15.12.06

Pagu e Pessoa

Estou lendo Paixão Pagu, uma autobiografia de Patrícia Galvão, figurinha singular, importante para a história do Brasil – tanto política quanto culturalmente.

O livro, na verdade, é uma carta que ela escreveu a Geraldo Ferraz, seu último marido, seu companheiro intelectual, como é dito no livro muitas vezes. Uma carta em que ela conta tudo. Tudo que sente, tudo que pensa, tudo que quer... todas as suas angústias. Mas não vou ficar aqui fazendo o prefácio ou a crítica do livro. Acho que ele deve ser lido, estou amando cada página, mas não tenho a pretensão de comentar o livro. Minha única intenção é falar de mim. Das minhas opiniões, percepções, meus pensamentos. É isso mesmo. Eu e meu egocentrismo, que não me permite ser imparcial, nunca. Mas não me importo muito com isso.

Comecei a escrever porque, lendo o livro, vi como sou uma pessoa pequena. Mesquinha mesmo. Admirei tanto essa mulher, o jeito com que escreve, sua vontade de vida. Queria ser assim, pensar assim, sentir assim. Queria, como ela, encontrar uma causa à qual me doar completamente. Queria sua coragem, sua visão de mundo. É incrível como ela se despe para escrever sobre si. Eu queria conseguir fazer isso também. Queria conseguir me ver sem nenhuma amarra. Queria me soltar dos medos que me enfraquecem.

Vi que sou pequena por me deixar enfraquecer pelos medos que tenho. Por ter inveja de tudo que eu li. Não das histórias por que ela passou, pois muitas são tristes, muitas estão fora do meu campo de compreensão. Não do entendimento, mas da compreensão, como ela mesma disse. Mas inveja do jeito que ela viu tudo e de tudo que ela viu.

Mas o mais interessante é que vi que sou pequena por muitas vezes pensar as mesmas coisas que ela, e porque isso aconteceu principalmente nos momentos em que ela mais se criticava. E o que eu via ali de parecido comigo não era somente a crítica que ela fazia, que eu também faria, mas também o pensamento que ela estava criticando.

E não é primeira vez que isso acontece. Livros e filmes mexem muito comigo. São meus divãs, a forma que tenho de me entender, entender as pessoas, mudar minha visão de mundo. Letras de músicas também têm este poder comigo. Tudo que é palavra é assim. Livros, obviamente, mais que filmes, porque exigem mais imaginação e, claro, mais tempo, o que faz a gente ficar ruminando aquilo tudo que está sendo lido e absorvido.

Achei interessante me ver mesquinha assim. Claro que não é tão agradável quanto quando eu leio um livro que me abre a mente para coisas novas, ou quando um outro me aproxima de algo que eu gosto. Ver coisas que a gente acha feio em nós mesmos é um pouco dolorido, frustrante. Mas a melancolia às vezes é boa.

Quer dizer, eu gosto de coisas assim. Acho até que rendo mais quando estou meio triste, melancólica, porque acho que presto mais atenção aos meus pensamentos, dou mais força a eles. Ou talvez pensando assim eu esteja sendo pretensiosa. Talvez o que acontece seja o oposto, e eu dê mais força a outros pensamentos que não os meus, sem me importar muito se isso fere meu ego enorme. Não sei.

Só sei que muitas vezes me encontro ao ficar melancólica, ao ver meus defeitos (ou, pelo menos, aquilo que considero defeito em mim) assim estampados na minha cara. Alguns defeitos que considero até qualidades. Sinto isso ao ler Paixão Pagu, e sinto isso muitas vezes ao ler Fernando Pessoa.

Não sei se minha fraqueza me permite ir além da dor para alcançar o que desejo, sei que não sou nada. Mas também me vejo em mim todos os sonhos do mundo, o desejo de tornar minha vida grande, de toda a humanidade, “ainda que para isso tenha de a perder como minha”.


15 de dezembro
- dia do esperanto
- dia do jardineiro

6.11.06

Segunda-feira

Segunda-feira é f***. Segunda-feira de manhã então é a pior coisa que existe.
O nosso ritmo normal, estabelecido pelo nosso corpo no final de semana, é quebrado. No fim de semana não somos escravos do relógio e é o nosso próprio organismo que estipula o que devemos fazer de acordo com a sua necessidade, o que na minha opinião só pode ser saudável.

Mas aí vem a segunda-feira de manhã e, com um sonoro safanão bem no meio do descanso sagrado do nosso corpo e da nossa mente, nos tira da rotina biológica saudável do final de semana e nos faz levantar correndo.

Os primeiros momentos da segunda-feira são os mais difíceis, porque são eles os responsáveis por nos tirar daquela situação confortável do fim de semana. E tem gente que não percebe a importância da paz e da tranqüilidade nesta hora.

Toda segunda-feira de manhã eu tenho que pegar ônibus da cidade onde moro no fim de semana para a cidade onde moro durante a semana. É mais ou menos uma hora de viagem, que começa exatamente às 6h30 da madrugada (hora em que tudo que uma pessoa normal deseja é estar dormindo placidamente).

Eu chego, compro minha passagem, entre no ônibus e, antes de dormir, rezo. Rezo para que eu consiga ter mais uma horinha dormindo gostoso. Rezo para que as pessoas que viajarem no mesmo ônibus que eu desejem também dormir tranqüilas, e não fazerem um resumo do final de semana ou pensarem na vida assobiando.

É verdade! Pode dar risada, mas é verdade. Já aconteceu de tudo nestes 2 anos de viagens toda segunda-feira de manhã.

Uma vez um senhor entrou no ônibus, sentou no banco exatamente atrás de mim e começou a assobiar, olhando pela janela. Um assobio tão alto que impedia que meus olhos de ser fecharem, mesmo às 6h30 da madrugada.

Hoje aconteceu outra. Justo hoje, a primeira segunda-feira depois da mudança para o horário de verão, o dia mais difícil do ano de se levantar! Cheguei no ônibus imaginando que o pessoal ia estar com sono, ia aproveitar pelo menos essa segunda-feira pra dormir em paz.

Mas eis que entram ali dois caras. Acho que eles são amigos-de-ônibus. Sabe aquelas pessoas que você sempre encontra pelo meio do caminho mas que, na verdade você não conhece? São pessoas que você encontra sempre no mesmo lugar – o cara da padaria que sempre compra 3 pãezinhos de manhã com o jornal debaixo do braço, a moça no elevador que todo dia abre a bolsa e fica procurando o crachá para bater o ponto, o cara que sempre pega ônibus no mesmo horário que você – e de tanto encontrar com elas, você passa a cumprimentar, comentar alguma coisa sobre o tempo ou sobre como o fim de semana foi bom, etc. estes são o amigo-da-padaria, a amiga-do-elevador, o amigo-do-ônibus...

Mas voltando à minha segunda-feira de manhã, os tais dos amigos-de-ônibus entraram às 6h30 no ônibus, sentaram-se a mais ou menos 3 bancos de distância um do outro (e não é porque não tinha lugar, acho que é aquele preconceito idiota de que homem não senta com amiguinho, ou então eles não queriam dar um passo a mais na relação amigo-de-ônibus... ah, sei lá porque!) e começaram a conversar!

É isso mesmo! Sentados a 3 bancos de distância um do outros, os dois caras começaram a falar sobre futebol. Deram o resumo esportivo do final de semana e aproveitaram para acrescentar os comentários e previsões para o próximo campeonato, as contratações e escalações.

E para terminar essa conversa tão agradável, num horário tão oportuno, eles começaram a discutir o próprio horário de verão, que deixa todo mundo com sono, que àquela hora era, na verdade, 5h30, e que bom mesmo seria estar dormindo. E por mais longos 20 minutos eles continuaram neste assunto, falando que àquela hora era melhor estar dormindo, falando alto para que um pudesse ouvir o outro, mas sentados a 3 bancos de distância. E eu pergunto: dá pra entender?



