Enquanto a Rosa foi escolhida para simbolizar a
beleza e a orquídea, para representar a elegância, a Maria Sem-Vergonha com sua
despretensão se espalha pelas sarjetas da cidade e provavelmente nunca será
tema de música.
Em vez de se guardar e desabrochar apenas em
grandes eventos ou ocasiões especiais, ela se oferece o ano inteiro para
qualquer um.
Sem nenhuma ostentação nem opulência, ela se
presta a enfeitar as ruas mais cinzas e os becos mais isolados, colorindo a
vista de quem anda cabisbaixo.
Sua completa ausência de timidez permite que a
Maria Sem-Vergonha tome para si o lugar que bem entender, sem nem pedir
licença, e sua delicadeza garante que isso ainda arranque sorrisos dos que a observam.
Como ninguém quer uma sem-vergonha, essa Maria
goza da mais pura liberdade longe dos vasos. E, apesar do peso que a autonomia
representa, ela consegue manter sua leveza, continuar florindo, mesmo depois
das tempestades, e estar sempre na companhia de gentis borboletas amarelas.
Enquanto o mundo se ocupa em valorizar o belo, o
raro, o exclusivo, a Maria Sem-Vergonha é uma verdadeira ode à simplicidade.