó do Kiko mora lá. E papo vai, papo vem... minha vó acabou contando que ela brincava muito com duas meninas lá em Cordeiro, irmãs, que moravam perto da casa dela... e a história foi indo até que ela disse o nome inteiro de uma das “meninas”. Adivinhem? A vó do Kiko! Bem que eu falo sempre. Estava escrito!

4.1.05

Os filmes que faltaram da lista dos assistidos em 2004

Olás para toooooodos os meus amigos que acompanham o dois cantos!
Na primeira publicação do ano preciso fazer uma retratação da minha lista de filmes. Na verdade é apenas uma complementação de alguns filmes que eu esqueci, mas, em alguns casos, um esquecimento imperdoável!
Bom, vai fora de ordem mesmo, certo?
O dia depois do amanhã - Não deixou de ser mais um filme com aquela carinha estadunidense, com umas forçadas... o interessante é que num determinado momento do filme é feita uma sutil crítica aos EUA sobre a sua não-participação no Protocolo de Kioto. Mas é só! Filme sessão pipoca!
Moulin Rouge – Como eu pude esquecer de incluir esse filme na lista? Ótimo! Muito bom mesmo! Tudo, os atores, as músicas, a história... Só assistindo mesmo.
Resident Evil (1 e 2) – Ah, eu não posso falar muito do filme. Não faz muito meu estilo, mas para os fãs do jogo... Melhor o Kiko comentar!
Verônica Gerin – O custo da coragem – Esse eu já falei aqui, é muito bom! Não vou ficar repetindo.
A paixão de Cristo – Uma palavra pode resumir bem esse filme: carnificina. A maquiagem é ótima (tinha que ser, né?). Mas acho que a maior discussão em torno do filme foi em relação à sua fidelidade à história. Se Jesus passou realmente por tudo aquilo? Não sei... tenho algumas teorias, mas que ficam pra próxima!
A Vila – O problema desse filme foi a propaganda mal-focada. Trailers prometendo um filme de terror que arrastaram muuuuita gente pro cinema. Só que o filme é sobre outra coisa, completamente diferente, e, é claro, muita gente se decepcionou. Mas o filme é muito bom. Muito melhor do que se fosse um terrorzinho! Um filme sobre a violência e a ingenuidade, um filme sobre a fuga do terror. Vale a pena.
Colateral - Pra ser sincera, lembro que saí do cinema contente com o filme, tinha gostado, mas só lembrei dele porque vi o nome dele num site e tive que ler a resenha para me lembrar. Por isso acho que é um filme legalzinho, mas que não faz diferença, a não ser pelo Tom Cruise no papel de vilão (raro!).
Gangues de Nova York – Não sei quanto a validade histórica do filme, mas a história é interessante. Um pouco confusa, mas interessante. Achei um pouco pesado.
Olga – Bom, muito bom! Qualidade de imagem indiscutivelmente de primeira. Tudo muito bom. A única coisa lamentável é que não é apenas ficção. Vale a pena assistir.
12 homens e outro segredo – O derradeiro de 2004, no penúltimo dia do ano! Confuso, como tinha que ser, senão não seria uma boa continuação do “Onze homens e um segredo”. Algumas coisas ficaram sem explicação, ou talvez eu tenha que assistir de novo para pegá-las!
Bom, pessoal, agora acabou a lista de 2004! Já comecei a de 2005 com 3 filmes que já assistimos e estou fazendo uma lista dos que pretendo assistir e de indicações, se alguém quiser indicar... por favor! Eu e o Kiko vamos adorar! (preciso arrumar outro assunto para publicar aqui, né? Só tem filme!!!).
Bjim!