6 de novembro:- (1964) O Congresso Nacional Brasileiro aprova um projeto de reforma agrária.

1.11.06

Paradoxo

Cada vez que uma pessoa próxima vai embora eu fico pensando na vida, tentando inutilmente achar sentido em algumas coisas. Tomo decisões fugazes, encho minha cabeça de dúvidas e, por fim, volto à minha vida.

Fico pensando em todas as coisas que eu queria fazer. Sinto que tem um mundo inteiro me esperando, e que eu é que não posso mais esperar.

Sinto uma angústia. Alguma coisa fica sussurrando no meu ouvido, dizendo que não vai dar tempo de fazer nada. Acho que sofro da síndrome do coelho da Alice. Pra mim, parece que é sempre tarde. É tarde, é tarde, é tarde! Não vai dar tempo!

O tempo está passando e eu estou aqui, sentada numa cadeira em frente a um computador me embriagando com imagens e informações virtuais, adquirindo uma pseudocultura de banheiro com coisas que eu quero, na verdade, ver, sentir, tocar e aprender ao vivo.

O tempo vai passando e eu vou conhecendo lugares maravilhosos apenas através de livros. Dos livros e das imagens que minha mente produz a partir do que leio neles. E isso mostra para mim o quanto é falsa a minha sensação de liberdade à noite, quando eu chego na minha casa e posso fazer de janta o que eu quiser. Isso mostra que minha autonomia de ir e vir não vai além da padaria na esquina.

E depois de uma breve depressão, acabo me convencendo de que um dia farei tudo que sonho. Um dia eu terei tantas histórias que eu terei que escrever um livro. Acabo me convencendo mais pelo cansaço de me sentir assim do que por qualquer outro motivo, porque eu gosto de gostar da minha vida.

É paradoxal, eu sei. Porque se eu fizesse tudo o que passa pela minha cabeça quando eu entro neste estado filosófico que sucede uma despedida eu teria que deixar para trás um monte de coisas maravilhosas que eu vivo e que são incompatíveis com muitas das coisas que eu desejo. E eu não quero deixar nada pra trás.

Acho que eu é que sou complicada. Aposto e ganho que se vivesse as outras coisas que quero e não vivo, eu ficaria assim também. E acho que não seria só depois das despedidas. Seria muito mais.

Mas a melhor parte de ser assim complicada, com tantas vontades e tantos sonhos, sem dúvida nenhuma, é ter do meu lado alguém que sente isso. Que quer muitas coisas diferentes, mas comigo junto. E que não quer deixar nada pra trás também.

A melhor parte de assim enrolada é que um dia, quando eu falei que eu sou complicada, o homem da minha vida disse que não me via como um rolo, mas como solução.



1º de novembro
- dia de todos os santos(1512)
- as pinturas de Michelangelo no teto da Capela Sistina são exibidas ao público pela primeira vez.

27.10.06

Quem eu sou?

Sou muitas pessoas. Sou a filha, a namorada, a amiga, a namorada do amigo, a publicitária, a redatora, a moça da sala ao lado, a neta, a prima, a irmã, a chata, aquela que tem voz estridente, aquele que nadava uns anos atrás, a menina que sentava no fundo da classe, a amiga da amiga, a moça do sétimo andar, aquela uma que eu não lembro de onde eu conheço...Quem eu sou depende de quem você é!

17.10.06

A partir de agora

O que se passa na minha cabeça nesse momento?

Muita alegria. Sorriso, lágrimas, risada, felicidade, vestido branco, sinos, um dia especial, a pessoa mais especial do mundo, o futuro, flores, músicas... o meu amor!

Daqui pra frente, caminhamos mais juntos que nunca, até o fim. Daqui pra frente, estamos lado a lado, rumo ao infinito. Pra sempre seremos duas vozes cantando a mesma canção.

27.9.06

Eterna espera

Do alto do meu farol, sozinha, vejo névoa.

A manhã é fria, cinza. Amanhã será outra. Amanhã estarei em seus braços, espero. Já tem muito tempo que eu espero.

Olho para o céu, tentando decifrar o que é mesmo céu e o que são nuvens. Tudo é denso.
A música que escuto é densa. A letra diz exatamente o que penso, o que sinto.

Minha pele se repuxa, o vento me esfria. Volto a música várias vezes e balbucio um pedaço da letra. Sempre o mesmo pedaço, como se para afirmar e dar nome ao que sinto.

Nunca me senti assim antes. Sei que já me senti assim antes, mas nunca assim. Pesada, vazia, desequilibradamente centrada num ponto de dor que se espalha pelo estômago e vai até a nuca.

Oscilo entre a vontade de gritar e a de desfrutar o silêncio. Converter o que sinto em água, enquanto a água do mar leva meus olhos até o infinito, procurando você, um sinal. Quem sabe? Qualquer coisa me serve.

Depois de curtir tamanho nada dentro de mim, uma lembrança me faz sorrir. Outra lembrança muda meus ombros caídos para uma coluna mais ereta.

Os olhos sutilmente mudam a expressão do meu rosto, sem que nenhum músculo se mova.

Hoje, mais uma vez, sei que amanhã estarei em seus braços.


27 de setembro
- dia do cantor
- dia da música popular brasileira
- dia mundial do turismo
- dia do encanador
- dia internacional do idoso




13.9.06

Último Calvin


* Tentei de tudo quanto é jeito colocar essa tirinha aqui num tamanho bom, que desse pra qualquer um ler, mas minha incompetência pra mexer com imagem é muito grande. Então, com minhas desculpas, aqui em baixo vai reproduzido o texto da tira.

Quadrinho 1:
Haroldo – Você já está fazendo o trabalho do colégio? Não era só pra quinta?Calvin – É, eu sei... mamãe disse que as pílulas devem estar funcionando...

Quadrinho 2:Haroldo – Bem, é que está nevando lá fora e eu pensei que, talvez a gente pudesse... Bem, eu não sei. Você que diz.

Quadrinho 3:Calvin – Desculpe, eu não estava escutando. Eu realmente tenho que terminar isso.


Sou muito fã de Calvin e Haroldo. Acho que as tirinhas são realmente demais.


Outro dia eu estava dando uma olhada numas coisas sobre ele na internet e achei o que seria a última tirinha do Calvin como criança, mostrando o momento em que ele deixa de ver o Haroldo como alguém de verdade.


É triste, porque é uma coisa que sabemos ser inevitável, mas bonita, pelo mesmo motivo. Porque crescer é bonito, mas não deixa de ser triste, pois acabamos tendo que deixar muitas coisas para trás. Coisas que não necessariamente queremos deixar para trás.


É claro que, ao crescermos, temos outros tipos de felicidades, alegrias e coisas boas que dependem deste crescimento, o que torna esse processo bonito. Afinal, algumas coisas só aparecem para nós com o tempo mesmo, e outras a gente só aprecia se for no momento certo mesmo.


Mas é sempre triste deixar alguma coisa para trás.


O post de hoje dedico a uma pessoa especial, um adorável Peter Pan.


Obs: Pelo que li a respeito da tirinha, ela não foi criada por Bill Watterson, que teve publicada sua última tira de Calvin & Haroldo em 31 de dezembro de 1995, e nunca mais publicou um desenho sequer de sua maior criação. Mas sei que a tradução da tira foi feita por Eduardo Couto.


13 de setembro:
- dia do agrônomo



8.9.06

Convite às Autoridades Responsáveis pelo Transporte Público de Campinas

Bom dia!

Antes de qualquer reclamação, gostaria de fazer um convite às autoridades responsáveis pelo transporte público de Campinas. Gostaria de convidar os senhores a, durante uma semana, deixarem seus carros na garagem e irem trabalhar de seletivo (podem ficar tranqüilos, agora é mais barato!).

Uma semana é um período interessante porque vocês podem observar bem no quê resultou as novidades no seletivo, como a catraca e a permissão para que passageiros andem de pé. Na verdade não sei se o verbo ideal é observar, porque com tantas pessoas tão perto, não sei se os senhores conseguirão observar alguma coisa, mas com certeza sentirão bem o que quero transmitir aqui.

