22.11.05

Não falamos a mesma língua

Não falamos a mesma língua

"Se os homens soubessem o poder que têm, as mulheres cairiam aos seus pés." "Se os homens soubessem o poder que têm as mulheres, cairiam aos seus pés." Percebeu a diferença? Pra uns ela é clara. Pra outros, um pouco sutil. Mas tem aqueles que não conseguem enxergar de jeito nenhum. Como é difícil, meu Deus do céu (!), para algumas pessoas, simplesmente ler uma frase e entender seu conteúdo. E pessoas alfabetizadas! Até com "nível superior completo"! Tá certo que o português não é a língua mais fácil do mundo, que é cheio de regrinhas, que também é cheio de exceções. Mas, pelo menos nós aqui, não falamos português desde que nascemos? Falamos , ouvimos, lemos... Não precisamos escrever um português machadiano, mas deveríamos, no mínimo, ter um pouco de pudor na língua que fala, nas mãos que escrevem e no cérebro que decodifica as mensagens que recebe, certo? Claro que não estou me referindo às pessoas que não puderam freqüentar escola, que não tiveram ou não têm a orientação necessária. Estou falando é das pessoas que não fazem questão, daquelas que descobrem uma palavra nova e querem usá-la sem nem ao menos conhecer seu significado ou seu emprego, daquelas pessoas que pensam "mas você não entendeu o que está escrito, o que estou querendo dizer?". Daquelas pessoas que, quando escrevem alguma coisa errada, diante da revelação de seu erro, perguntam "mas está muuuuito errado?". Ora, por favor! Sim, devemos levar em consideração para quem a mensagem é destinada, o que realmente queremos que a pessoa leia, a flexibilidade que as gírias, a oralidade e os meios de hoje nos dão. Por exemplo, há algum tempo, vi um outdoor de celular na rua que anunciava que agora as pessoas podiam mandar mensagem de celular para celular, e o texto do outdoor era alguma coisa parecida com : "mande msg p/ quem vc quiser". Não lembro exatamente a frase, mas o fato é que o público para quem o anúncio se destinava estava acostumado com este tipo de escrita. Mais que isso, é desse jeito que mandamos as mensagens de celular, já que escrever letra por letra no teclado do celular demora demais e o visor do telefone é pequeno, além de, na maioria dos casos, mandarmos mensagens de celular apenas para pessoas próximas, com as quais podemos nos valer desse recurso. Nesse sentido, o outdoor era muito bem sacado. Mas com algumas coisas não dá pra ter flexibilidade. Temos que saber quando podemos usar as gírias, a oralidade e os meios de hoje. Um texto tem que ter uma ordem lógica. Sempre. A pontuação é fundamental para mantermos essa lógica. A concordância também! Talvez o problema esteja exatamente em estarmos habituados à língua. Talvez o problema seja o ouvir português desde que nascemos. O português com todos os vícios. Talvez devêssemos ter ouvido seletivo. Então o problema seria biológico. Que procurar o certo, que nada! Deus devia ter feito a gente com um dispositivo especial que capta as coisas erradas, não só no português que falamos e ouvimos. Um dispositivo que filtrasse as coisas que acontecem à nossa volta e que fosse utilizado também quando precisássemos fazer alguma coisa, escrever ou tomar alguma decisão, filtrando as possibilidades que dariam errado. Se bem que... pensando bem... será que não é esse dispositivo que costumamos chamar de bom senso?

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