20.8.06

Museu da Língua Portuguesa

Já fazia tempo que eu morria de vontade de visitar o Museu da Língua Portuguesa, então aproveitei minhas férias, o curso que tinha em São Paulo, e fui pra Estação da Luz.


Ao contrário do que podem imaginar ao mais desavisados quando falamos em um museu da língua portuguesa, o lugar não é cheio de livros velhos e bustos de escritores consagrados. Na verdade, o museu é demais! Eu fiquei apaixonada.

Para começar, o próprio prédio da Estação da Luz já é maravilhoso. O museu em si é dividido em três andares: o primeiro com uma exposição que muda sempre, o segundo traz a história da língua, influências e um jogo de montar palavras, e o terceiro com um filme e uma apresentação fantásticas de textos.

Quando eu fui (dia 11 de julho), o primeiro andar tinha uma exposição de “Grande sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa. Iluminado e com um clima de sertão mesmo, o ambiente do primeiro andar do museu estava extremamente envolvente. Páginas do livro datilografadas em pedaços de pano, como bandeiras, revisadas pelo próprio autor, penduradas em varais e presas lá em cima, perto do teto, por saquinhos de areia que desciam e ficavam na altura da minha cabeça. Dava pra puxar essas bandeiras do livro pra baixo, para ler, e aí os saquinhos de areia iam pra cima enquanto eu segurasse a bandeira lá embaixo.

Ainda neste clima árido, vi algumas frases escritas em tijolos, frases ao contrário em barris de água que só podiam ser lidas com a ajuda de um espelho e montes de “entulho” com tinta que se transformavam em textos quando eu olhava de cima de umas escadinhas localizadas nos cantos do salão do primeiro andar. Também tinha umas frases escritas nas paredes, mas dava pra ler porque faltavam algumas letras, e outras frases escritas em painéis de acrílico, que também não dava pra ler porque faltavam várias letras, e, entre as demais coisas expostas, uma argolinha presa num apoio através da qual eu devia olhar para que a frase do painel de acrílico se sobrepusesse à frase da parede de modo que elas se completavam.

Fiquei impressionada com a quantidade de crianças ali. Todas interagindo com a exposição.

Fui então para o segundo andar, que é escuro e tem um clima todo tecnológico. A primeira coisa que vemos quando entramos neste ambiente é uma tela gigante, que ocupa uma parece inteira do lugar. Ali vemos temas totalmente ligados a nós, como carnaval, futebol e danças, com um texto que liga tudo á nossa língua.

No meio do salão do segundo andar, alguns pilares contam a história das influências que a língua vem sofrendo no Brasil, desde os índios até os orientais, em ordem cronológica.

Na parede do fundo desta sala, temos uma “árvore genealógica” das línguas.

Ao longo de uma das paredes laterais, vemos a história da língua, desde muito antigamente até hoje, com destaque especial para o século 20 e os primeiro anos do nosso século atual, passando pelas propagandas, rádio, TV e pelas linguagens regionais até chegar na linguagem da internet. Tudo pequenos “dicionários” que “traduzem” a língua falada para a dita “culta”, o que é muito interessante, especialmente para quem tinha acabado de ler “Preconceito Lingüístico” do Marcos Bagno. Vale a pena ler o livro, conferir a seriedade com que são tratadas as diversas formas que temos de falar a mesma língua no Museu da Língua e pensar um pouquinho, rever nossa postura!

Ainda neste andar, temos um jogo formado por uma mesa que parece uma tela de computador. Nesta mesa, ficam “andando” pra lá e pra cá sílabas soltas. Ao passar a mão por cima da mesa a uma distância de uns 10 cm, o contorno do nosso braço e seus movimentos são reproduzidos na superfície da mesa e empurram as sílabas. Dessa forma, podemos formar palavras. Assim que formada uma palavra, o jogo explica seu significado e começa tudo de novo. O que mais me impressionou neste jogo foi a quantidade de crianças participando. (Aliás, não só do jogo, mas do museu todo. Algumas, inclusive, ainda não era alfabetizadas, mas pediam para as mães ler e explicar as coisas interessantes que viam). Eram muitas crianças brincando de formar palavras e a rapidez com que jogavam e formavam as palavras era impressionante.

No terceiro andar, temos a Praça da Língua e o Beco das Palavras, um espaço maravilhoso, onde podemos ler nas paredes textos lindos, intrigantes, famosos... Assistimos a um filme que fala sobre a língua e, em seguida, vamos a um lugar especial, onde ouvimos leituras deliciosas e somos presenteados com um show de lasers. Este último não dá pra explicar. Tem que ver pra sentir.

Eu recomendo com toda certeza o Museu da Língua Portuguesa. Basta pegar o metrô e descer na Estação da Luz. Eu paguei R$ 4,00 para entrar. Estudantes e pessoas com mais de 60 anos devem pagar menos.


20 de agosto
- dia do vizinho
- dia do maçom



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