Em uma semana, os senhores também podem fazer alguns testes para saberem bem como é o dia-a-dia das pessoas que dependem deste tipo de transportes. Os senhores podem, por exemplo, no primeiro dia, irem trabalhar levando uma pasta nas mãos. No outro dia, usarem salto alto (já que estão indo trabalhar). No dia seguinte, podem levar uma criança de colo ou, colocarem um travesseiro por baixo da roupa para tentar chegar na sensação de estar grávida e andar de seletivo. Ah! E os senhores podem sentar cada dia num lugar. Tentem sentar nos últimos bancos e descer no meio do caminho.

O que quero dizer aqui é que o sistema de transporte seletivo de Campinas é lastimável. Ele é desrespeitoso, desumano e inseguro. Não é possível que um veículo que transporta até 20 passageiros em pé seja seguro, pois não há lugar para que as pessoas se segurem, se apóiem devidamente durante o percurso, já que não há nem mesmo lugar para que elas coloquem seus pés no chão de forma a manterem o equilíbrio. Também é extremamente óbvio que este tipo de transporte atente contra a saúde dos seus usuários, especialmente no inverno, quando há mais doenças transmissíveis pelo ar e elas são mais fortes. Mas acredito que a pior situação é da dignidade das pessoas, que não tem como ser preservada dentro deste tipo de transporte, grudadas umas nas outras logo cedo ou no fim da tarde, depois de um dia inteiro de trabalho.

Por isso, senhores, fica aqui o meu convite. Andem uma semana de seletivo. Andem não como autoridades, mas como pessoas comuns. Ouçam as reclamações freqüentes dos cidadãos dentro dos veículos e os gritos de “não cabe mais ninguém” cada vez que o motorista parar num ponto. Se precisarem de algum tutor, estou à disposição.
Atentem-se, por favor, para o fato de que alguns problemas exigem mudanças mais profundas. Se existem pessoas demais precisando de transporte, barateá-los e aumentar a “capacidade” dos veículos sem aumentar o tamanho dos mesmos não é uma solução muito inteligente.

Este é apenas um e-mail de uma cidadã que, como a maioria das pessoas, depende do transporte público para exercer seu direito de ir e vir, e que espera realmente ser ouvida (lida). Aguardo mais que um retorno. Aguardo, junto com todas as pessoas que andam de seletivo, uma melhora verdadeira neste tipo de transporte.

Atenciosamente.

Marcela Bragotto

(Mandei este e-mail para a Emdec, que cuida das políticas de transporte e trânsito na Prefeitura de Campinas desde 1991. Vocês acham que alguém respondeu?)



8 de setembro:
- dia internacional da alfabetização. (Aí! Mais um motivo para revolta!)

29.8.06

Nerds: Esses seres encantadores.

Quem são esses seres estranhos, com humor peculiar e que conseguem saber com detalhes todas as histórias malucas sobre coisas impossíveis de acontecer aqui, mas que estão rolando num mundo paralelo?

Aquelas pessoas tímidas, quietinhas, que na escola são alunos excelentes e fora são quase invisíveis quando ainda são adolescentes?

Essas pessoas são o máximo, e o convívio com eles é simplesmente demais!

Pra começar, eles sabem fazer piada. E piadas, claro, inteligentes. Os comentários, as associações... É divertido conviver com um nerd.

Além disso, eles sabem ser irônicos, sarcásticos.

Também é cultural. Nerd é uma pessoa que curte informação. E normalmente eles buscam informações, e o porquê disso, e o porquê daquilo. E as histórias todas que eles gostam (HQs, cinema e afins) sempre têm que ter uma explicação lógica e razoável para que eles gostem. Então eles sempre conseguem extrapolar essas explicações para outras coisas da vida. Sendo assim, eles sempre têm assunto, eles sempre têm o que perguntar, o que explicar...

Não posso dizer que é saudável conviver com um nerd, já que eles devem ser alimentados com pizza e coca-cola com freqüência, mas com toda certeza não é alcoólico viver com um nerd.

Horário também é uma coisa secundária na vida de um nerd. Eles são seres primariamente noturnos. Acredito que, para os nerds mais velhos, isso venha da época em que o único horário que eles conseguiam usar o videogame na TV sem ninguém pra atrapalhar era de madrugada, e para os mais novos, acho que isso vem do horário que eles conseguem usar a internet sem ter ninguém enchendo o saco.

Outra característica marcante dos nerds é que eles têm um apreço especial por determinados tipos de roupas. E o mais engraçado é que não é uma coisa universal. Cada um tem a sua peça, ou cor, ou tecido, preferido, independente do que os outros nerds gostem. Mas a relação dele com essa roupa é de complementaridade... ela é quase um ser vivo e um não vive sem o outro. No caso do meu nerd, a “coisa” é com blusas de moletom cinzas de capuz. Só ela é capaz de aquecê-lo suficientemente no frio!

Nerds são pessoas carinhosas, mas de um jeito muito peculiar. Por exemplo, contar com detalhes uma história incrível sobre o mundo mutante é uma prova de carinho de um nerd, pois eles guardam isso com carinho, e contar essas histórias é, para eles, praticamente abrir o coração. Então, se você souber o quanto isso vale para ele, com certeza vai se sentir privilegiado de ouvi-lo!

Eles também são meio desligadinhos, mas isso é um charme dessas criaturas!

Nerds são realmente seres encantadores, especialmente aquele nerd que está do seu lado, dividindo tudo com você. Eu não troco meu nerd por nada nesse mundo!




29 de agosto:
- dia nacional de combate ao fumo (Ah! Nerds normalmente não fumam também!).

21.8.06

Meu rico pai

Neste final de semana conheci uma pessoa extremamente desagradável. Talvez a pessoa mais desagradável com quem já conversei.

Eu e o Kiko fomos buscar uma pessoa em treinamento num hotel e entramos para esperar. Eis que vem então o palestrante do dia perguntando quem éramos e se fazíamos parte do programa. Dissemos que não, que estávamos apenas esperando alguém que estava fazendo o treinamento.

O cidadão, que eu nunca tinha visto antes na minha vida e nunca mais verei de novo, então se apresentou como uma pessoa rica, que ganha 37 mil reais por mês, mesmo sendo faxineiro e tendo cursado apenas até a quarta série primária. Tudo por conta do dito cujo programa. Ele então perguntou o que fazíamos da vida, e respondemos que somos publicitários.

Ele então começou a dizer que o Kiko é um idiota por não ganhar 37 mil reais por mês e que eu era ainda mais idiota por ficar com ele, por acreditar nas promessas que ele me fez.
Levando tudo na brincadeira (é, porque eu não acreditei que alguém fosse capaz de falar naqueles termos com alguém que não conhece) eu disse sorrindo que o Kiko não precisava me promoter nada e que nós estamos bem deste jeito e que gostamos do que fazemos. E o cidadão diz pra gente “é... pobre faz o que gosta, rico faz o que convém.”

Aí ele começou um discurso dizendo que não achava certo alguém com curso superior ganhar o que ganha aqui no Brasil, que todos os irmãos dele são formados mas ele, o único que não estudou, ganha muito mais que os outros, e, em tom de deboche, estava tentando provar pra mim e pro Kiko que dinheiro é tudo, é a coisa mais importante do mundo.
Eu não acho, eu não concordo com isso, mas respeito que tem opinião diferente da minha. Não gosto é de gente que tenta mudar a minha opinião a qualquer custo.

Ainda em tom de deboche, o cara disse que acha importante fazer curso superior, que a filha dele faz faculdade também. Ele não sabe faculdade do quê a filha faz, mas “ele tem dinheiro pra pagar isso”.

Eu, educadamente, disse que não achava isso muito interessante, que não pensava diste jeito, mas aí ele apelou dizendo que a única coisa boa que meu pai podia me dar na vida era dinheiro. Que foi dinheiro que me fez fazer faculdade e ser quem eu sou, e ainda perguntou se meu pai era rico.

