23.1.06

25

Eles chegaram. Antes que eu imaginava. E sem que eu me desse conta, instalou-se em mim um sentimento contraditório em relação a minha idade. Em cinco anos estarei nos 30. Nunca antes me vi com 30 anos. Nem me vejo agora!
É engraçado isso, essa sensação de que se é velho pra algumas coisas e ainda muito novo pra outras tantas. A última vez que senti isso foi quando eu tinha uns 12 anos, acho. Eu ainda tinha vontade de brincar, mas, sem saber o porquê, às vezes aquilo parecia meio ridículo.
Será que quando eu estiver mais velho e meus filhos já forem grandes vai acontecer a mesma coisa? A mesma sensação? Acho que sim. Vejo meus pais, por exemplo. Eles babam por uma criança. Minha mãe às vezes até fala de um neto. Mas ao mesmo tempo, nenhum deles “está pronto” para ser avô.
Como é difícil passar pelas “etapas” da vida! E é engraçado como a transição dessas etapas é marcada socialmente. A gente é cobrado por isso. Quando você termina o colegial, tem que entrar na faculdade. As perguntas sobre namorado/a que vinham sendo feitas desde os 15 ou 16 anos, mais ou menos, dão lugar à curiosidade sobre sua vida profissional, todo o seu potencial e as previsões sobre o seu brilhante futuro. “Qual faculdade você vai fazer?” - essa é a perguntar-base para qualquer conversa com alguém com seus 18 anos. E tem gente que não sabe nem mesmo continuar o assunto se o fulano nos seus 18 anos não estiver pensando em faculdade. Depois de resolvida a situação da faculdade, satisfeitos todos os desejos de todo mundo sobre o seu futuro, as perguntas sobre namorado voltam. Para as meninas é assim. Para os meninos, nem sempre. Claro que todo mundo fala da curtição da faculdade, mas no fundo, no fundo, ninguém tá mesmo afim de ouvir as loucuras do mundo universitário. Ninguém quer ver que o tempo passou pra si mesmo e que agora não tem mais a chance de fazer as loucuras que o cara da faculdade faz. Então volta o assunto namorado/a. Depois de algum tempo que você está namorando e, obviamente, já acabou a faculdade, começam as perguntas sobre casamento. É, porque ninguém é louco de tocar nesse assunto enquanto você ainda está na faculdade. Principalmente com os meninos, porque eles, sim, devem aproveitar a vida (como se aproveitar a vida se resumisse em baladas e orgias de solteiros, e como se fosse verdade que essas orgias deixam de habitar o imaginário masculino mais velho para se realizar no incrível período universitário!). De qualquer forma, as perguntas sobre casamento chegam para todos. É inevitável. E depois das perguntas sobre casamento, ou até mesmo junto com elas, vêm as perguntas sobre filhos. Porque parece que ninguém consegue conceber a idéia de que um casal pode ser feliz sem um filho. E aí as perguntas sobre você dão uma trégua e entram as perguntas sobre o seu filho. Ele já está andando? Já está falando? Sabe ler? Você deixa ele ir no clube sozinho? E assim é a vida. Uma sucessiva bateria de pergunta e respostas.
É, meus 25 chegaram. Estou perto dos 30 tanto quanto estou perto dos 20. Ando respondendo as perguntas que me fazem com um sorriso. Isso é o suficiente que as pessoas precisam saber de mim, da minha vida. Meus desejos, meus sonhos e minhas angustias são meio confusos dentro de mim, como foram antes, como vão continuar sendo e como, aposto, são pra todo mundo. E, na verdade, eu gosto disso. Eu gosto do frio na barriga que me dá antes de conhecer coisas novas, eu gosto da improvisação, eu gosto de ter opções nas mãos e poder escolher, mesmo que tudo isso me custo alguns tropeços. Eu gosto dos meus 25 anos.


22 de janeiro
- aniversário do Kiko (25 anos)

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