Bem na frente dela estava um lugar bonito. Um campo verde, com uma montanha ao fundo, algumas árvores, algumas flores. Predominava o verde, mas tinha umas pinceladas de marrom nos galhos e troncos, e outras coloridas, pequenas, delicadas. Delicadas como ela.
O céu era uma mistura cuidadosa de vários tons de azul com um pouco de branco, iluminado. Tinha um cheiro de tranqüilidade que a fazia respirar fundo, como se aquele cheiro fosse acabar. Não ia. Nunca mais.
Ali, uns velhos conhecidos que havia tempo que ela não encontrava a chamavam para matar a saudade. E ela se preparava calmamente para ir encontrar com eles. E eu, egoísta que sou, não queria que ela fosse. Queria que ela ficasse ali, comigo.
Mas ela ia. Pedi para me levar junto, então. Ela disse que um dia levaria, mas não naquele dia.
E eu pedi para ela não ir. Pedi tanto que ela ficasse mais um pouco.
Mas ela já tinha ficado bastante. E acho até que ela já tinha cansado de ficar.
E aquele lugar pra onde ela ia era lindo, uma verdadeira pintura. E ela gostava tanto de pintura que não podia deixar de ir.
E eu sabia que ela ia e não consegui segurar nenhuma lágrima sequer. Eu sabia que ela não voltaria, que eu morreria de saudade, e que nada ia ser igual a antes porque ela tinha mudado minha vida. E estava mudando de novo.
Ela foi para a pintura. Eu ainda estou no cinza.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
4 comentários:
Oi Marcelita. E esses textos melancólicos aí? Te amo.
Ei, Má...
Lindo texto!!
Vc escreveu esse texto pensando na vó? Certeza q ela adorou!!!
Bjo!
Dri Nakagawa
E ela partiu... e eu fiquei ali, sentindo um aperto no peito e um gosto ruim na boca, pensando que não a teria mais comigo... Mas ela viveu bem, deixou muitas lições e continua morando em nossos corações...
Lindo, Má!!
Beijo,
Telma
Postar um comentário