Na hora, eu perdi a paciência e tentei explicar que algumas coisas não se resumem a dinheiro, que um pai presente é muito mais importante e coisas assim, nas quais eu realmente acredito.

Eu devia, no entanto, ter respondido pro cara:
“Meu pai? Meu pai é rico, sim. Muito mais rico que você. Meu pai é tão rico, tão rico, que nem todo dinheiro que você ainda vai ganhar nessa vida pode comprar o que ele tem. Meu pai é muito rico, mas você, com essa sua visão de mundo medíocre, não é capaz de mensurar o valor das riquezas dele. Boa noite!”

Existe uma diferença muito grande entre riqueza e pobreza. E essa diferença é ainda maior quando estamos falando em riqueza e pobreza de espírito.


21 de agosto
- dia da habitação
- dia do folclore

20.8.06

Museu da Língua Portuguesa

Já fazia tempo que eu morria de vontade de visitar o Museu da Língua Portuguesa, então aproveitei minhas férias, o curso que tinha em São Paulo, e fui pra Estação da Luz.


Ao contrário do que podem imaginar ao mais desavisados quando falamos em um museu da língua portuguesa, o lugar não é cheio de livros velhos e bustos de escritores consagrados. Na verdade, o museu é demais! Eu fiquei apaixonada.

Para começar, o próprio prédio da Estação da Luz já é maravilhoso. O museu em si é dividido em três andares: o primeiro com uma exposição que muda sempre, o segundo traz a história da língua, influências e um jogo de montar palavras, e o terceiro com um filme e uma apresentação fantásticas de textos.

Quando eu fui (dia 11 de julho), o primeiro andar tinha uma exposição de “Grande sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa. Iluminado e com um clima de sertão mesmo, o ambiente do primeiro andar do museu estava extremamente envolvente. Páginas do livro datilografadas em pedaços de pano, como bandeiras, revisadas pelo próprio autor, penduradas em varais e presas lá em cima, perto do teto, por saquinhos de areia que desciam e ficavam na altura da minha cabeça. Dava pra puxar essas bandeiras do livro pra baixo, para ler, e aí os saquinhos de areia iam pra cima enquanto eu segurasse a bandeira lá embaixo.

Ainda neste clima árido, vi algumas frases escritas em tijolos, frases ao contrário em barris de água que só podiam ser lidas com a ajuda de um espelho e montes de “entulho” com tinta que se transformavam em textos quando eu olhava de cima de umas escadinhas localizadas nos cantos do salão do primeiro andar. Também tinha umas frases escritas nas paredes, mas dava pra ler porque faltavam algumas letras, e outras frases escritas em painéis de acrílico, que também não dava pra ler porque faltavam várias letras, e, entre as demais coisas expostas, uma argolinha presa num apoio através da qual eu devia olhar para que a frase do painel de acrílico se sobrepusesse à frase da parede de modo que elas se completavam.

Fiquei impressionada com a quantidade de crianças ali. Todas interagindo com a exposição.

Fui então para o segundo andar, que é escuro e tem um clima todo tecnológico. A primeira coisa que vemos quando entramos neste ambiente é uma tela gigante, que ocupa uma parece inteira do lugar. Ali vemos temas totalmente ligados a nós, como carnaval, futebol e danças, com um texto que liga tudo á nossa língua.

No meio do salão do segundo andar, alguns pilares contam a história das influências que a língua vem sofrendo no Brasil, desde os índios até os orientais, em ordem cronológica.

Na parede do fundo desta sala, temos uma “árvore genealógica” das línguas.

Ao longo de uma das paredes laterais, vemos a história da língua, desde muito antigamente até hoje, com destaque especial para o século 20 e os primeiro anos do nosso século atual, passando pelas propagandas, rádio, TV e pelas linguagens regionais até chegar na linguagem da internet. Tudo pequenos “dicionários” que “traduzem” a língua falada para a dita “culta”, o que é muito interessante, especialmente para quem tinha acabado de ler “Preconceito Lingüístico” do Marcos Bagno. Vale a pena ler o livro, conferir a seriedade com que são tratadas as diversas formas que temos de falar a mesma língua no Museu da Língua e pensar um pouquinho, rever nossa postura!

Ainda neste andar, temos um jogo formado por uma mesa que parece uma tela de computador. Nesta mesa, ficam “andando” pra lá e pra cá sílabas soltas. Ao passar a mão por cima da mesa a uma distância de uns 10 cm, o contorno do nosso braço e seus movimentos são reproduzidos na superfície da mesa e empurram as sílabas. Dessa forma, podemos formar palavras. Assim que formada uma palavra, o jogo explica seu significado e começa tudo de novo. O que mais me impressionou neste jogo foi a quantidade de crianças participando. (Aliás, não só do jogo, mas do museu todo. Algumas, inclusive, ainda não era alfabetizadas, mas pediam para as mães ler e explicar as coisas interessantes que viam). Eram muitas crianças brincando de formar palavras e a rapidez com que jogavam e formavam as palavras era impressionante.

No terceiro andar, temos a Praça da Língua e o Beco das Palavras, um espaço maravilhoso, onde podemos ler nas paredes textos lindos, intrigantes, famosos... Assistimos a um filme que fala sobre a língua e, em seguida, vamos a um lugar especial, onde ouvimos leituras deliciosas e somos presenteados com um show de lasers. Este último não dá pra explicar. Tem que ver pra sentir.

Eu recomendo com toda certeza o Museu da Língua Portuguesa. Basta pegar o metrô e descer na Estação da Luz. Eu paguei R$ 4,00 para entrar. Estudantes e pessoas com mais de 60 anos devem pagar menos.


20 de agosto
- dia do vizinho
- dia do maçom



31.7.06

“Eu voltei, voltei para ficar. Porque aqui, aqui é meu lugar.”

Depois de 20 dias de férias do trabalho e de um número tão grande de dias sumida daqui do Dois Cantos que dá até vergonha de falar, estou de volta, com todo gás!

As férias foram excelentes. Conheci muita coisa nova, de lugares a teorias. Muita coisa que vale a pena dividir, divulgar, o que com certeza farei aqui. Coisas sobre as quais devemos conversar, trocar idéia, e eu espero fazer isso mesmo!

Por enquanto, fica a minha programação de férias, de onde tirarei vários textos.


Férias:

São Paulo – 10 a 15 de julho de 2006
Motivo: Curso “Redação Publicitária: as palavras e o mundo em um anúncio”
Companhia: Nando e Vanessa
Onde fiquei: Casa da Valéria

Dia 10: Chegada em São Paulo / 1º dia de Curso
Dia 11: Museu da Língua Portuguesa – Estação da Luz
Dia 12: Memorial da América Latina, onde acontecia a 8a Bienal de Design Gráfico
Dia 13: Tentativa de ir ao Masp, onde acontecia uma exposição de Degas, mas não entramos porque estava R$ 15,00 e só a parte da exposição estava funcionando.
Dia 14: 25 de Março, Mercado Municipal com direito ao lanche de mortadela e restaurante Rodízio Mexicano
Dia 15: Volta pra casa – já em Limeira, restaurante Beduíno e Arguile.

Curitiba – 24 a 28 de julho de 2006
Motivo: Passeio!
Companhia: minha mãe
Onde fiquei: Hotel Lancaster

Dia 24: Meu primeiro vôo. Chegada e centro histórico de Curitiba, com ruínas de São Francisco de Paula, Relógio das Flores, Catedral de Curitiba, Rua das Flores e, à noite, rodízio de fondue.
Dia 25: Jardim Botânico, Ópera de Arame e Parque Tanguá. Jantar vegetariano no Fábio.
Dia 26: Torre panorâmica, museu ferroviário, museu do perfume, museu da farmácia, Shopping Estação (com uma estrutura ma-ra-vi-lho-as, que aproveita a estrutura da estação ferroviária de Curitiba) e jantar num restaurante Polonês.
Dia 27: Parque João Paulo II, Parque Ucraniano, Santa Felicidade, Rua 24 horas, Shopping Curitiba.
Dia 28: Shopping Estação (para últimos presentes) e meu primeiro vôo de volta!



