10.7.13

Porque eu não penteio seu cabelo



Ele tem um brilho tão natural e tão encantador que me hipnotiza e me faz incapaz de perturbar sua natureza. A leveza de suas mechas é a mesma que desejo para seu espírito, e que assim seja também com seu crescimento. Cresça para todos os lados, ocupe todo seu espaço, vá até onde sua cabeça permitir, mas sem perder as raízes.

Desejo que essa bagunça eterna de fios e mechas e meios cachos reflita que você é muito mais essência que aparência, mas que sua essência seja linda e doce como sua aparência.

Claro que cabe a mim manter a cabeleira em ordem, limpar qualquer resquício de sujeira desse mundo e deixá-la saudável, disposta a suar o quanto for preciso e preparada para alguns inevitáveis banhos de água fria.

Também é meu dever aparar as pontas e cuidar para que ela expresse toda sua personalidade, mas permaneça na linha. Afinal, cabelos passam por fases rebeldes e, eu já aviso, às vezes pedem até soluções meio radicais. Mas pode ficar tranquilo, porque mesmo que eu raspe sua cabeça, vai ser com todo cuidado e todo carinho do mundo, para que a juba volte a crescer mais bonita e mais saudável.

Eu acredito que cabelos são feitos para voar ao vento, para refletir a luz do sol, para passar entre os dedos e nos lembrar que são as sensações do dia a dia que fazem a vida valer a pena. Sendo assim, como eu poderia querer pentear o seu?













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