31 de julho:
- ESSE É PRA COMEMORAR – dia do orgasmo

14.6.06

Desabafo

Acho que finalmente descobri o que me motiva a escrever assim, sem compromisso, sem assunto pautado. É a sensação de completa incompreensão, de solidão no mundo, de estar nadando contra a corrente.
Porque, afinal de contas, como eu já ouvi algumas vezes, escrever é fácil. Qualquer um escreve. Difícil é ter educação e não soltar um “então vai pra puta que te pariu!”.
Porque é fácil fazer trocadilhos idiotas dentro de um mesmo grupo de palavras. Difícil é não enjoar desse tipo de coisa.
Não, eu não sou a sapiência em pessoa. Muito menos uma detentora dos talentos de Machado de Assis. E como eu queria ter um pouquinho só daquele humor satírico e refinado! Mas não. Tenho essa braveza grossa e esculachada, que precisa de um “foda-se, então”.
Na verdade, o próprio fato de ser motivada por esse sentimentozinho baixo já é uma prova da minha ignorância. Eu reconheço.
Mas agora que já descobri essa falha no meu posicionamento (linguagem publicitária – sim, sou uma contaminada!) vou revê-lo. É, porque por mais idiota que eu possa parecer, eu acho que estamos sempre mudando, e acho importante estarmos sempre dispostos a melhorar. E pelo menos isso eu procuro seguir. Talvez seja essa minha única qualidade (que, aproveitando a hora de reconhecimento dos erros, reconheço que não é tão utilizada quanto deveria ser). Ou talvez seja um defeito. Há quem veja isso como insegurança (sim, já ouvi isso também).
Não me importo mais. Pelo menos não neste momento. E quem sabe eu não me importe mais com isso a partir de agora, com essa nova visão do meu eu!
Enquanto isso, uma trilha sonora escrita (hahaha! Como eu sou engraçada!) que combina bem com este momento de introspecção!


Olha lá, quem vem do lado oposto e vem sem gosto de viver.Olha lá, que os bravos são escravos sãos e salvos de sofrer.Olha lá quem acha que perder é ser menor na vida. Olha lá quem sempre quer vitória e perde a glória de chorar.Eu que já não quero mais ser um vencedor,levo a vida devagar pra não faltar amor.Olha você e diz que não vive a esconder o coração.
Não faz isso, amigo. Já se sabe que você só procura abrigo, mas não deixa ninguém ver. Por que será?

(O Vencedor – Los Hermanos)


14 de junho
- dia do solista

9.5.06

Super-heróis

Desde que assisti Kill Bill vol.2 procuro este texto. É uma parte de uma conversa entre Beatrix, a Noiva, e Bill. Na verdade, tudo isso quem fala é o Bill e, pelo que sei, é uma visão do próprio Tarantino. Eu achei interessantíssimo.

Como sabe, sou amante das revistas em quadrinho, especialmente das que falam sobre os Super-heróis.

Procuro encontrar toda a Mitologia a respeito dos gibis, que é fascinante.

Vamos pegar o meu super-herói favorito: Superman.

Não é um gibi excepcional, não está tão bem desenhado. Mas a mitologia, não é só maravilhosa, mas sim é a única.

O que eu quero dizer é que o típico de uma história de mitologia, é que por um lado está o super-herói, e por outro está o seu alter-ego.

Batman na realidade é Bruce Wayne, Spiderman é na realidade Peter Parker. Quando esse personagem se acorda pela manhã, é Peter Parker. Tem que ficar num traje para se transformar no Spiderman.

E nessa característica é que o Superman, não tem semelhante.

Superman não se transformou no Superman. Nasceu sendo Superman. Quando selevanta pela manhã, é Superman.

Seu alter-ego, é Clark Kent. Esse traje, com o S em vermelho, essa era a colcha na qual o bebê estava enrolado quando o Kent foi encontrado.

Essa é a sua roupa. O que usa Kent, os óculos, o traje de negócios... esse é o seu disfarce. Esse é o traje que o Superman utiliza para se misturar a nós.

Clark Kent é como Superman nos caracteriza. E quais são as características do Clark Kent? É débil, inseguro... é um covarde.

Clark Kent, é a crítica que o Superman faz para toda a raça humana.

(Kill Bill vol.2)

9 de maio:

- dia da Europa

2.5.06

O novo mesmo

Aqui de novo. Começando de novo.
Tudo bem, hoje é terça com cara de segunda, vale começar tudo de novo.
Cada proposição, cada desejo, cada “novo eu”. Tudo é válido no nosso pequeno réveillon semanal. Mudar, inovar, inventar, continuar o mesmo.
Novas opiniões, velhos dilemas. Novos ídolos, velhas músicas. Nova máscara, a velha personalidade. Novas palavras, a mesma falta de assunto.
E assim vou caminhando.


2 de maio:
- (1519) Morre Leonardo Da Vinci, artista renascentista italiano.

4.4.06

Humana

Depois de uma eternidade, ressurjo das cinzas.
Ouvi uma música ontem da banda Luxúria, que tem aparecido na mídia agora. Eu não entendo muito de música. Gosto de ouvir, mas só. Não tenho nada que me permita esboçar uma crítica (positiva ou negativa) a não ser o meu gosto. E isso não é autoridade nenhuma.
Mas uma coisa fundamental para que eu goste da música é sua letra. É claro que acontece de eu gostar de algumas músicas cujas letras eu não faço idéia do que falam, mas, normalmente, passo a gostar mais ou menos de uma música a partir de sua letra. Mesmo que seja uma frase. E essa música que eu ouvi ontem tem uma frase que eu achei excelente. “O meu ódio é um veneno que eu tomo querendo que o outro morra”. Ela na verdade é um belo resumo daqueles conselhos que nossa mãe dá quando a gente está com raiva de alguém. Aquela raiva que deixa a gente mal, triste ou cego. Aí vem a mãe e fala. “Não pensa assim. Você fica aí amargando essas coisas e isso faz mais mal pra você que pra ele.” E é verdade. Mas talvez eu estivesse precisando ouvir alguma coisa assim.
Na verdade a frase vale pra qualquer um daqueles sentimentos baixos, vis, mesquinhos, mas perfeitamente humanos. Ódio, inveja, ciúmes, raiva... Sentimentos que, em alta dosagem, envenenam a pessoa aos poucos, condenando a gente ao isolamento, à solidão, à amargura. Sentimentos que ninguém quer admitir que tem, que são feios. Sentimentos que, na verdade, temperam a vida, e que eu, humana que sou, ainda não consegui extinguir de mim. Às vezes consigo driblar, outras vezes um deles quase consegue me dar uma overdose. Mas assim sou eu, e assim vou eu, sempre tentando crescer, sempre tentando melhorar. Quem sabe um dia eu não consigo exterminar um desses sentimentos e acabo conseguindo o céu?



4 de abril:
- dia nacional do Parkinsoniano

15.3.06

Desabafo

Estou me sentindo meio idiota. Mas o engraçado é que estou me sentindo bem assim.
Andei ouvindo algumas pessoas tirarem um sarro da minha ingenuidade em relação ao mundo, à vida e a como as coisas são.
Não me sinto ingênua, mesmo depois de tanta risada. Na verdade, me sinto feliz de ser quem eu sou e acreditar nos meus princípios.
Não posso considerar a frase “mas todo mundo faz” como uma boa desculpa para fazer qualquer coisa que vá contra o que eu penso. Não acredito que “o mundo é assim mesmo, não há nada que a gente possa fazer”. Não aceito que a famosa Lei de Gerson valha mais que minha ética pessoal.
Sim, é verdade que o mundo não é exatamente como a gente sonhou, que as coisas não acontecem como a gente quer. Mas a gente pode fazer as coisas ficarem diferentes. Eu acredito no poder que o ser humano tem de mudar uma situação. Se não for assim, então o melhor a se fazer é sentar e esperar a morte.
Eu não escolhi minha profissão pelo status, meu namorado pelo dinheiro, meus amigos pelas vantagens. As vantagens são eles próprios, a companhia agradável. Talvez seja inocência minha pensar que as pessoas deveriam se assustar diante de atitudes como as que eu falei ali em cima. Elas não pensam. Elas não fazem questão. E talvez por isso mesmo achem que é assim que tem que ser, porque é sempre assim.
O mundo é assim? Pois bem, eu não sou. E pode rir da minha cara quem quiser. Eu não vou passar a minha vida me lamentando de um trabalho que eu odeio em troca de alguns dias numa ilha paradisíaca ou alguns móveis modernos para a minha casa. Eu não vou trocar o carinho que eu dou para quem eu amo, onde quer que eu esteja, por umas escapadas escondidas. Eu não vou negociar o que eu sinto por um cartão sem limites. Minha consciência não está à venda. E, na verdade, acho que as pessoas dispostas a fazer esse tipo de coisa têm apenas uma consciência diferente da minha. Uma consciência que eu, sinceramente, não quero para mim.
As coisas que eu quero não são palpáveis, não são tangíveis, mensuráveis. Talvez seja por isso que algumas pessoas não entendam.



15 de março
- dia da escola
- dia do consumidor

9.3.06

Só algumas opiniões

Essas são só algumas opiniões que eu tenho, sobre qualquer coisa que me veia à cabeça. Hoje o texto nem é um texto, são só opiniões mesmo. E muitas vezes, pura rabugice.

- Não importa o tempo que o namoro, o casamento, o relacionamento ou seja lá o que for já tenha. Ninguém merece alguém pela metade. Se você não gosta mais ou não gostam mais de você, se está junto só porque acostumou, por medo de ficar sozinho, largue. Termine. Seja sincero com você mesmo e com a outra pessoa.

- Cinemas deveriam ter censura para grupos de adolescentes. Sim, eu já fui adolescente, sou chata até hoje, mas sei me comportar quando encontro outros seres da minha espécie sem atrapalhas os demais.

- Os assuntos dietas, regimes e calorias de qualquer comida à mesa são do mais profundo mau gosto. Tudo bem que hoje a alimentação é mais uma questão de saúde do que de estética (pelo menos era pra ser), mas não à mesa, por favor!

- Não existe altruísmo. Não gosto das pessoas absolutamente boas. Não acredito nelas. Salvo raríssimas exceções (tipo Madre Teresa). Acho que as pessoas que vestem a pele de “boazinha” não são autênticas. Todo mundo tem alguém de quem não gosta, um mau dia, alguma coisa que as faça perder a paciência. Ou estão apenas atrás de suas indulgências.

- Quando eu saio, a música é importante, mas as pessoas que estão comigo são muito mais. Agora, digamos que a coisa seja realmente chata, assustadoramente insuportável. Se não der pra dar risada da situação, vou embora. Ficar enchendo o saco de quem está junto é o fim!

- Não saber não é vergonha. Perguntar também não é. Não perguntar é omissão.

- Essa é dois-em-um e, para mim, isso é uma questão de bom-senso: todo mundo que acaba com o papel higiênico deve colocar outro rolo no lugar e, pelo amor do santo Deus, depois que usar o bendito papel, dobre mais uma vez e coloque-o virado para baixo no lixo!

- O feminismo é tão burro quanto o machismo. Não existe um melhor e um pior. Existem pessoas diferentes, e isso não depende apenas do sexo. As mulheres não são todas iguais, assim como os homens também não o são.

É claro que minhas opiniões sobre o mundo não se limitam aqui. E é claro também que minhas opiniões podem mudar eventualmente. Essas são só as que eu lembrei agora.


9 de março:
- (1959) a boneca Barbie é apresentada ao mundo.

8.3.06

Ela

Eu gosto de olhar pra ela.
Gosto quando ela começa a mexer nos cabelos. Prende, solta, escova, passa a mão. É o cabelo mais bonito que eu já vi, mas ela não gosta. Às vezes ela acha que devia ser mais encaracolado, às vezes quer liso. Pra mim, sempre está bom.
Eu gosto quando ela fica me olhando depois de vestir uma roupa, esperando a aprovação. Eu sempre aprovo, sempre gosto, mas o que ela quer é a aprovação dela mesma. Aí não adianta o que eu mostre, ela enxerga o que ela quer. O bom disso é que sempre vai ficando melhor.
Eu adoro quando ela dança. E ela sempre dança olhando pra mim, fazendo pose, caras e bocas, como se soubesse que eu estou observando tudo.
Gosto de olhar a pele dela, que sempre me convida para tocá-la. Ela tem uma cor macia, sempre leve, lisa.
Gosto até de quando ela chora na minha frente. Claro que eu não quero que ela fique triste, mas é que, apesar de toda tristeza e de estar aos prantos, ela olha pra mim. E às vezes, quando me fita nessas horas, até muda de expressão.
Adoro o jeito dela. As roupas, o modo como ela se pinta ou a sua cara limpa, o jeito que ela mexe o cabelo de um lado para outro e o jeito que ela dá uma enroladinha rápida e enfia uma caneta nele pra prender. Adoro quando ela fica me encarando de perto. É irresistível. Adoro quando ela passa por mim e dá uma olhadinha, do mesmo jeito que os homens que passam por ela na rua sempre viram o pescoço pra trás pra dar uma olhadinha. O sorriso dela, às vezes moleca, às vezes safada. O olhar doce e convidativo. Tudo!
Quem é ela? Não importa.
Quem sou eu? o espelho.


8 de março
- dia internacional da mulher

7.3.06

Só de sacanagem

Meu coração está aos pulos!Quantas vezes minha esperança será posta à prova? Tudo isso que está aí no ar: malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro.

Do meu dinheiro, do nosso dinheiro, que reservamos duramente para educar os meninos mais pobres que nós. Para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais. Esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.

Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais? É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz. Mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.

Meu coração tá no escuro. A luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó E dos justos que os precederam: “Não roubarás”. “Devolva o lápis do coleguinha”. “Esse apontador não é seu, minha filha”.Pois bem, se mexeram comigo, Com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, Então agora eu vou sacanear:Mais honesta ainda vou ficar! Só de sacanagem!

Dirão: “Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo o mundo rouba”. E eu vou dizer: “Não importa. Será esse o meu carnaval. Vou confiar mais e outra vez.” Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos. Vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês.

Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau. Dirão: “É inútil, todo mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal”. E eu direi: “Não admito. Minha esperança é imortal”. E eu repito: “Ouviram? IMORTAL!”Sei que não dá para mudar o começo. Mas, se a gente quiser, vai dar para mudar o final!

(texto lido pela Ana Carolina, no CD Ana Carolina e Seu Jorge)


7 de março:
- (1999) Morre Stanley Kubrick, um dos maiores cineastas americanos.
- (1999) Morre Antônio Houaiss, diplomata e filólogo brasileiro.(Puta dia triste!)

6.3.06

Segunda-feira

Segunda-feira pesada. Sono profundo. Mas eu tenho que ficar acordada.
Os olhos secos, a boca experimentando aquele sabor de ressaca. Na cabeça, parece que as informações incharam. Não cabe mais nada.
O sol ameaçou sair, mas também choveu na hora do almoço e nas últimas duas horas se passaram só cinco minutos. A história da humanidade poderia ter sido contada hoje à tarde em tempo real, que eu ainda ia conseguir dar uma pausinha pra ir no banheiro.
As paredes parecem mais altas, a cadeira, mais dura.
Café.
Muito barulho, muito barulho. A cabeça dói uma dor desgraçada.
Mais café. O que significa mais dor de cabeça. Mas eu preciso dele, porque o sono ameaça tomar conta de mim. Ele é quase mais forte que eu, e eu tenho que agüentar mais algumas horinhas para vencer essa guerra. É o meu orgulho que está em jogo. Pelo menos agora. Mais tarde eu me entrego feliz ao sono.
As imagens são distorcidas e as cores, derretidas. A Terra ficou maior e o Sol parece não conseguir dar a volta nela como fazia antes. Como fez ontem, tão rápido.
Hoje é segunda.


6 de março:
- (1475) nasce Michelangelo.

22.2.06

Perdi as Asas

Sonhei que estava caindo.
O frio na barriga ia se transformando na sensação de vazio e, aos poucos, aquela situação começava a parecer estranha. Não era possível cair por tanto tempo. Mas em vez de isso me tranqüilizar, eu comecei a ficar aterrorizada. E a sensação de vazio ia aos poucos sendo ocupada por milhares de pensamentos confusos, como se eles também estivessem em queda na minha mente, embaralhados, sem nenhuma ordem lógica.
A possibilidade de tudo ser um sonho passou pela cabeça, mas a despedida de pessoas queridas também. E a idéia de que uma piscina gigante esperava por mim no fim da queda infinita chegou a me animar. Eu até me vi de maiô. Mas logo tudo parecia escuro e cinza e eu concluí que aquele não era um dia bom para nadar. Então o nervoso tomou conta de mim novamente. E o mais estranho de tudo é que a queda era leve. Eu não me debatia, eu quase não me mexia. Só caía. Foi aí que a idéia de que aquilo era mesmo um sonho chegou novamente. Forte. Quase como uma certeza. E tudo que eu pensava era “quero acordar”, “vou acordar assustada”.
Nada de aproveitar o momento e realizar o grande sonho da humanidade, se é que se pode realizar um sonho num sonho: voar. Mesmo que em sonho, em nenhum momento parei de cair e comecei a flutuar. Não sei se porque isso já está intrínseco em minha mente (o fato de que não podemos efetivamente voar) ou porque eu sou desligada demais, até em sonho, e nem lembrei que naquela hora eu poderia até convidar Santos Dumont lá do além para dar um passeio nas alturas, sem nenhuma máquina dando sustentação. Vai saber o que se passa na nossa cabeça enquanto sonhamos.
E depois de acordada, pensando nisso tudo, eu acabei lembrando que eu já ouvi várias pessoas dizerem que já sonharam estar voando, mas comigo isso nunca aconteceu. Não me lembro de ter sonhado que estava voando. Claro que pode ser que eu já tenha sonhado e quando acordei e tentei lembrar do sonho veio aquela imagem preta, profunda, que vem sempre que a gente não lembra o que sonhou. Não importa.
Hoje percebi que não tenho assas. Nem mesmo em sonho. Talvez para a Poliana isso seja bom para eu finalmente deixar de ser avoada. (Nossa, que trocadilho fabuloso! Digno de qualquer medíocre que acha que escreve alguma coisa.). Um verdadeiro sinal de que as coisas não caem (!) no nosso colo. Para mim, isso é triste. Perdi as asas que achava que tinha. Que achava que iam se abrir quando eu estivesse no topo de um penhasco, observando o mundo e sentindo o gosto de ser do mundo.
Mas eu sou teimosa. Perdi as asas, mas ainda tenho o sonho. E se me tirarem o sonho, eu arrumo outra coisa.


23 de fevereiro
- (1989) É criado o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama).
- (2004) Vai ao ar o último episódio do seriado Sex and The City.

27.1.06

As doze badaladas

É, fada madrinha. A meia noite chegou cedo pra mim. E justo eu, que não vivo sem relógio, dessa vez não olhei as horas e não percebi. Minha roupa virou farrapos bem na hora em que eu ia entrar no salão e as rodas de conversa simplesmente ignoraram minha maltrapilha existência.
E sabe, fada madrinha, enquanto eu me arrumava e você me ajudava, eu tinha certeza que tudo daria certo. Não tinha por que dar errado. Estava tudo tão caprichado, eu sabia exatamente como me comportar, o que falar, até mesmo como sorrir. Você tinha dado um jeito nos meus ímpetos respondões e eu me sentia preparada pra tudo. Eu ia ganhar o mundo.
Mas aí eu entrei no salão e notei que todos em coro me ignoravam. Deixaram que eu ficasse vagando, perdida, entre cadeiras e pilares, encantada com tudo, sonhando que, por estar lá, talvez pudesse ser um deles.
E assim eu fui Cinderela. Durante todo o caminho até chegar ao salão. Só. E, como quando eu cheguei minhas roupas já eram farrapos, não tive nem a chance de deixar um sapatinho de cristal para alguém me seguir e me resgatar.


27 de janeiro (1756)
- Nasce em Salzburg, na Áustria, o músico Wolfgang Amadeus Mozart. Aliás, este ano é o ano de Mozart.

24.1.06

Todo dia

Todo dia tem o porteiro dando bom dia. Todo dia tem o senhor na frente do mercadinho da rua de baixo parado na porta, de óculos, de pé, olhando as pessoas que passam na rua. Todo dia tem as meninas da recepção sorrindo, e as pessoas com cara de sono, e a moça limpando a máquina de café. Tem a hora do almoço e a mulher simpática da padaria que me chama pelo nome. Tem a menina na janela do primeiro andar que grita um oi pra mim quando eu entro no prédio.
Todo dia tem café e mais café à tarde, e tem o apartamento estranho no último andar do prédio da frente do trabalho. Tem o fone de ouvido e alguma banda bacana. Todo dia tem um texto pra fazer que chega de última hora, e um outro pra revisar o mais rápido possível. Tem uma idéia estranha e outra que demora pra chegar. Tem a hora da fome e a procura incessante pela caneta azul com uma etiqueta com o meu nome. Todo dia tem a sirene da empresa ao lado tocando às 18h. Todo dia tem o caminho de volta pra casa e o senhor com a cachorrinha de lacinho passeando na entrada do prédio. Tem a criança brincando na sacada do primeiro andar do prédio da frente e o cachorro gordo andando, grudado na grade da cobertura do mesmo prédio da frente. Tem as TVs ligadas e algumas mulheres na esquina. Todo dia tem umas páginas de um livro. Todo dia tem meu travesseiro. Todo dia tem meus sonhos.


24 de janeiro
- dia da previdência social
- dia da constituição

23.1.06

25

Eles chegaram. Antes que eu imaginava. E sem que eu me desse conta, instalou-se em mim um sentimento contraditório em relação a minha idade. Em cinco anos estarei nos 30. Nunca antes me vi com 30 anos. Nem me vejo agora!
É engraçado isso, essa sensação de que se é velho pra algumas coisas e ainda muito novo pra outras tantas. A última vez que senti isso foi quando eu tinha uns 12 anos, acho. Eu ainda tinha vontade de brincar, mas, sem saber o porquê, às vezes aquilo parecia meio ridículo.
Será que quando eu estiver mais velho e meus filhos já forem grandes vai acontecer a mesma coisa? A mesma sensação? Acho que sim. Vejo meus pais, por exemplo. Eles babam por uma criança. Minha mãe às vezes até fala de um neto. Mas ao mesmo tempo, nenhum deles “está pronto” para ser avô.
Como é difícil passar pelas “etapas” da vida! E é engraçado como a transição dessas etapas é marcada socialmente. A gente é cobrado por isso. Quando você termina o colegial, tem que entrar na faculdade. As perguntas sobre namorado/a que vinham sendo feitas desde os 15 ou 16 anos, mais ou menos, dão lugar à curiosidade sobre sua vida profissional, todo o seu potencial e as previsões sobre o seu brilhante futuro. “Qual faculdade você vai fazer?” - essa é a perguntar-base para qualquer conversa com alguém com seus 18 anos. E tem gente que não sabe nem mesmo continuar o assunto se o fulano nos seus 18 anos não estiver pensando em faculdade. Depois de resolvida a situação da faculdade, satisfeitos todos os desejos de todo mundo sobre o seu futuro, as perguntas sobre namorado voltam. Para as meninas é assim. Para os meninos, nem sempre. Claro que todo mundo fala da curtição da faculdade, mas no fundo, no fundo, ninguém tá mesmo afim de ouvir as loucuras do mundo universitário. Ninguém quer ver que o tempo passou pra si mesmo e que agora não tem mais a chance de fazer as loucuras que o cara da faculdade faz. Então volta o assunto namorado/a. Depois de algum tempo que você está namorando e, obviamente, já acabou a faculdade, começam as perguntas sobre casamento. É, porque ninguém é louco de tocar nesse assunto enquanto você ainda está na faculdade. Principalmente com os meninos, porque eles, sim, devem aproveitar a vida (como se aproveitar a vida se resumisse em baladas e orgias de solteiros, e como se fosse verdade que essas orgias deixam de habitar o imaginário masculino mais velho para se realizar no incrível período universitário!). De qualquer forma, as perguntas sobre casamento chegam para todos. É inevitável. E depois das perguntas sobre casamento, ou até mesmo junto com elas, vêm as perguntas sobre filhos. Porque parece que ninguém consegue conceber a idéia de que um casal pode ser feliz sem um filho. E aí as perguntas sobre você dão uma trégua e entram as perguntas sobre o seu filho. Ele já está andando? Já está falando? Sabe ler? Você deixa ele ir no clube sozinho? E assim é a vida. Uma sucessiva bateria de pergunta e respostas.
É, meus 25 chegaram. Estou perto dos 30 tanto quanto estou perto dos 20. Ando respondendo as perguntas que me fazem com um sorriso. Isso é o suficiente que as pessoas precisam saber de mim, da minha vida. Meus desejos, meus sonhos e minhas angustias são meio confusos dentro de mim, como foram antes, como vão continuar sendo e como, aposto, são pra todo mundo. E, na verdade, eu gosto disso. Eu gosto do frio na barriga que me dá antes de conhecer coisas novas, eu gosto da improvisação, eu gosto de ter opções nas mãos e poder escolher, mesmo que tudo isso me custo alguns tropeços. Eu gosto dos meus 25 anos.


22 de janeiro
- aniversário do Kiko (25 anos)

17.1.06

Meu mundo

Sou apaixonada pelo mundo. Sempre fui.
Acho o máximo saber que enquanto eu vejo o sol, milhares de outras pessoas vêem a lua. Amo tantas línguas e tantos jeitos diferentes de falar qualquer coisa. E os lugares todos desse mundo? Lugares que o homem ainda nem viu. Lugares que todo mundo vê e que, quando você está lá, se sente num filme. Lugares que o homem construiu e outros que ele nem imagina como foram feitos. Adoro as histórias contidas em cada pedacinho deste planeta, mesmo sem conhecer nenhuma delas. O silêncio e o barulho de cada cenário. Os personagens anônimos que compõem cada quadro da vida no mundo.
Quero passar por todos esses lugares. Com chuva ou com sol. Falando ou fazendo mímica pra tentar me fazer entender. Quero gritar do alto da Torre Eiffel, sussurrar dentro de algum castelo medieval, chorar de emoção em Machu Pichu, arregalar os olhos diante das pirâmides, beijar o Kiko numa gôndola em Veneza. Eu quero fazer guerrinha de bola de neve em algum ligar frio. Eu quero comer uma coisa que eu nem sei o que é, mas é a comida típica de algum lugar. Eu quero ligar pra minha mãe e dizer “mãe, você nem imagina onde eu estou”. Eu quero ver os Moais da Ilha de Páscoa e as tulipas da Holanda. Correr pelas praças da Itália. Chegar um pouco mais perto de Deus na Basílica de São Pedro e ser mais pagã em Stonehenge. Tocar a muralha da China. Abrir os braços sob o Cristo Redentor. Ficar maravilhada com o Taj Mahal. Mergulhar no Pacífico em alguma praia do Japão. Aprender a surfar na Austrália.
Eu quero asas, que já tenho em minha mente. Porque eu tenho certeza que tudo isso me espera. Porque eu sei que preciso fazer tudo isso. Porque eu sou do mundo, e o mundo é meu.


17 de janeiro (1929)
- O marinheiro Popeye aparece pela primeira vez em tiras de quadrinhos. O personagem era criação de E.C. Segar.

16.1.06

Eis no que acredito

"Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa: “Navegar é preciso; viver não é preciso.”
Quero para mim o espírito desta frase, transformada a forma para a casar com o que sou: Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
Não conto gozar a minha vida; nem gozá-la penso. Só quero torná-la grande, ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a minha alma a lenha desse fogo.
Só quero torná-la de toda a humanidade; ainda que para isso tenha de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso. Cada vez mais ponho na essência anímica do meu sangue o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir para a evolução da humanidade.
É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça."


Fernando Pessoa
16 de janeiro (1957)
- Inaugurada a casa noturna The Cavern Club, em Liverpool, na Inglaterra. Foi neste pub que os Beatles iniciaram sua carreira artística.

13.1.06

Na padaria

- Moça, quanto custa esse pão doce?
- 52 centavos
- Hum... eu tenho 50 só. Você não deixa ele por 50 pra mim? Eu sempre compro aqui, estudo aqui do lado.
- Não posso. É 52. vai levar?
- Ah, não, obrigada! E esse outro pãozinho? Quanto custa?
- Esse é 48 centavos.
- Então eu quero esse. Olha a moeda.
- Ah... o troco pode ser bala?

(O pior é que isso realmente aconteceu comigo quando eu fazia cursinho!)


13 de janeiro (1989)
- O Sexta-Feira 13, primeiro vírus mundial, inicia seu ataque em computadores na Inglaterra.

9.1.06

Coisa de criança

Coisa de criança é brincar. É ter os olhos brilhando por ver bexigas coloridas ou encontrar pessoas queridas. Coisa de criança é ver graça em coisas simples e dar risada quando as coisas não saem como o esperado. É cair, dar uma olhadinha em volta, levantar e continuar a andar. Coisa de criança é contar estrela numa noite bonita e aproveitar todos os minutos de um dia de sol, mesmo que seja no quintal de casa.
Coisa de criança é ver nas outras crianças incríveis possibilidades de amizade, sem hierarquia e sem que qualquer diferença seja um empecilho. É ser sincero ao correr pros braços que são seu porto-seguro, sem que isso seja um sinal de fraqueza, mas um delicioso gesto de confiança. É não se envergonhar de não saber tudo e estar sempre pronto para aprender. É ter a curiosidade ativada sempre, para tudo, porque tudo é interessante sob algum ponto de vista.
Coisa de criança é colocar uma roupa confortável e se deliciar com um sorvete. É andar descalço e sentar no chão. É chupar o caroço da manga até ficar todo lambuzado e se divertir com isso.
Coisa de criança é simples. Coisa de adulto é que não dá pra entender.


9 de janeiro
- dia do fico
- dia do astronauta

6.1.06

Ano Novo

Ano novo, vida nova! Que bordão!
Mas a verdade é que nada é mais renovador para nosso espírito, nossa vontade de mudança e até mesmo para nossos regimes que o ano novo. Nenhuma segunda-feira no ano é tão inspiradora para começarmos a fazer qualquer coisa do que um começo de ano.
É social! O champanhe que empurra a rolha e se espalha pela garrafa lava todas as desilusões do ano que acabou, as promessas não cumpridas, os erros, os desentendimentos e inaugura a nova chance de fazermos tudo de novo, ou tudo diferente.
É impossível ficar indiferente a tudo isso. E eu nem quero! Minha lista de proposições para este ano está feita (desde o dia 31 de dezembro) e muitas coisas dela já estão em prática.
Bom ano pra todo mundo que acompanha o Dois Cantos. Espero não decepcionar ninguém este ano, nem ter que trocar de endereço novamente!


6 de janeiro
- dia de reis
- dia da gratidão